Ir para o conteúdo

Max

Voltar a Blog
Tela cheia

Economia: esperando a mini-retoma

9 de Janeiro de 2016, 11:22 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
Visualizado 24 vezes
Ano calmo, como foi dito há alguns dias, com até uma possível leve retoma.
Por enquanto, todavia, os sinais não são nada simpáticos.

Comecemos com o Baltic Dry Index, índice muito importante para medir o pulso do comércio.

Lembramos: o Baltic Dry Index (BDI) é um indicador relativo aos navios de carga que transportam materiais tais como carvão, ferro, trigo, etc., e evidencia o dinamismo dos mercados mundiais e também a "força" da oferta e da procura. Resumindo, bem indica qual a tendência da economia

E como está o Baltic Dry Index? Não está nada bem.

Fonte: Bloomberg


É normal uma queda logo após a passagem do ano, mas o mínimo costuma apresentar-se em Fevereiro: agora estamos em Janeiro e já alcançamos o ponto mais baixo dos últimos 5 anos.

Fonte: Bloomberg
Gráfico feio, não é?
Bom, vamos esquecer o BDY e vamos espreitar outro indicador: a velocidade da moeda.

A velocidade da moeda (também chamada de velocidade de circulação da moeda) é a frequência média com a qual o dinheiro é gasto num período específico de tempo. A velocidade é importante porque tem relação com o nível de actividade económica. Resumindo: mais a velocidade é baixa, mais a economia real está a "dormir". 

Eis a Velocity of M2 Money Stock, a velocidade do Dólar tanto para simplificar, relativa aos últimos 12 meses:

Fonte: FED de St. Louis

"Tá bom", pode pensar o Leitor, "caiu um pouco no último ano, são coisas que acontecem...".
E não, não é bem assim. Este é o gráfico dos últimos 40 anos:
Fonte: FED of St. Louis
Não é um bom sinal. A razão?
A razão é simples: não é a quantidade de dinheiro existente que importa mas a velocidade com a qual ele circula.

Imaginemos um País nos cujos cofres estão parados 100 Dólares.
E agora imaginemos outro País, onde nos cofres há apenas 10 Dólares enquanto os restantes 90 circulam entre cidadãos, empresas, lojas...
Qual dos dois Países é o mais rico? O segundo, como é óbvio. O dinheiro em circulação põe em movimento a economia, enquanto o dinheiro parado nada faz: é só papel.

O problema da economia nesta altura parece ser este: o dinheiro circula com uma velocidade que é a mais baixa dos últimos 40 anos.
Mau. 

Mas afinal: o que interessam BID e Velocidade do Dólar? O que faz mexer o mundo é o petróleo!
E aqui temos o Nymex (New York Mercantile Exchange), o maior mercado mundial não-virtual que negoceia os futures das commodities (como o petróleo). E como está o Nymex do petróleo?

Fonte: Market Watch

Está mal.
Todavia, dos três indicadores aqui apresentados, este é o menos relevante porque ligado aos acontecimentos do Oriente Médio e à política de preço baixo definida pela Arábia Saudita. Este gráfico tem apenas um dom: considerado o preço particularmente baixo do petróleo, produção, transporte e venda deveriam voar. Mas não, os dois gráficos anteriores mostram que assim não é.
Então algo não bate certo.

Pegamos no Baltic Dry Index. Sobretudo este preocupa: como afirmado, um valor tão baixo do petróleo torna a produção de bens e o seu transporte muito mais conveniente, com uma maior margem de lucro. Até os preços dos mesmos bens podem descer em alguns casos. Portanto: mais vendas e uma maior circulação do dinheiro.
Mas não.

Há quem veja em tudo isso o pressagio duma futura crise. Pessoalmente não concordo: já estamos em crise porque o sistema já deu o que tinha para dar. A crise de 2007 continua, não foi uma crise pontual mas sistémica, da qual ainda não conseguimos livrar-nos. O joguinho partiu-se.
Há remédio? Há. Porque o Capitalismo é um bicho de sete cabeças: duro a morrer.

Uma vez completada a transferência de poderes para os novos mercados (China em primeiro lugar), o Capitalismo encontrará novos mercados, novo oxigénio, e conseguirá sobreviver ainda ao longo duns tempinhos.

Quantos "tempinhos"? Difícil fazer previsões. Há quem diga uns 50 anos, há quem diga menos. Eu começo a pensar que será até um bocado mais do que isso, porque o Capitalismo tem uma formidável capacidade de adaptação e parece conseguir encontrar sempre uma maneira de sobreviver. Parece.

Mas as crises tenderão a ficar mais próximas umas das outras porque a velocidade do mecanismo que gere a estrutura toda se encontra em contínua aceleração e porque os limites (há limites!) estão cada vez mais perto. O Capitalismo será até um bicho de sete cabeças, mas tem no DNA as sementes da sua auto-destruição.

Única dúvida (mas é só um pormenor, nada que realmente interesse): o que virá a seguir?


Ipse dixit.

Relacionados: O Baltic Dry Index

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/V_Q0qvNjCOw/economia-esperando-mini-retoma.html