
Título: Referencial Dimensão Europeia da Educação para a Educação Pré-escolar, o Ensino Básico e o Ensino Secundário.
Em outras palavras: as directivas da União Europeia para a educação desde o pré- escolar.
Vamos ler alguns excertos.
O tratamento da Dimensão Europeia da Educação é uma das temáticas previstas no documento “Linhas Orientadoras da Educação para a Cidadania” e procura contribuir para o conhecimento e envolvimento dos alunos no projeto de construção europeia, incentivar a sua participação e promover uma identificação com os valores europeus. Pretende-se, assim, promover um melhor conhecimento da Europa e da União Europeia, nomeadamente das suas instituições, do seu património cultural e natural e dos desafios com que se defronta a Europa contemporânea.
Primeira observação: a Europa é uma coisa, a União Europeia é outra. Não são sobreponíveis. Identificar a Europa com a instituição anti-democrática que tem base em Bruxelas é muito forçado e não reflecte o pensamento de dezenas de milhões de cidadãos europeus (dúvidas? Espreitem os dados das últimas consultas populares europeias).
Mas estes são pormenores. Em frente.
Mas estes são pormenores. Em frente.
A abordagem transversal preconizada neste Referencial, dentro da temática da Educação para a Cidadania, almeja ser uma mais-valia no desenvolvimento de projetos e iniciativas que contribuam para a formação pessoal e social dos alunos, ajudando à compreensão da realidade da globalização.
Seria interessante que nesta altura fosse explicado de qual "globalização" se fala. Porque aqui a "globalização", seja ela qual for, é um termo demasiado vago e é apresentada como um processo irreversível, que merece apenas uma compreensão, não melhorias ou até resistência (como precisam urgentemente alguns aspectos da mesma globalização). Comércio e transações financeiras, movimentos de capitais e de investimento, migrações: estes são os aspectos identificados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) quais características da globalização. Quem é suposto explicar estes assuntos? Os professores do ensino básico? E com quais bases? Com quais instrumentos? Seguindo as orientações da União Europeia?
Ainda uma vez: pormenores. Vamos em frente pois "almejamos" entender um pouco mais.
Como instrumento de apoio aos docentes e outros agentes educativos, o Referencial estabelece temas e subtemas, objetivos e descritores de desempenho [...] Este Referencial propõe, assim, o tratamento, na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário de diversos temas, designadamente:
• Portugal, a Europa e o Mundo;
• Processo de construção da unidade europeia;
• Desafios europeus da atualidade.
Mas estes beberam-se o cérebro? "Processos da construção europeia" no pré-escolar? "Desafios europeus da actualidade" entre os 3 e 5 anos de idade??? Sério? Mas tudo bem, não importa.
Em frente.
Seguem-se várias páginas de enquadramento histórico e justificação teórica, algo que é possível ler só com uma boa dose de coragem e masoquismo. O ponto alto é alcançado a partir da página 11 do documento. Aqui começa o Quadro I que entra no específico. É o quadro que "almeja" individuar quais os "temas, subtemas e objetivos nos diferentes níveis de educação e ensino". Ohhh, até que enfim!
Concentramos a atenção no pré-escolar que, como já lembrado, inclui as faixas etárias desde os 3 até os 5 anos. O que é preciso ensinar aos putos?
Seguem-se várias páginas de enquadramento histórico e justificação teórica, algo que é possível ler só com uma boa dose de coragem e masoquismo. O ponto alto é alcançado a partir da página 11 do documento. Aqui começa o Quadro I que entra no específico. É o quadro que "almeja" individuar quais os "temas, subtemas e objetivos nos diferentes níveis de educação e ensino". Ohhh, até que enfim!
Concentramos a atenção no pré-escolar que, como já lembrado, inclui as faixas etárias desde os 3 até os 5 anos. O que é preciso ensinar aos putos?
