Ir para o conteúdo

Max

Voltar a Blog
Tela cheia

EUA 110 - Síria 71 (resultado final?)

15 de Abril de 2018, 15:30 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
Visualizado 73 vezes
No início da manhã de 14 de Abril, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido realizaram um maciço ataque de mísseis contra a Síria, justificando suas ações com o suposto envolvimento do governo de Assad no "ataque químico" de 7 de Abril em Douma.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que 103 mísseis ar-terra foram lançados contra alvos diferentes em toda a Síria, acrescentando que 71 deles foram interceptados pelas Forças de Defesa Aérea da Síria (SADF). O chefe do departamento de operações, o General Sergei Rudskoi:
De acordo com as informações disponíveis, um total de 103 mísseis de cruzeiro foram lançados. [...] Os sistemas de defesa aérea da Síria, que incluem essencialmente armas soviéticas, podem repelir com sucesso os ataques de aviões e navios militares. Um total de 71 mísseis foram interceptados.
Rudskoi disse que a SADF usou os sistemas de defesa aérea S-125, S-200, Buk, Kvadrat e Osa para repelir o ataque.
Os números fornecidos levantam sérias questões entre os especialistas militares.
O facto é que alguns especialistas afirmaram que, mesmo em linha teórica, ao utilizar os sistema anti-mísseis disponíveis (S-125, S-200, Buk, Kvadrat e Osa) a SADF não teria sido capaz de derrubar mais de 15-20% das armas lançadas: a SADF simplesmente não possui meios e medidas suficientes para interceptar um número tão grande de mísseis simultaneamente numa uma única onda de choque.


Os sistemas de defesa utilizados são produtos russos, mas de certeza não representam o último grito em facto de tecnologia militar. S-125, S-200, Buk, Kvadrat e Osa pertencem à famílias de armas da época da Guerra Fria, algumas têm tido a génese no final dos anos '50: é claro que têm sido constantemente actualizado mas isso não impediu o envelhecimento dos conceitos.

Como exemplo, observamos mais de perto o sistema de lançamento S-125: estreou-se em 1961 como sistema de defesa de Moscovo, foi actualizado ao longo das décadas, mas a Rússia já não o utiliza desde 1990; Finlândia, Hungria e Roménia decidiram retira-lo na mesma década, a Eslováquia em 2001, a Camboja em 2005.

Portanto, e mesmo considerando como otimistas as declarações da SADF acerca do número de mísseis efectivamente abatidos, a pergunta é: o que aconteceu realmente? Como é possível que um sistema de defesa tão vetusto possa conseguir interceptar um número tão elevado de modernas armas de ataque?

Os especialistas sugerem que o exército russo provavelmente tem utilizado os seus avançados sistemas de guerra electrónica para combater os mísseis lançados durante a fase final da trajetória de voo. A maior parte da trajectória de voo, a que guia o míssil de cruzeiro Tomahawk, é fornecida pelo GPS. No entanto, na fase final, o míssil começa a usar o seu sistema de orientação interna: é durante esta fase de voo que o míssil é vulnerável a contramedidas electrónicas. Os mísseis atingidos pelos sistemas de guerra electrónicos começam a desviar, a velocidade é significativamente reduzida e tornam-se um alvo fácil para os sistemas de defesa aérea.

Outro factor, que muito provavelmente contribuiu para a eficácia das contramedidas sírias é que a Rússia forneceu aos militares sírios dados operacionais da sua rede de reconhecimento técnico, incluindo satélites e outros meios de vigilância. Faz sentido supor que o Irão tenha feito o mesmo. Assim, os mísseis lançados do Mar Vermelho foram detectados imediatamente após o lançamento e monitorizados durante o voo.

Utilizando esses dados e o suporte de guerra electrónica, os velhos sistemas de defesa antiaérea fabricados na Rússia são ainda capazes de derrubar mísseis de cruzeiro com eficiência relativamente alta.

Há depois uma hipótese final: que os alvos fossem já conhecidos pois "concordados" duma certa forma entre Estados Unidos e Rússia. Mas isso é outro discurso.

Em qualquer caso, 71 mísseis interceptados em 103 lançados são um fracasso decisivo para os Estados Unidos e os seus aliados. A liderança militar dos EUA estava a espera dum resultado destes?
Se os dados fornecidos pelo Ministério da Defesa da Rússia forem confirmados, esta será a primeira vez na história em que alguém terá conseguirão repelir um maciço ataque de modernos mísseis de cruzeiro de alta precisão.

Mas é inútil procurar por dados "certos", pois a guerra dos números já começou.
O Pentágono insiste que nenhum míssil foi interceptado pelas defesas sírias e que os ataques foram "precisos e esmagadores", enquanto afirma que as defesas antiaéreas sírias continuaram "em grande parte ineficazes".

Em conferência, General Kenneth McKenzie disse que as defesas aéreas sírias dispararam 40 mísseis interceptadores numa tentativa de frustrar o ataque, mas não atingiram nenhum dos seus alvos, acrescentando que não houve indicação de qualquer envolvimento das defesas aéreas russas.

O Pentágono publicou também uma fotografia para demonstrar o sucesso da operação. Segundo a Defesa, este é o depósito de armas químicas de Him Shinshar, antes e depois do ataque:


Pode ser mas isso não ajuda em determinar quantos mísseis tiveram sucesso: dadas as dimensões envolvidas, a imagem só demonstra que um míssil atingiu o alvo.


Ipse dixit.

Fontes: The Guardian, Sputnik, South Front

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/z3z-9ytSRcQ/no-inicio-da-manha-de-14-de-abril-os.html