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Pedofilia e abusos sexuais: o caso Epstein

23 de Janeiro de 2018, 17:35 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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Pedofilia e abusos sexuais na elite: não passa duma teoria da conspiração?

Proponho uma pergunta diferente: por qual razão as celebridades de Hollywood e não só denunciam os abusos sexuais mesmo agora?

Tudo teve início com as palavras de Anthony Rapp, actor que acusou Kevin Spacey de tê-lo abusado quando tinha 14 anos. A partir daí foi um tsunami de queixas: descobriu-se que o mundo está cheio de abusadores.

E é verdade: os abusadores infelizmente existem e não são poucos. Só que existem desde sempre. Portanto volta a pergunta: por qual razão os órgãos de informação decidiram conceder todo este espaço aos vários casos agora, de maneira tão massiva?

Denunciar os abusos é justo, é um dever, tal como conceder amplo espaço nos media. Quem abusa sexualmente ou quem explora uma posição de poder para obter sexo deve ser condenado: acho que acerca disso não há muito para acrescentar. E no âmbito dos abusos sexuais, a pedofilia é talvez o crime mais hediondo: não há justificação, não há desculpas.

Todavia, como referido, os abusos sempre existiram. Só para fazer alguns exemplos, lembramos o caso do actor Corey Feldman, que denunciou os abusos cometidos pelos produtores dele; mesma coisa no caso dos actores Corey Haim e Michael Egan; ou ainda o caso da cantora Lauryn Hill, que em 2012 publicou uma carta na qual denunciava a corrupção e a opressão no sector do entretenimento. Todos casos bastante recentes, todos casos ignorados.

Depois, em Novembro do ano passado, um actor de secundária importância como Anthony Rapp denuncia publicamente o colega Kevin Spacey e a partir daí começa uma autêntica cruzada. Plenamente justificada, que fique claro. Mas volta a pergunta: porque só agora? Porque em Novembro de 2017 e não antes?

É apenas uma questão duma maior maturidade alcançada por parte da sociedade? Sim, pode ser. Mas não deixa de ser curioso o facto desta maturidade ter sido alcançada na véspera da publicação, por parte do Presidente Trump, da Ordem Presidencial 13818 - 82 / FR 60839.

Uma óptima ocasião para debater o problema dos abusos e da pedofilia já tinha aparecido e aos mais altos níveis: entre 2001 e 2003, o ex-Presidente Bill Clinton participou em 26 viagens naquele que a imprensa norte-americana baptizou como "Lolita Express". Este era o jacto do bilionário Jeffrey Epstein, o qual tinha criado uma equipa de colaboradores que "compravam" raparigas, também para participar em orgias na ilha de Little St. James (sempre de propriedade do bilionário) no arquipélago das Ilhas Virgens (EUA).

Nas centenas de páginas de registos judiciais, que incluíam relatórios do FBI, foram recolhidas as provas que condenaram Epstein; o qual, em 2008, confessou e foi preso. Desde então, o bilionário evitou outros processos com acordos extra-judiciais: mais de 30 vítimas receberam compensações económicas e retiraram as queixas, o que lhe permitiu voltar em liberdade após 18 meses na prisão.

Como é que Clinton participou naquelas viagens e nada foi divulgado nos órgãos de comunicação?
Não será tudo falso? Uma conspiração típica da internet alternativa?

Nada disso: o processo contra Epstein foi bem real. Do envolvimento do ex-Presidente falaram também os media na altura. Simplesmente, a questão foi deixada "esvanecer". Para entende-lo, eis um simples exemplo.

Abram Wikipedia, versão inglesa, e procurem Bill Clinton. Na biografia dele é possível encontrar uma ligação para outra página, cujo título é já bastante claro: Bill Clinton sexual misconduct allegations, isso é "Alegações acerca da má conduta sexual de Bill Clinton". Aqui são apresentados alguns casos de infidelidade conjugal do ex-Presidente: Juanita Broaddrick, Paula Jones e Kathleen Willey, todos casos de abusos sexuais (mas com mulheres de maior idade). Nem uma palavra acerca do envolvimento com o bilionário Epstein.

