Mais interessante é a tecnologia que esconde: um grupo de estudantes da Universidade de Eindhoven (TU Ecomotive, na Holanda) utilizou como propulsão um motor eléctrico de 7.5 kW, alimentado por uma bateria de iões de lítio, o que permite uma velocidade máxima de 80-85 km/h e uma autonomia de 100 quilómetros, mais do que suficiente para que a maioria das pessoas possam ir ao trabalho e voltar sem problemas.
Mas nem esta é uma novidade, pois carros eléctricos já estão à venda.
O que torna especial este protótipo são os materiais utilizados na construção do chassis e da carroçaria: o carro é quase inteiramente biodegradavel. Isso é: uma vez acabado o ciclo de vida, pode ser destruído e o que sobrar quase não polui. "Quase" porque amortecedores, pneumáticos e motor contêm elementos metálicos, que biológicos não são (mas recicláveis sim): todo o resto é feito a partir de beterraba e linho, inclusive o habitáculo.
Praticamente, um carro-salada.
Lina
O núcleo do chassis |
materiais e plásticos biologicamente baseados para o chassis: o biocomposto é feito de linho, que pode ser cultivado com sucesso em qualquer zona de clima temperado.
O núcleo do chassis, que tem estrutura em favo de mel, é feito de ácido poliláctico, um bioplástico feito inteiramente a partir da beterraba. Duas folhas de linho envolvem o material bioplástico interno, de modo a garantir uma boa resistência do carro.
Os únicos componentes não orgânicos, como lembrado, são as rodas, o sistemas de suspensão e de propulsão. O resultado é um carro extremamente leve, que pesa apenas 310 quilos e está equipado com as tecnologias mais avançadas. Para acessar o veículo, por exemplo, não são precisas as chaves: as portas do habitáculo são abertas através dum inovador sistema de reconhecimento do proprietário.
O carro até tem um nome: Lina. E Lina não brinca em serviço. Além de ser o primeiro veículo do mundo que pode ser completamente reciclado, tem uma estrutura muito resistente e pode ser usado para construir painéis com características comparáveis às do alumínio e do carbono.
Não é a primeira vez que é proposto um automóvel "amigo do ambiente". Mas até hoje ninguém tinha chegado tão longe ao apresentar um carro com uma tal profusão de materiais biológicos. Por exemplo, a Ford trabalha há anos nos bioplásticos para a realização dos interiores, a partir dos restos de agave e tomate, e algo similar foi feito pela Mazda em 2014. Mas com Lina fala-se não apenas de algumas partes do cockpit, fala-se da estrutura interna (o tal chassis), do habitáculo, dos paneis exteriores, tudo biodegradável.
Quando será possível adquirir Lina? Nunca.
Estas montras biotecnológicas conseguem amplo realce nos órgãos de comunicação mas nenhuma saída prática. A função delas é frisar quanto é boa a tecnologia, mostrar que a Ciência trabalha sem parar para um futuro melhor; mas a realidade continua a ser feita de empresas que querem lucros explorando tecnologias antigas (é o caso dos motores a gasolina ou diesel), cujos investimentos já foram largamente amortizados.
É uma pena, porque Lina é um automóvel verdadeiro, actualmente o meio ideal para deslocar-se do ponto A até o ponto B reduzindo ao máximo a "pegada ecológica". Tem 3 metros e meio de comprimento, transporta 4 pessoas e apresenta uma eficiência energética quatro vezes superior àquela do Nissan Leaf, do BMW i3 ou do Tesla S60D. Lina
Ficha Técnica
De seguida eis as especificações técnicas completas:
Cumprimento: 3500 mm
Largura: 1300 mm
Altura: 1300-1400
Distancia entre os eixos: 2690 mm
Tração: anterior
Propulsão: eléctrica
Potência: 7.5 kW
Torque (max): 136.8 nM
Motor: PERM PMG-132
Nº motores: 2
Baterias: Iões de Lítio
Nº baterias: 3, modulares
Voltagem da bateria: 48V
Capacidade da bateria: 99 Ah
Velocidade máxima: 80-85 kmh
Autonomia: 100 km
Eficiência em cidade: 51.2 Wh/km
Chassis: Flax-Polipropilene com estrutura em bio-PLA
Carroçaria: fibra de linho reforçada, resina
Cola: cola 3M DP8010
Suspensão: em alumínio
Suspensão anterior: esquema McPherson
Suspensão posterior: eixo rígido
Travões anteriores: discos
Travões posteriores: discos
Pneumáticos: 110/80 R16
Diâmetro de viragem: 5.5 metros
Noah
Entretanto, o grupo de estudantes de Eindhoven não parou e já apresentou um desenvolvimento do conceito: é Noah, automóvel feita com materiais completamente recicláveis e biológicos.
Noah e o seu chassis |
Tal como Lina, em final do ciclo de vida Noah será totalmente reciclável mas, apesar disso, não faltam os gadgets: tecnologia NFC e Wi-fi fazem parte da dotação de série. Ao longo do Verão de 2018, Noah será apresentada em várias cidades da Europa.
Eis o vídeo realizado pela TU Ecomotive:
Ipse dixit.
Fonte: TU Ecomotive