Este dinheiro vem dos impostos e dos direitos aduaneiros que o governo de israel recolhe a cada mês em nome dos palestinianos. Isso é: é dinheiro da Autoridade Palestiniana.
A razão? Decidida directamente pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o bloqueio é uma retaliação em resposta ao pedido da Palestina para se juntar ao Tribunal Penal Internacional. Trata-se dum ponto delicado: a adesão ao Tribunal Penal Internacional permite que Palestina possa processar israel por crimes de guerra. E israel não gosta da ideia.
As taxas e os impostos colectados por israel são vitais no caso da Palestina: é com aquele dinheiro que o governo da Autoridade Palestiniana consegue pagar os salários dos funcionários públicos e fornecer alguns serviços para a população dos territórios ocupados, a mesma população já duramente atingida pelas sanções e restrições impostas pelo israelitas.
Membros do governo de Tel Avive declararam que, em alguns aspectos, é uma resposta perante a escolha de muitos parlamentos europeus que reconheceram oficialmente o Estado palestiniano, comparando estes Estados ao caso da Europa de 1938 que, segundo os israelitas, deixaram os judeus à própria sorte. Não é muito clara como comparação, mas provavelmente nem vale a pena tentar individuar um fio lógico.
No passado dia 2 de Janeiro, os Estados Unidos tinham criticado a decisão da Autoridade Palestiniana de aderir ao Tribunal. Segundo a agência de notícias Reuters, um funcionário de Washington tinha afirmado:
Não será uma surpresa se haverá implicações por causa disso.Sinal que a estratégia do governo israelita já era conhecida.
Agora os EUA afirmam ser contrários ao bloqueio dos 127 milhões de Dólares. Jennifer Psak, do Departamento de Estado:
É uma escolha que exacerba as tensões entre os dois Países.Pelo que é o ideal segundo Washington é que tudo permaneça na mesma, com os Palestinanos fechados no super-campo de concentração de Gaza e os israelitas no papel de mastins.
Em Novembro o governo de israel já tinha bloqueado os seus pagamentos anuais para o UNESCO, no valor de 2 milhões de Dólares, para protestar contra a admissão da Palestina como Estado membro das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência.
Ipse dixit.
Fonte: Internazionale, ADN Kronos