É preciso ensinar isso:
- Conhecer as diferenças geográficas, históricas, linguísticas e socioculturais da Europa
- Reconhecer que a União Europeia (UE) não inclui todos os Estados europeus
- Reconhecer a diversidade linguística e cultural da Europa como um património a preservar
- Identificar as principais organizações internacionais às quais Portugal pertence
- Identificar os Estados-membros da União Europeia e os sucessivos alargamentos
- Conhecer a missão, as instituições e os símbolos da União Europeia
- Compreender a importância da União Económica e Monetária (UEM) e da criação da moeda única
- Conhecer programas, projetos e intercâmbios de cooperação e promoção da cidadania europeia
- Refletir sobre a importância das redes de cooperação europeia

No documento não faltam outras pérolas (1º ciclo, a partir dos 6 anos: "Perceber que o 25 de Abril de 1974 trouxe a democratização a Portugal", "Compreender que a democratização do país possibilitou a integração de Portugal na Europa"), mas a pergunta é: apenas incompetência? Duvido muito.
Este é um programa de condicionamento dirigido às crianças desde a idade mais nova. É óbvio que ninguém espera que putos com 5 anos de idade entendam o alcance de assuntos cuja natureza é em parte ignorada até pela maioria da população adulta (quem conhece "Os programas, os projetos e os intercâmbios de cooperação e promoção da cidadania europeia"?) e nem é este o objectivo: o Quadro III apresenta os "Descritores de Desempenho por Tema, Nível e Ciclo de Educação e Ensino" e há uma óbvia diferença entre os "Temas, subtemas e objetivos nos diferentes níveis de educação e ensino" do Quadro I e os resultados depois pretendidos. Nomeadamente, no caso do pré-escolar, os resultados esperados são os seguintes:
- Reconhecer a Europa no planisfério.
- Reconhecer os oceanos que banham a Europa.
- Pesquisar algumas histórias e lendas tradicionais da Europa.
- Reconhecer que existem diferentes línguas na Europa.
- Reconhecer que existem repúblicas e monarquias.
- Perceber que há diferentes hábitos culturais.
- Identificar alguns Estados europeus.
- Localizar alguns dos principais monumentos naturais de países europeus.
- Identificar alguns parques naturais em Portugal.
O que interessa não é aqui inserir nos cerebrinhos das jovens criaturas noções demasiado complexas de entender, o que conta é iniciar aquele processo de formatação que com o passar dos anos irá formar "o perfeito cidadão europeu", também conhecido como "o perfeito idiota". A instituição europeia, na altura em que a sua existência é mais ameaçada (referendo no Reino Unido ou Brexit) porque redondamente falhada nos aspectos principais, joga a carta da escola, desde sempre a oficina na qual são formadas as futuras gerações de cidadãos ("Escola e mosquete, fascista perfeito" era um dos lemas da Italia dos anos '30).
Então não admira que, observando as directivas para o ensino desde o pré-escolar até o fim do básico (até o 15º ano de vida) possam ser encontrados estes como "descritores de desempenho":
- Identificar os momentos-chave da construção da UE desde a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Tratado de Paris).
- Identificar as três comunidades europeias no contexto pós II Guerra Mundial: CECA, CEE e EURATOM.
- Assinalar as principais diferenças entre a CECA, CEE e EURATOM.
- Conhecer alguns dos deveres fundamentais enquanto cidadão europeu (para crianças com 10 anos também).
- Identificar alguns exemplos de atividades que se enquadram no âmbito do Programa Europa para os Cidadãos 2014-2020.
- Relacionar o sentido de pertença à comunidade, com a cidadania europeia.
- Dar exemplos formas de exercer a cidadania europeia.
- Identificar os principais marcos da história europeia e mundial do século XX que explicam a relevância do projeto de construção da unidade europeia.
- Associar ideias de construção europeia aos respetivos mentores e líderes da construção da unidade europeia.
- Reconhecer a bandeira e o hino da UE.
- Reconhecer os principais símbolos da UE.
- Identificar a missão da UE.
- Identificar as principais instituições Europeias: Parlamento Europeu, Conselho Europeu, Conselho da União Europeia, Comissão Europeia, Tribunal de Justiça da União Europeia, Tribunal de Contas, Banco Central Europeu, Comité Económico e Social Europeu.
- Conhecer a missão de cada uma delas.
- Conhecer alguns dos benefícios do mercado único.
- Identificar os três pilares da construção europeia consagrados no Tratado da União Europeia, assinado em Maastricht.
Isso deve ser aprendido no máximo entre o 15º anos de vida.
O que falta? Provavelmente a inscrição obrigatória na Mocidade Europeia.
Ipse dixit.
Fontes: Direção Geral de Educação - Referencial Dimensão Europeia da Educação para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico e o Ensino Secundário (ficheiro Pdf)