Mas é interessante frisar o seguinte: esta página simplesmente não existe em outros idiomas.
Ao ler a voz "Bill Clinton" em língua portuguesa podemos aprender o seguinte:
Após as eleições de 1996, surgiu na mídia o chamado Escândalo Lewinsky, onde Bill Clinton teria tido pelo menos nove encontros sexuais com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Quando o caso veio a tona, houve denúncias de interferência constante do pessoal da presidência na investigação. Por fim, Bill foi acusado de perjúrio e obstrução de justiça. [...] A primeira acusação foi de perjúrio, pois Clinton teria mentido perante um juri quando negou que a acusação de assédio sexual feita pela estagiária Paula Jones fosse verdadeira (posteriormente, contudo, o caso foi arquivado em uma corte pois Paula não apresentou provas suficientes para sustentar suas alegações).
Portanto, segundo Wikipedia versão portuguesa, Bill Clinton  teve "nove encontros sexuais" com a estagiária Monica Lewinsky e foi falsamente acusado de assedio sexual por parte de Paula Jones: nem uma palavra acerca dos 850.000 Dolares pagos extrajudicialmente por Clinton à Jones, nem uma palavra acerca dos outros casos, inclusive as actas do processo Epstein.

A biografia de Clinton está limpa: o simpático Bill foi um pouco malandro, mas sejamos honestos, ele gosta de mulheres, acontece não é? Visitem Wikipedia em italiano ou em francês: mesmos resultados, a limpeza foi total. Nada acerca de moléstias sexuais contra menores, nada de pedofilia. A verdade esvaneceu.

O caso Epstein

Jeffrey Epstein
Voltemos para o caso Epstein, porque é aqui que surgem ligações extremamente interessantes.

A polícia de Palm Beach, na Flórida, lançou uma investigação em 2005 depois que os pais duma rapariga de 14 anos disseram que a filha tinha sido abusada. A polícia entrevistou dezenas de testemunhas, realizou vigilâncias e identificou 20 meninas entre 14 e 17 anos que disseram terem sido abusadas sexualmente por Epstein.

No ano seguinte, a pedido da Polícia de Palm Beach, o FBI lançou uma pesquisa federal sobre as alegações de que Epstein e os seus assistentes pessoais teriam utilizado "instalações interestaduais para induzir meninas entre 14 e 17 anos a praticar actividades sexuais ilegais”.

De acordo com os documentos judiciais, os investigadores da polícia encontraram uma “indicação clara de que a equipe da Epstein estava frequentemente a trabalhar para encontrar jovens raparigas, entre as idades de 12 e 16 anos, "muitas vezes duas ou três vezes por dia”. As raparigas testemunharam de que foram atraídas na casa de Epstein com a promessa de centenas de dólares para serem modelos ou massagistas; mas quando chegavam ao local, Epstein ordenava-lhes que tirassem a roupa e massajassem o corpo nu dele enquanto estava a masturbar-se e usava brinquedos sexuais.

O procurador do Distrito do Sul da Florida preparou documentos que acusavam Epstein de abuso sexual infantil, adulteração de testemunhas e lavagem de dinheiro. Mas, em 24 de Setembro de 2007, Epstein alcançou um acordo antes das acusações serem entregues ao juiz: 30 meses de condenação (18 meses de prisão e 12 meses de prisão domiciliar), a promessa de indemnizar dezenas de raparigas jovens e, em troca, pena reduzida e a promessa de que o Ministério Público não teria prosseguido as investigações contra o mesmo Epstein e os amigos dele.

O Lolita Express
É aqui preciso acrescentar que nem todos ficaram satisfeitos com o acordo: o advogado Brad
Edwards, que representou algumas das supostas vítimas de Epstein, decidiu processar o governo federal na esperança de que o acordo seja revogado e que o processo continue. Edwards acusou o governo de ter alcançado o acordo para "evitar a tempestade de controvérsias que teria surgido se tivesse sido sabido que o governo estava a imunizar uma conexão politico-bilionária com todos os participantes abusadores sexuais, perseguidos por centenas de crimes sexuais federais contra raparigas menores de idade”.

Quem eram estes amigos? Alguns nomes foram conhecidos pela imprensa: é o caso do Príncipe Andrew da família real inglesa. Segundo o Sunday Times, o duque de York teria feito em 2007 um acordo secreto com o governo dos Estados Unidos para garantir a sua “imunidade”. Documentos oficiais dos tribunais da Florida afirmam que tal Virginia, descrita usando o pseudónimo Jane Doe # 3, foi forçada a ter relações sexuais com o príncipe em Londres, New York e a ilha Little St. James, durante uma suposta orgia com outras menores de idade.

Nomes de outros alegados participantes: Alan Dershowitz, Ghislaine Maxwell, Tony Blair, Michael Bloomberg, Bernie Ecclestone, Mick Jagger, Richard Branson, Alec Baldwin, Dustin Hoffman, Bobby Kennedy Jr, Ted Kennedy, Henry Kissinger. E, obviamente, Bill Clinton.

