Enquanto no Ocidente ficamos entretidos com os 12 "mártires" da "liberdade de expressão", em
outras partes do mundo milhares de pessoas morrem em massacres para os quais ninguém liga.
É o caso da Nigéria, País que interessa só por via da produção do petróleo, sendo os habitantes um mero acessório.
Nos últimos dias a situação atingiu níveis que no Ocidente teriam ocupado as primeiras páginas dos jornais ao longo de semanas; sendo a Nigéria, algumas linhas antes das previsões do tempo são mais do que suficientes. E a sorte dos Nigerianos é que na base dos massacres há terrorista islâmicos, caso contrário acabariam depois do horóscopo também.
Mas vamos aos factos.
Um grupo de indivíduos com graves problemas psíquicos (como todos os radicais religiosos) que se fazem chamar Boko Haram, tem espalhado o terror em África com aquele que já é definido como o "maior e mais destrutivo" ataque de toda a sua existência: segundo Amnistia Internacional, em duas cidades nigerianas milhares de casa foram destruídas enquanto o destino dos habitantes é incerto (mas adivinha-lo não é nada difícil).
A seguir imagens de satélite que revelam as proporções da devastação nas localidade de Baga e Doron Baga:
São imagens gravadas no infravermelho, por isso não é de estranhar a cor esquisita da vegetação.
Mas o que interessa é o tamanho da destruição dos edifícios que, segundo relatos de sobreviventes, foi acompanhada por uma autêntica carnificina entre os habitantes.
As estimativas falam de 2.000 - 3.000 vítimas e 20.000 prófugos, mas ter qualquer tipo de certeza nesta altura é impossível porque Boko Hram controla a zona (juntamente com um território de 32.000 quilómetros quadrados nas províncias de Borno e Yobe) e não há comunicações.
As estimativas acerca da destruição dos bens imóveis falam de 57% da área total da cidade de Doron Bagas abatidos, provavelmente entre a tarde do dia 3 e a manhã do dia seguinte.
Foi nesse dia que as milícias de Boko Haram chegaram à localidade; a seguir, outras 16 aldeias da zona foram devastadas e Baga acabou por cair numa segunda ofensiva, no dia 7 de Janeiro.
A questão Boko Haram não é nada simples. Como explica o bispo de Sokoto, Matthew Hassan Kukah, Boko Haram não é apenas Islão e não é só Nigéria. E, sobretudo, não é um fenómeno de hoje.
Um grupo de indivíduos com graves problemas psíquicos (como todos os radicais religiosos) que se fazem chamar Boko Haram, tem espalhado o terror em África com aquele que já é definido como o "maior e mais destrutivo" ataque de toda a sua existência: segundo Amnistia Internacional, em duas cidades nigerianas milhares de casa foram destruídas enquanto o destino dos habitantes é incerto (mas adivinha-lo não é nada difícil).
A seguir imagens de satélite que revelam as proporções da devastação nas localidade de Baga e Doron Baga:
São imagens gravadas no infravermelho, por isso não é de estranhar a cor esquisita da vegetação.
Mas o que interessa é o tamanho da destruição dos edifícios que, segundo relatos de sobreviventes, foi acompanhada por uma autêntica carnificina entre os habitantes.
As estimativas falam de 2.000 - 3.000 vítimas e 20.000 prófugos, mas ter qualquer tipo de certeza nesta altura é impossível porque Boko Hram controla a zona (juntamente com um território de 32.000 quilómetros quadrados nas províncias de Borno e Yobe) e não há comunicações.
As estimativas acerca da destruição dos bens imóveis falam de 57% da área total da cidade de Doron Bagas abatidos, provavelmente entre a tarde do dia 3 e a manhã do dia seguinte.
Foi nesse dia que as milícias de Boko Haram chegaram à localidade; a seguir, outras 16 aldeias da zona foram devastadas e Baga acabou por cair numa segunda ofensiva, no dia 7 de Janeiro.
Quem é Boko Haram?
