A reforma do sistema informático acerca da qual o Reino Unido está a trabalhar tem que deparar-se com a forte oposição dos gigantes da tecnologia que operam com instalações locais e fazem negócios no País.
Alguns até chegam ao ponto de chantagear os deputados com o fim de bloquear qualquer tipo de alteração que possa ser-lhes prejudicial.
Ex-chefe de estratégia de David Cameron, Steve Hilton, revelou durante um discurso público que funcionários da Microsoft têm contactado membros do Parlamento inglês e tentaram chantageá-los para bloquear a adopção de determinadas leis, ameaçando o fecho de instalações caso as medidas fossem aprovadas.
É preciso lutar contra eles. Posso fornecer exemplos concretos, o que mencionei acerca os contactos para o sistema informático. Há alguém da Microsoft aqui que possa confirmar? Quando avançámos com a proposta, a Microsoft telefonou aos parlamentares conservadores e às divisões Pesquisa e Desenvolvimento da Microsoft nos seus círculos eleitorais, afirmando: "Vamos fechá-los na sua circunscrição, se isso passar"
E parece que a Microsoft não seja a única grande empresa de tecnologia a utilizar tácticas de intimidação para se certificar de que a reforma não venha a ser aprovada na forma atual.
Hilton explicou que algumas outras empresas ("às vezes um CEO global") telefonou aos membros do Parlamentos com ameaças semelhantes, dizendo que teriam fechado as fábricas no Reino Unido.
A Microsoft recentemente perdeu uma importante batalha no Reino Unido, dado que o governo decidiu mudar para os documentos em formato ODF e, assim, diminuir fortemente a necessidade de utilizar softwares comerciais. O governo estabeleceu como novo padrão o formato ODF (Open Document Format for Office Applications), substituindo assim o clássico DOC e derivados (como o DOCX): trata-se do mesmo ODF utilizado pelo software gratuito (e open source) LibreOffice.
Mas o discurso é mais amplo, não limitado apenas a um só tipo de formato: é a filosofia de base que muda. Como confirmou no ano passado a consultora governamental Rohan Silva:
Um ou dois dias antes de apresentar um discurso, um par de assistentes de membros do Parlamento ligaram para o escritório e disseram que a Microsoft tinha chamado para dizer que se formos em frente com o discurso de arquitetura aberta ou código aberto, ia cortar os gastos ou até fechar os centros de investigação e desenvolvimento nos círculos eleitorais dos deputados que tinham sido ligados.
Sem surpresa, a Microsoft recusa comentar estas afirmações, mas não há dúvida de que o gigante da programação não quer ficar envolvido num escândalo e, ao mesmo tempo, deseja impedir uma mudança informática no Reino Unido.
Se, por alguma e obscura razão, o Leitor ainda não passou para uma suite office de tipo open source (que, lembramos, são totalmente gratuitas e compatíveis com os vários Office da Microsoft), aqui vão alguns links (pessoalmente aconselho LiberOffice):
- LibreOffice (instalação Pt-Pt, Pt-Br, Portátil Multilíngua)
- Open Office (instalação Pt-Pt, Pt-Br, Portátil Multilíngua)
Ipse dixit.
Fonte: The Guardian (1, 2)