Claro está: o acordo em base ao qual o procurador teria travado as investigações em troca de indemnizações torna impossível estabelecer se todos os nomes aqui relatados estivessem realmente envolvidos nas orgias em Little St. James ou nos voos do Lolita Express. Mas o nome de Bill Clinton foi alvo duma atenção particular por óbvias razões: e o facto de ter comprovado a participação do ex-Presidente em 26 destes "voos de prazer" atira uma luz bem sinistra para a figura do político.

A realidade que esvanece

A ilha Little St. James
Ao procurar na internet, no mundo da informação alternativa, é simples encontrar páginas dedicadas
ao relacionamento entre poder e pedofilia.

O problema é que demasiadas vezes esta prática é associada a outras como satanismo, Illuminati, reptilianos, Annunaki, canibalismo... em breve: tudo e mais algumas coisas. O que, inevitavelmente, acaba por desacreditar o assunto.

Assim, dum lado temos órgãos de informação que ignoram os factos (como as páginas de Wikipedia), do outro o mundo da internet que mergulha um gravíssimo crime como a pedofilia no meio de suposições e teorias sem provas. A operação de "limpeza" está assim completa.

Atenção: a intenção aqui não é negar que possam existir indivíduos doentios da elite político-económica que, por exemplo, praticam o canibalismo. Até poderia ser (não faço ideia) mas não é isso que interessa agora. Mais simplesmente, temos que fazer uma pergunta: onde estão as provas? Porque sem provas vale tudo, as teorias mais fantasiosas tornam-se "verdade", com o resultado de chegar a um impasse onde todos e ninguém é culpado. E isso é gravíssimo porque afasta a opinião pública da verdade: quem poderia seguir com interesse uma história segundo a qual a elite mundial é formada por Reptilianos pedófilos descendentes dos Annunaki, que adoram Satanás, comem virgens, conspiram com os Illuminati e a Maçonaria, dominam o mundo com o apoio dos Sionistas?

O que é isso? Um enredo para um filme do canal SyFy? Mas é este, com todas as possíveis variantes, o enredo que a internet alternativa difunde, é isso que ajuda (e de que forma!) a fazer esvanecer a realidade, feita não de sionistas canibais mas de pedófilos doentios.

O caso Epstein, pelo contrário, tem bases sólidas: tem investigações, testemunhos, tem provas factuais. Não é uma teoria da conspiração, é uma investigação do FBI, é um processo dum Tribunal da Florida, é uma pena de 18 meses de prisão efectiva, é uma série de indemnizações. E é, também, uma série de acordos extra-judiciais que permitiram que nomes bem conhecidos se mantivessem na impunidade.

É interessante realçar como, no meio da actual vaga anti-abusos, ninguém esteja a falar do caso Epstein, que atinge o marido da última candidata presidencial democrata.
É interessante realçar como, paralelamente, as mulheres decidam organizar em Los Angeles uma marcha "contra os abusos", "contra o Presidente Trump" e pró-imigração (alguém pode explicar-me o que têm a ver os abusos sexuais com a imigração?).

Nada sugerem estes factos?

A pedofilia é um problema extremamente grave, demasiado grave para ser apenas uma arma política. É uma depravação, da pior espécie, e achar que envolva apenas a elite seria uma ilusão.

Há redes pedófilas no seio da elite? O caso Epstein responde a esta pergunta.
Mas ao seguir as crónicas é simples verificar como exista não uma mas muitas redes de pedófilos espalhadas pelo mundo e as ligações não envolvem apenas bilionários ou políticos. Com um salto no Deep Web não é difícil encontrar fotografias e vídeos de menores em actos sexuais com adultos.

Como é possível que eu, com um simples computador e uma ligação internet, possa encontrar este material e os investigadores não, bom, é uma dúvida cuja explicação vai muito além do assunto deste artigo. Suponho seja a mesma razão pela qual a pornografia está cada vez mais ao alcance dos menores, o futebol tornou-se uma espécie de religião, a televisão transmita programas especializados em matar as células neuronais.

Tal como afirmado: é outra história, justo? 


Ipse dixit.

Fontes: relatar todas as fontes que falam do processo Epstein seria obra enorme. É suficiente uma simples procura com um bom motor de pesquisa e seleccionar as fontes mais fidedignas (não Wikipedia...). De seguida apenas algumas páginas dalguns média: The New York Post, Daily Mail, The Guardian, Rai News, Il Giornale, Huffington Post.

Neste Pdf (em língua inglesa) os documentos que comprovam a participação de Bill Clinton nos voos do Lolita Express. Aqui a investigação de Fox News.

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/y3G9JYrJsC8/pedofilia-e-abusos-sexuais-o-caso.html