Giovanni Lo Porto |
Tinha escolhido ajudar as populações daquele País, na zona do Punjab, atingidas por uma série de aluviões. Trabalhava nas aldeias, nos campos, tentado reconstruir as pobres infraestruturas que permitem a sobrevivência de quem ocupa aquelas regiões.
Em 2012 tinha sido raptado, com um colega alemão, por um grupo de jihadistas oficialmente ligados à Al Qaeda. Mais tarde, o colega tinha sido libertado enquanto Giovanni continuava preso com outros refém. Isso até o passado mês de Janeiro.
No começo deste ano, os EUA decidem lançar uma operação contra o grupo jihadista porque, como sempre, há "chefes de Al Qaeda" no meio deles. Arma escolhida: um drone. Giovanni morre, assim como um outro preso, o americano Warren Weinstein.
Como explica o Washington Post, a luz verde para o ataque é dada só quando houver a "quase certeza" de que o alvo é um terrorista e que não há riscos de pôr em perigo os civis. Esta "quase certeza" custou a vida de centenas de inocentes até hoje. Giovanni Lo Port e Warren Weinstein são apenas os últimos duma longa lista.
Assim fala Obama:
Falei ontem com o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi acerca da morte do refém Giovanni Lo Porto.
Warren Weinstein |
Três meses depois. Giovanni foi morto em Janeiro e a notícia é dada às famílias só três meses depois. Já não é mal: as famílias das vítimas afegãs, paquistanesas ou iemenitas nem são informadas, têm que recolher o que sobra dos parentes entre os escombros.
Os nossos pensamentos estão com as famílias de Warren Weinstein, o prisioneiro americano de Al Qaeda desde 2011, e Giovanni Lo Porto, um refém italiano de Al Qaeda desde 2012. Não há palavras para expressar plenamente o nosso pesar por esta tragédia.
Não é uma "tragédia": é um homicídio. Não foi uma "fatalidade": foi uma acção planeada, assim
como planeados foram todos os homicídios dos inocentes atingidos pelos drones ao longo destes últimos anos. Uma fatalidade é um vaso de flores que cai da janela e mata um passante. Lançar um drone cheio de explosivo não é algo que aconteça por acaso. Como marido e como pai só posso imaginar a dor e a angústia das duas famílias pela perda dos seus entes queridos. O exemplo deles será uma luz para aqueles que ficaram.
Para acabar, Obama afirma assumir a responsabilidade:
todas as responsabilidades de todas as operações antiterrorismo, incluída esta
Giovanni na África |
O ministro italiano Paolo Gentiloni (Partido Democratico della Sinistra, da Esquerda), no Parlamento:
Lo Porto morreu num trágico e fatal erro dos nossos aliados americanos, como reconheceu o presidente Obama, mas a responsabilidade da sua morte e da morte de Warren Weinstein é inteiramente dos terroristas contra os quais confirmamos o compromisso com os nossos aliados.Angelo Tofalo, Movimento 5 Stelle
Estou cansado de minutos de silêncio, de ouvir que um nosso irmão foi morto por engano ou que o governo está empenhado em descobrir a verdade. Você tinha, Ministro, duas possibilidades: demitir-se ou dizer a verdade. Ao contrário, veio aqui para matar uma segunda vez Lo Porto.Até o próximo drone.
Ipse dixit.
Fontes: Il Corriere della Sera, La Repubblica, The Washington Post