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O que aconteceu ao San Juan?

1 de Fevereiro de 2018, 16:30 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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O ARA San Juan (S-42) era um submarino tipo TR-1700 da Marinha Argentina, em serviço desde
1985 até 2017. No passado dia 15 de Novembro desapareceu quando se dirigia para o Mar de la Plata, com 44 membros de tripulação.

No seguinte dia 23 do mesmo mês, a Marinha Argentina confirmou que provavelmente tinha havido uma explosão a bordo, hipótese baseada nos dados recolhidos pelas estações hidroacústicas da Organização do Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares (CTBTO). Essas estações tinham captado um som "incomum", condizente com uma explosão provindo de uma região próxima ao último paradeiro conhecido do submarino. O derradeiro contacto com a embarcação tinha acontecido no dia 15, quando o San Juan informou que a entrada de água pelo sistema de ventilação tinha provocado um princípio de incêndio na sala das baterias.

O jornalista Andrés Kliphan revelou uma série de documentos secretos da Marinha Argentina, dos quais surgem basicamente duas conclusões:
  1. O San Juan detectou a presença dum submarino nuclear inglês nas proximidades
  2. O Ministro da Defesa Oscar Aguad e a Marinha argentina enviaram o San Juan sabendo que estava em mau estado e precisava de reparos.
Algo que também os familiares da tripulação sabiam: segundo estes, o San Juan estava a  ser perseguido pelas forças britânicas e as condições de navegabilidade do navio não eram as melhores. Afirmações que coincidem com quanto relatado recentemente pelos órgãos de informação especializados em questões militares.

Mais de um mês atrás, em 12 de Dezembro, Claudio Rodríguez, irmão de Hernán Rodríguez (maquinista do submarino), havia contado alguns detalhes sobre a viagem que o navio estava a completar. Numa entrevista à Rádio 10 relatou:
Em Julho tinham sido perseguidos por um submarino inglês que estava de perto. Isso foi dito por muitos familiares: durante um tempo foram seguidos por um submarino nuclear inglês. Agora descobrem as deficiências do submarino, todos os problemas que tinha. Meu irmão estava preocupado, disse-me que 45 dias eram muitos. E os chefes enviaram-nos em missão na mesma. Estava preocupado. No submarino havia pelo menos uma pessoa da inteligência naval. A mulher do homem falou sobre isso. Posso confirma-lo. Foi-nos contado que os agentes dos serviços secretos eram para uma questão de pesca ilegal. É uma mentira. Ao longo da viagem houve exercícios de guerra, ninguém sabe. Exercícios militares aconteceram lá.
Jesica Medina, irmã de um membro da tripulação, revelou que:
Por volta do 3 de Novembro eles estavam perto das Ilhas Falkland e estavam à procura dum helicóptero inglês e dum navio chileno. Sentimos que escondem algo.
Por qual razão o governo e a Marinha escondem essas informações? Porque havia pessoal da inteligência naval no submarino? Que tipo de missão era a do San Juan (é óbvio que não era uma questão de traçar as embarcações de pesca ilegal, porque no caso um submarino é sempre acompanhado por um navio de superfície)? Porque o San Juan desviou-se da rota mais curta para a base? Porque tempo precioso foi perdido nos primeiros dias, ao afirmar que era apenas um problema de comunicação? Porque as operações de busca e salvamento pararam depois de alguns dias? O que Putin sabe que permitiu que a Rússia ficasse como única potência na área? O que Macri [Presidente da Argentina, NdT) negociou com Putin em 23 de Janeiro em Moscovo, alguns meses depois do facto?

A investigação

Vejam-se as notas de Klipham, publicadas pelo portal argentino Infobae.

Em 9 de Julho de 2017, às 19h48, o ARA San Juan "detectou o som dum possível submarino nuclear". A tripulação recebeu a ordem de "reduzir o ruído ao máximo" e prosseguir para registrar o som. Os três sonar com quem o navio argentino estava em missão, a última antes do trágico desaparecimento, detectaram o som que "coincidiu com a classificação" do submarino, ou seja, era um navio "nuclear". As três gravações eram de 10, 6 e 2 minutos e foram enviadas para a Marinha Argentina. Os dados até à data são secretos.

Este não foi a única ocultação que a Marinha fez durante as horas cruciais que precederam o desaparecimento do San Juan. Através duma "mensagem naval" com o selo "Secreto", datado de 10 de Novembro de 2016, ou seja, um ano e cinco dias antes do desaparecimento, o ARA San Juan foi "limitado" a uma profundidade operacional de apenas "100 metros": normalmente, um TR-1700 como o San Juan pode chegar a mais de 250 metros operacionais enquanto os testes de homologação atingem os 300 metros. Havia um motivo: a uma profundidade maior a segurança "não estava garantida", especifica o documento.

