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Novo estudo: o milho transènico é bom e faz bem

23 de Fevereiro de 2018, 15:30 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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Os defensores de alimentos orgânicos citam frequentemente notícias ou estudos isolados que realçam a visão segundo a qual as culturas genéticas modificadas não são boas. E não são, não venham com histórias.

Por esta razão quando aparece um dos estudos de sentido contrário, nas empresas produtoras de transgénicos é festa grande: a notícia é tomada, amplificada, distribuída de todas as formas, apresentada como "a" prova.

Infelizmente (do meu ponto de vista) esta é a vez dum grupo de cientistas italianos que, com uma meta-análise, vasculharam os dados de mais de 6.000 estudos produzidos em 21 ano. E descobriu o quê? Que o milho transgénico não apenas é bom, mas até é melhor do que o natural (italianos, sempre exagerados...). Vamos ver esta obra-prima.

O milho transgénico aumenta o rendimentos dos agricultores em 25% e diminui drasticamente os contaminantes perigosos dos alimentos. Dizem eles. O estudo também reafirma que o milho geneticamente modificado não representa um problema para a saúde humana. Pelo contrário, pode até ter efeitos positivos, imaginem.

Por exemplo, as culturas de milho transgénico apresentaram baixas percentagens de micotoxinas (-28,8%), fumonisinas (-30,6%) e tricotecenos (-36,5%) relativamente ao milho convencional.

E atenção: as micotoxinas são tóxicas e cancerígenas. O milho transgénico logo apresenta teores menores porque as variedades geneticamente modificadas diminuem os danos provocados por insectos em 59.6%. Estes danos enfraquecem o "sistema imunológico" da planta, deixando-a mais suscetível ao desenvolvimento de fungos.

Portanto: as micotoxinas são uma ameaça persistente à saúde humana e animal. Obviamente existem controles que analisam o milho antes deste ser comercializado; mas, explica a pesquisa, os sistemas de segurança alimentar não são tão rigorosos e vários estudos têm demonstrado que a contaminação por micotoxinas está associada ao aumento de taxa de câncer de fígado, por exemplo.

Eu que nasci estúpido pergunto: mas se os controles não são tão rigorosos hoje, e ao saber que no passado nem existiam, como é que a espécie humana sobreviveu à ameaça das micotoxinas ao longo dos milénios? Será que Deus afinal existe?

Não há respostas, pelo que vamos em frente.

A meta-análise italiana também marca o que poderia ser o capítulo final noutra vertente do debate sobre o uso de transgénicos na agricultura. Recentemente o New York Times publicou um estudo realizado pela Academias Nacionais de Ciências dos EUA segundo o qual "existem poucas provas" de que a introdução das culturas geneticamente modificadas nos Estados Unidos tenha produzido maiores lucros quando comparados com as culturas convencionais.

Na prática: as culturas transgénicas aumentam o facturado das empresas que produzem os OGM mas não o desempenho dos campos cultivados. O que é aborrecido.

O estudo italiano explica: as informações foram extraídas do contexto. O que o relatório americano afirma é "óbvio": nenhuma cultura transgénica foi projectada especificamente para aumentar o desempenho, mas sim para combater as perdas provocadas pelas ervas daninhas e os insectos, O que tem um impacto positivo na rentabilidade das culturas.

Eu que nasci bastante limitado pergunto: mas se os OMG eliminam as perdas provocadas por erva daninha e insectos, o resultado não deveria ser um aumento da rentabilidade? O que significa então "ter um impacto positivo na rentabilidade das culturas"?
Mais uma vez: não há respostas. Continuemos.

É explicado que uma revisão feita em 2015 pela PG Economics descobriu que as culturas transgénicas proporcionaram benefícios económicos de 133.4 mil milhões de Dólares entre 1996 e 2013, com cerca de metade dos ganhos que pertencem a agricultores de Países em desenvolvimento. Mas é maravilhoso! Pena que a PG Enonomic seja uma empresa inglesa especializada na comercialização de biotecnologias. É como perguntar ao padeiro se o pão dele é bom.

De acordo com o estudo italiano, mais de 53 milhões de hectares de milho modificado geneticamente foram cultivados em 2015, e estes representam quase um terço da área global de milho plantado (!!!). Os Estados Unidos lideram a produção com 33 milhões de hectares, seguem o Brasil, a Argentina e o Canadá.

Conclui o estudo: enquanto o aumento de rendimentos foi modestos nos Países em desenvolvimento onde as condições de crescimento são piores, ou aumento do cultivo de milho transgénico nos Países em desenvolvimento pode proporcionar aos agricultores e aos consumidores benefícios substanciais para a saúde e a economia.

NBT, os novos OGM

Perguntinha final: mas qual o sentido dum estudo como este? Aqui há resposta.

Os italianos e os europeus no geral não confiam nos produtos OGM. Quase 7 em cada 10 cidadãos (69%) em Italia considera os alimentos com organismos geneticamente modificados menos saudáveis ​​do que os tradicionais, enquanto 81% nunca comerão carne e leite proveniente de animais geneticamente modificados ou clonados.

Estes são os dados divulgados pela Coldiretti (a maior associação de agricultores do País) após uma pesquisa sobre os riscos para a saúde do milho transgénico. À medida que o debate científico continua, explica Coldiretti, as opiniões dos cidadãos continuam a ser altamente suspeitas em relação aos organismos geneticamente modificados no prato, tanto na Itália como na Europa. Isto é demonstrado pelo facto de apenas dois Países continuam a semear OGM no Velho Continente, Espanha e Portugal, enquanto houve uma nova queda de 4.3% da área cultivada. Em 2017, os hectares transgénicos foram 130.571 em comparação com os 136.338 do ano anterior. Também a República Checa e a Eslováquia, continua Coldiretti, abandonaram o cultivo e foram adicionados à longa lista de Países "no OGM" da União Europeia.

Além disso, mesmo nestes dias o Tribunal de Justiça Europeu está a decidir acerca dum pedido do Conselho de Estado francês em relação aos NBT, produtos que apresentam novas técnicas de manipulação genética, das quais as multinacionais apoiam a inofensividade.

Desenvolvidos ao longo dos últimos vinte anos, os NBT (New Breeding Techniques, "Novas Técnicas de Reprodução") são técnicas de manipulação genética com o objectivo declarado de modificar o DNA de forma mais "meticulosa" em comparação com aos OGM tradicionais.

Substancialmente, de acordo com a tese de quem requer a desregulamentação, é possível interromper o funcionamento de um gene, substituir ou inserir sequências genéticas em partes mais precisas do genoma para chegar à criação de novas variedades de plantas com características que respondem com maior grau de previsibilidade às necessidades e aos propósitos daqueles que as criam no laboratório.

Em síntese: são produtos OGM para os quais existem ainda menos estudos acerca das consequências na saúde e no meio ambiente. E é precisamente acerca disso que as Mentes Pensantes da União Europeia estão a deliberar. Um estudo que defenda os OGM nesta altura não se nega a ninguém.


Ipse dixit.

Fontes: Nature: Impact of genetically engineered maize on agronomic, environmental and toxicological traits: a meta-analysis of 21 years of field data, PG Economics, La Repubblica, Voci dalla Strada, Zap

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/2eXjcRGybik/novo-estudo-o-milho-transenico-e-bom-e.html