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Psico...

24 de Fevereiro de 2016, 12:59 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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Os diferentes pilares da nossa vida social (família, escola, trabalho, medicina, direito, consumismo) criam dezenas de milhões de indivíduos neuróticos, criam demência, loucura, uma realidade que todos conhecem. Dúvida: é um desastre intencional? Em parte não, no sentido que é a nossa sociedade a criar monstros.

Uma vez havia o padre que ouvia os teus problemas, mandava-te dizer três Ave Maria e a culpa era automaticamente enviada para o senhor que vive acima das nuvens, aquele com a barba branca. Pelo visto, o senhor ficava com a barba e com as culpas de todos também, sem queixar-se muito.

Hoje uma criança muito vivaz não é normal, é hiperactiva, precisa dum especialista o qual, entre as outras coisas, prescreve medicamentos. Isso quando for o especialista, às vezes nem é preciso chegar até lá. Hoje uma pessoa não está "um pouco em baixo", tem a depressão. E, com ou sem especialista, eis que chega o medicamento. As casas farmacêuticas agradecem, as farmácias também. E o paciente? Fica escravo do medicamento ao longo de meses, anos.

Não é correcto generalizar. Há profissionais conscienciosos, que fazem e bem o trabalho deles, com paixão, com a intenção de ajudar o próximo. Desconfio que nem sejam tão poucos assim, mas o problema não é este. O problema é que também o profissional mais consciencioso tem dificuldades em afastar-se dumas práticas que já estão cristalizadas, "normalizadas". Psiquiatria, psicologia, psicoterapia são caixas cheias de pensamento único; é o que acontece com a Economia também, é o que acontece com a escola, logo desde os primeiros anos.

Quem são Milton Erickson, Carl Rogers, Garry Prouty?

Milton Erickson
Milton Hyland Erickson (1901 - 1980) era preso a uma cadeira de rodas por causa da pólio. desde os 16
anos de idade.Filho de família de agricultores, refugiou-se na sua mente e, ano após ano, conseguiu escalar as paredes sufocantes onde tinha sido preso, tornando-se psiquiatra.

Uma vez apareceu no estúdio dele um paciente com grave paranoia, um daqueles que vivem convencidos de que os poderes do Mal têm implantado um microchip no cérebro dele, que os alienígenas estão a espia-lo, que o cão do vizinho é um robô que grava tudo o que ele diz em casa. O paciente entra no estudo de Erickson e a primeira coisa que diz é: "Doutor! Eu não posso dizer-lhe nada, você tem microfones que espiam em todos os lados aqui". E o que faz Erickson? Olha para ele e diz: "Raios, vamos encontra-los".

E toda a sessão foi isso: mexer e remexer entre os livros, debaixo das cadeiras, dos sofá, atrás dos cortinados, das pinturas. Erickson conseguiu "capturar" um paciente que nenhum outro psiquiatra tinha conseguido segurar por mais dum quarto de hora, e depois de alguns anos conseguiu trata-lo.

Carl Rogers
Carl Rogers (1902 - 1987) foi psicanalista em New York numa clínica para adolescentes disfuncionais, viciados em drogas etc. Estava a tratar um jovem desastroso, cuja família era um inferno. Depois de alguns meses Rogers chamou a mãe do desgraçado e disse: "Senhora, eu não posso fazer nada para seu filho. Desisto". Ela estava a tremer pelo desespero e caminhou em silêncio até a porta. Mas antes de sair virou-se e perguntou: "Doutor, posso falar consigo por alguns minutos?".

Rogers sentou-se com ela e conseguiu falar não da vida do filho mas da infância desastrosa dela, do seu triste casamento, da vida como dona de casa reclusa na periferia duma cidade desumana. Carl Rogers tratava adolescentes, mas ao longo de onze meses se ocupou daquela mãe, até ela um dia dizer "Doutor, agora meu filho diz que quer voltar para a escola. Pela primeira vez, jantou comigo e foi para a cama cedo. Ele também tocou a minha mão... ".

Rogers compreendeu e agiu. Percebeu que todos os mecanismos da psicanálise tinham que ser postos de lado e passou o resto da sua vida a reescrever as regras do relacionamento com doentes. A aceitação incondicional da pena da mãe era a maneira para tratar a criança, e a criança ficou curada.

Garry Prouty
A paciente crónica num estado de esquizofrenia catatônica, no hospital mental nos arredores de Chicago, não falava há 52 anos, passando os dias a olhar para a parede. Definitivamente internada aos 29 anos, bombardeada com drogas, dada como perdida. Até o dia em que o psiquiatra Dr. Garry Prouty (1936 - 2009) perguntou se fosse possível passar um par de horas a cada dia, todos os dias, com a paciente. Para fazer o quê? "Pré-Terapia", disse ele.

Os colegas não entenderam, mas Prouty foi em frente. E foi assim que por meses e meses as enfermeiras que passavam na frente da porta viam o homem sentado na frente da mulher, com caretas estranhas, gestos da mão, palavras incompreensíveis, tudo filmando. Centenas de horas de gravação para um caso perdido. E foi numa manhã de Outubro que de repente a mulher levantou o braço direito, passou a mão pelos cabelos de Prouty e perguntou: "Está sol lá fora? Há muitos anos que não o vejo".

Garry Prouty era um génio. Entendeu o que nenhum psiquiatra no mundo tinha pensado: antes das psicoterapias, antes dos medicamentos, era preciso estabelecer um contacto psicológico com os graves doentes mentais para trazê-los de volta ao mundo. Esta era a Pré-Terapia. Prouty documentou centenas de casos de pacientes entregues à escuridão eterna pela psiquiatria oficial e que com a sua técnica voltaram a viver.

Foi ele que numa convenção nacional da Associação Psiquiátrica Americana falou em frente da elite da sua profissão e disse: "Vocês tratam os pacientes em Dachau". Hoje Garry Prout nem uma miserável página de Wikipedia merece. Pfizer tem páginas em 38 idiomas, Novartis em 30, o Ritalin em 28.


Ipse dixit.

Fontes: Wikipedia (1, 2,), Pre-Therapy International Network, Paolo Barnard

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/JWu6IeF3yeQ/psico.html