Devido aos rigorosos procedimentos de segurança, os submarinos devem entrar na doca seca para os testes hidráulicos (válvulas do casco e tubagens) a cada 18 meses e realizar verificações e reparos que garantam a navegabilidade. O San Juan não tinha sido submetido a estas operações há "substancialmente mais de 18 meses", de acordo com os registros. É mais do dobro do intervalo recomendado pelo fabricante do barco. Por esta razão, a "profundidade operacional" foi limitada a 100 metros para garantir a navegabilidade do submarino.

A "mensagem naval" intitulada "Limites de status operacional" do San Juan foi assinada pelo capitão Hectou Aníbal Alonso, chefe de gabinete do Comando da Força Submarina, e pelo capitão Carlos Alberto Acuña, comandante da Força Submarina, entre outros. E naquela altura este não era o único problema do submarino. Pode ler-se no registro:
A partir do quinto dia de navegação e no momento de avançar para a fase 1 para iniciar a exploração na área de patrulha, o sistema de propulsão desligou-se, reiniciando apenas após três tentativas.
De acordo com o relatório "Confidencial" da Marinha Argentina de 14 de Agosto de 2017, a falha do sistema de propulsão do navio "permaneceu durante toda a navegação", ou seja, até 19 de Julho, dia em que o submarino voltou para a base do Mar de la Plata.

O San Juan perdia "50 litros de combustível por dia", o que provocou "a diminuição dos níveis nos reservatórios do sistema hidráulico". A bordo havia "80 fatos de escape", todos fora de serviço. Além disso, dos 100 comprimidos que deveriam ser transportados para produzir oxigénio em caso de emergência, apenas 14 estavam presentes.

Fonte: Infobae

No dia de Terça-feira, 9 de Julho de 2017, o San Juan tinha identificado um submarino nuclear na área que patrulhava para o rastreamento de barcos de pesca e embarcações, principalmente de origem asiática, que operam ilegalmente no mar argentino ou perto da zona económica exclusiva da Argentina. Isto é relatado na documentação confidencial na posse da juíza federal de Caleta, Olivia Marta Yáñez.

No Anexo 04, intitulado "Actividades Submarinas, Relatório ARA San Juan", é especificado que, em 10 de Julho às 03h45, o submarino nuclear "ainda manobrava em contato indicando uma rápida variação do seu sinal, bem marcado no registro dos sonar". O relatório, assinado pelo Capitão de Fragata Pedro Martín Fernández, também sublinha que, como no dia anterior, "tinha havido uma gravação (4 minutos)", "alta".

O Capitão Pedro Martín Fernández
A assinatura tem um valor importante: Fernández era o comandante da ARA San Juan não só naquela
missão, mas também naquela de Novembro, quando desapareceu com os seus 43 subordinados. Capitão com 45 anos de idade, Fernández tinha prometido a sua mãe de 80 anos que seria a sua última viagem no submarino.

O San Juan também patrulhou uma área cujo interesse é compartilhado pela Argentina e pelo Reino Unido: apesar dos tratados de paz assinados por ambos os Países obrigar a Marinha a informar o Reino Unido antes de iniciar uma missão desse tipo. O submarino argentino ignorou este aviso, presumivelmente por ordem da Marinha.

E aqui parece estarmos perante um novo cenário: existem unidades da Marinha britânica e da Força Aérea sediadas no arquipélago das Falkand (Malvinas). É razoável que um submarino britânico controle aquela que Londres considera como uma área protegida, também por razões económicas (a pesca é a principal fonte de rendimento dos habitantes das ilhas). Os jornais britânicos já tinham denunciado que a Marinha inglesa havia enviado submarinos nucleares para as Malvinas, embora as negações oficiais.

É possível que o San Juan, com os seus 44 membros da tripulação, afundasse em 15 de Novembro enquanto tentava fugir do contacto havido com um submarino nuclear britânico? Pode ser que esta exigência tenha levado o Capitão a alcançar uma profundidade dentro do nível operacional do projeto, mas além do limite de 100 metros definido pela falta de manutenção? É esta uma das hipóteses investigadas pela justiça.


Ipse dixit.

Fontes:  Infobae, Clarín, Radio Mitre

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/D6CtDfXcD9M/o-que-aconteceu-ao-san-juan.html