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E se os hospitais produzissem os remédios?

22 de Fevereiro de 2018, 15:30 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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Cansados da escassez de medicamentos e dos preços elevados, mais de 300 hospitais nos Estados
Unidos decidiram unir-se para criar uma empresa farmacêutica sem fins lucrativos.

Enquanto várias empresas do sector estão a ser investigadas nos Estados Unidos e na União Europeia por tentativas de manipulação do mercado genérico dos medicamentos, uma rede de hospitais nos Estados Unidos anunciou um plano simples quanto aparentemente eficaz: criar uma empresa farmacêutica sem fins lucrativos para a produção de medicamentos genéricos, com o objectivo de combater sobretudo os altos preços impostos pela indústria.

Além da poupança imediata, esta acção tem outro aspecto positivo: exercer pressão sobre algumas empresas que se dedicam à compra de medicamentos de baixo custo e que depois aumentam drasticamente os preços. Durante a última década, várias empresas adquiriram os direitos de medicamentos antigos, que têm um custo baixo: depois aumentaram drasticamente os preços, sobretudo no caso de medicamentos para os quais não há quase concorrência ao nível de produção, como no caso das injeções de epinefrina. O preço de venda ao público deste medicamento aumentou cinco vezes em apenas 9 anos. Mas há casos bem piores: o exemplo mais notório é aquele de Martin Shkreli, o ex-gestor de fundos hedge que em 2015 aumentou o preço do medicamento Daraprim desde 13,50 Dólares para 750 Dólares cada comprimido.

Acriação de uma empresa sem fins lucrativos para a produção de medicamentos genéricos é uma ideia muito interessante e promissora: uma reação lógica de um consumidor, como é um hospital, diante de uma escalada de preços e da escassez não natural mas criada e imposta por algumas empresas farmacêuticas, com o objectivo de manter elevados os preços.

Se os medicamentos genéricos nasceram como remédio para combater o preços elevados, é verdade também que os produtores de tais fármacos demasiadas vezes constituem cartéis para acordar os preços de revenda. Um problema que nos Estados Unidos explodiu definitivamente em Outubro do ano passado, quando os procuradores-gerais de 45 Estados dos EUA apresentaram um documento acusando 18 empresas de chegar a acordos para dividir o mercado dos genéricos e corrigir, antecipadamente, os preços de 15 medicamentos diferentes.

E no Velho Continente as coisas não estão melhores: várias empresas farmacêuticas estão a ser investigadas com a acusação de "práticas abusivas", incluindo o "recusar-se a fornecer certos medicamentos e aplicar preços excessivos". É o caso da Aspen Pharma, que já em 2016 tinha sido alvo duma multa de cinco milhões de Euros por parte das autoridades italianas. Problema: uma multa de cinco milhões para uma empresa cujos lucros no mesmo ano chegam aos 300 milhões...

A rede de hospitais americanos é composta por quatro grupos: Intermountain Health, Ascension e os sistemas de saúde católicos, Trinity Health e SSM Healthest. Podem contar com o apoio da Veterans Health Administration (VHA), o sistema de saúde para veteranos do Exército dos Estados Unidos.

No entanto, a ideia destas instituições também recebeu algumas críticas: é o caso do especialista em mercado de produtos farmacêuticos, Derek Lowe, que num artigo publicado na revista Science frisa os problemas de regulamentação que esta nova empresa pode enfrentar: "Se essa empresa começar a produzir medicamentos genéricos, terá que pedir a autorização à FDA.

E, de facto, é assim: tudo passa pelo "funil" da Food and Drgus Administration (FDA), o ente governamental que supervisiona o mercado dos medicamentos nos Estados Unidos. E empresas na fila à espera duma autorização não faltam. A FDA já anunciou a intenção de simplificar os procedimentos para todas as empresas que estão a desenvolver projectos para aliviar a escassez de medicamentos genéricos. A lobby de Big Pharma permitirá?


Ipse dixit.

Fontes: The New York Times, Wikipedia, Science: Hospitals making drugs?, Pressenza 

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/_PCHjn0OOKQ/e-se-os-hospitais-produzissem-os.html