A questão Boko Haram não é nada simples. Como explica o bispo de Sokoto, Matthew Hassan Kukah, Boko Haram não é apenas Islão e não é só Nigéria. E, sobretudo, não é um fenómeno de hoje.
Na base há pessoas desesperadas, com pouca e nenhuma cultura, atraídas por um islamismo extremista e deturpado que, todavia, bem exprime o sentimento de revolta que alberga nos militantes.
Eis dois pensamentos do fundador do movimento, Mohammed Yusuf:
Como a chuva. Nós acreditamos que seja uma criação de Deus, não a evaporação causada pelo sol que e se torna chuva.
Como dizer que o mundo é uma esfera. Se isso for contrário aos ensinamentos de Allah, nós rejeitamos [a ideia]. Também rejeitamos a teoria do darwinismo.
Abubakar Shekau |
Desde o desaparecimento de Yusuf as coisas têm mudado. O novo líder, Abubakar Shekau, decidiu implementar um "salto de qualidade" no movimento, e Boko Haram hoje é uma organização que atrai milicianos de todo o mundo árabe.
E mesmo aqui surge a maior das dúvidas relativas à organização: quem financia Boko Haram num País onde a maior parte da população vive com menos dum Dólar por dia?
A explicação "natural" que é possível encontrar realça a ligação entre a organização nigeriana e a rede de Al-Qaeda, e existem também provas destas passagens de fundos ilícitos. Mas isso implica outros problemas, pois Al-Qaeda nasceu como criatura da CIA e hoje é utilizada como arma de desestabilização no Oriente Médio também por parte das monarquias do Golfo Pérsico.
As ligações entre Boko Haram e Al-Qaeda também explicariam a recente "explosão" do movimento nigeriano e a rápida capacidade de mudar-se desde expressão de mal-estar local para movimento capaz de recrutar entre jovens de toda a África e do vizinho Oriente.
Pelo que, uma sombra sinistra paira sobre Boko Haram: o movimento tem na África a mesma função que no Oriente Médio é desenvolvida pelo Isis? Ao observar a escalation dos acontecimentos e o manifesto da organização, a resposta parece ser positiva.
E os Estados Unidos?
A reforçar esta ideia chegam as recentes decisões de Washington.
As forças armadas nigerianas não estão tão bem equipadas como os rebeldes islâmicos e para reverter a situação o exército contava com o apoio dos Estados Unidos.
No entanto, Os EUA não querem ajudar o governo de Goodluck Jonathan, oficialmente por causa da corrupção que envolvem a Nigéria e a Administração americana nesta altura pode mostrar-se ainda mais intransigentes porque, há alguns meses, os Estados Unidos não precisam do petróleo nigeriano.
Esta é uma atitude bastante "estranha" por parte dos EUA que decidiram uma luta sem confins contra o terrorismo e as acusações de corrupção (acusações bem fundamentadas, que fique claro) nunca impediram a colaboração entre as empresas petrolíferas ocidentais e os governos nigerianos, tal como a colaboração do governo americano até hoje.
O resultado é que Boko Haram tem hoje a oportunidade de ampliar a sua influência no norte do País, criando o seu "califado" e começar a administrá-lo. O único problema é representado pelos islâmicos moderados do Norte da Nigéria e, tendo em vista as eleições presidenciais do próximo dia 14 de Fevereiro, as cosias complicam-se bastante.
O Norte, de facto, é o principal bastião dos opositores do Presidente o qual, agora, observa a região dividida e em luta entre os fanáticos de Boko Haram e os moderados. Tudo considerado, Goodluck nem tem conveniência em atirar para um conflito sangrento o exército: melhor controlar as zonas onde detém a maioria e deixar que o Norte precipite no caos, sobretudo agora que também Washington decidiu ignorar o problema Boko Haram.
Ipse dixit.
Fontes: Público, Visão, Oasis, Internazionale, Deutsche Welle, Voice of America, Global Financial Integrity, Al-Jazeera