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Em vespera de eleições: a Finança aposta na Rússia

18 de Março de 2018, 16:30 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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São 5:59 do dia 12 de Março em Londres. É feito um pedido para comprar obrigações de Estado dum
País estrangeiro pela Xxxx Global Assets Associates, gente com 807 bilhões na carteira dos clientes.

São 11:59 da manhã em New York e parte um pedido da Xxxxx Investment Management, gente com 1.230 bilhões na carteira dos clientes, para comprar em massa idênticos valores. E ao mesmo tempo, em diferentes fusos horários, ordens iguais começam a partir dos gigantes da finanças especulativas, sempre para comprar estas obrigações. Tudo isso equivale a um total de 6.8 bilhões de Dólares em pedidos de títulos governamentais dum Pais estrangeiro particularmente atrativo.

Quando aqueles que sabem a verdade da geopolítica sobre um determinado governo estão a gastar somas como estas para comprar os Títulos desse governo, isso significa que sabem de certeza que aquele governo que vende aqueles Títulos está a salvo de reais perigos. Por isso e só por causa disso atiram bilhões para o mercado.

Talvez esse governo esteja a ser afectado por problemas "cosméticos", como os alarmes das agências de rating, os boletins da OCDE ou as sanções ​​dum continente moribundo (a União Europeia). Mas eles, os que detêm o verdadeiro poder, sabem que na verdade ninguém terá a possibilidade de criar sérios problemas a esse governo.

Qual País é este? É a Rússia de Vladimir Putin.
Enquanto todos os "especialistas" e os "comentaristas autorizados" estão a repetir que agora sim que Moscovo tem problemas, enquanto o alarmismo enche as notícias, quem manda o Mundo investe biliões na Rússia.

A Rússia é má, como sabemos: manipulou as eleições dos EUA, tentou matar o ex-espião russo Sergei Skripal em Londres, mandou estrangular o ladrão da Aerflot Nikolay Glushkov, luta contra os bons "rebeldes" da Síria, apoia o sanguinário Irão, está em plena crise por causa das sanções ocidentais. Esta, pelo menos, é a versão destinada aos comuns mortais. Porque os mortais não comuns investem na Rússia e nem pouco.

Theresa May sabe muito bem que Putin não tem nada a ver com Sergei Skripal. Assim como o Conselheiro Especial dos EUA, Robert Mueller sabe muito bem que Putin nunca realmente mexeu nas eleições da América. O caso Skripal existe apenas por causa dos miseráveis ​​assuntos domésticos entre anglo-saxónicos. O caso Mueller-Putin existe apenas por causa das disputas miseráveis ​​do partido democrata americano que sabe perfeitamente que perdeu ainda mais apoio desde que Trump foi eleito e que colocou tropas na Síria da qual agora não sabe como sair. Precisa duma distração de Massa, chamada Conselheiro Especial dos EUA Robert Mueller.

A realidade é que, como mencionado, quem conhece a verdade neste momento está muito tranquilo acerca do desempenho dos Títulos do governo russo: investiu 6.8 bilhões de Dólares em obrigações com prazos de 11 e 29 anos. Re-ler por favor: prazos de 11 anos e 29 anos.  Super-tranquilos. E isso significa só uma coisa: os investidores globais sabem diretamente dos quartos do poder político que conta que Putin é intocável.

Sergey Dergachev, chefe da dívida corporativa EM na Union Investment (197.4 biliões de Euro investidos):
No pior dos casos, podemos ter uma espiral de sanções do Reino Unido, dos EUA e da UE, mas isso continuará a ser um risco negativo "de cauda"... e não é o meu cenário.
Raphael Marechal, gerente do portfólio principal para os mercados emergentes da Nikko Asset Management (211.5 biliões de Dólares em assets).
Esta (a dívida soberana russa) será a última a ser atingida por sanções se houver uma forte escalada.
Viktor Szabo, gerente sénior de investimentos da Aberdeen Standard Investments (312.1 biliões de Libras em investimentos):
A Rússia provou ter uma extrema resiliência em relação às sanções, no máximo aumenta o custo do capital mas não é algo com o que a Rússia não possa viver.
E as sanções não impediram que a S&P Global aumentasse em Fevereiro o grau de investimento da Rússia. E a partir do dia 29 de Março Moscovo irá juntará-se aos índices EMBI da JPMorgan.

Na SSGA (State Street Global Advisor, terceira agência mundial de consulta no investimento) as obrigações russas passam por um processo de verificação mais rigoroso do que outros Títulos:
É um dano de reputação se acabamos por comprar as obrigações erradas, então a aquisição e é fortemente escrutinada.
As eleições: o ataque informático... 

O presidente da comissão eleitoral russa, Ella Pamfilova, denunciou hoje de manhã:
Existe um ataque cibernético em curso contra a Comissão Eleitoral Central da Rússia, que visa atingir o seu centro de informação.
Segundo quanto relatado por RT, o site da comissão sofreu um alegado ataque DDoS (ataque cibernético oriundo de múltiplas fontes ao mesmo tempo) de 15 Países. O secretário da comissão, Maya Grishina:
Estamos a registrar o que é de facto um ataque cibernético no nosso centro de informações.
Continua a Pamfilova:
O site da comissão foi atacado imediatamente após a votação ter começado. O ataque de denegação distribuída de serviços (DDoS) atingiu o pico entre as 2:00 da manhã e as 5:00 da manhã no Domingo.
O chefe da empresa estatal Rostelecom, Mikhail Oseyevsky, tinha já declarado que os ataques cibernéticos contra várias localidades russas aumentaram consideravelmente nos dias que antecederam a eleição. No último Sábado, alegadamente, o Roskomnadzor (o Serviço Federal de Supervisão das Comunicações) e o boletim online Lenta sofreram ataques. 

...e os "especialistas" do burgo

Para acabar, eis uma pérola da máquina da propaganda aqui do burgo em véspera de eleições: é o português Diário de Notícias, que bem merece uma olhada:
Por outro lado, muitos eleitores estão convictos de que o poder não hesita em recorrer a fraudes para garantir a vitória, como é ciclicamente denunciado pela oposição. Assim como não recua perante a intimidação, como sucedeu durante a campanha com a detenção de um observador independente, David Kankiya, ligada à ONG Golos, que acompanha os processos eleitorais. No passado recente, a própria Golos foi alvo de perseguição pelas autoridades por receber financiamentos externos, nomeadamente dos Estados Unidos, e teve de alterar os estatutos e redefinir os moldes de atuação.
Um "observador independente" que recebia fundos de Washington?!? E é verdade: como confirma nada menos de que Wikipedia, a ONG Golos recebia dinheiro da União Europeia, da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e do NED (National Endowment for Democracy), criatura esta do Partido Democrata americano.
A única mancha no governo de Putin é a conjuntura económica. Após um período de crescimento em declínio com o fim do preço elevado do petróleo, a economia está em recessão, também por efeito das sanções europeias e dos EUA. Em 2017 verificou-se uma pequena retoma de 1,5%, mas a inflação continua a retirar poder de compra à população.
Sim, a situação é uma lástima: deve ser por isso que os tubarões da Finança atiram quase 7 biliões de Dólares no mercado de Moscovo. Na imprensa ocidental é que sabem.
Mas esperem, falta alguém... quem será?
Navalny avisou ontem que as autoridades vão recorrer à fraude generalizada e anunciou uma campanha de desobediência civil e protestos para os dias seguintes à votação.
É ele, é Alexei Navalny, o pluricondenado líder do nada!
E com o simpático Alexei o quadro está finalmente completo.


Ipse dixit.

Fontes: Paolo Barnard, Reuters, Diário de Notícias, RT.

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/XK3At4QuHIM/em-vespera-de-eleicoes-financa-aposta.html