Bolsas que descem, Pequim afunda, Lisboa também, New York no precipício...
Quando o mercado enfrenta um precipício na Sexta-feira, o que geralmente acontece é que milhares ou mesmo milhões de investidores que acreditavam nos grandes media e não tinham visto o que estava a acontecer, passam o fim de semana ponderando sobre os seus investimentos e muitos deles decidem sair do problema logo que chegue a Segunda-feira.
Que continua:
Por isso poderá ser possível ver amanhã [hoje, ndt] um dia de quedas massivas, talvez a pior fase do colapso, e não seria surpreendente ver o Dow Jones Industrials precipitar 800 ou 1.000 pontos num dia, talvez mais. Lembre-se que o Dow Jones Industrials caiu "apenas" 3% na Sexta-feira, o que não é um grande problema de acordo com o que aconteceu no passado.E que conclui:
Estamos agora na "fase plena" do crash do mercado, previsto e preparado anteriormente com muitas semanas de antecedência: chega mas sem nenhuma surpresa. [...] O que deve acontecer agora é que a Ásia se torna um "mar de vermelho" hoje à noite enquanto os rolos do crash se perpetuam em todo o mundo como numa "onda mexicana" durante alguns dias, e alimentam perdas na Ásia antes, depois na Europa e, em seguida, no Canadá, nos mercados dos EUA e da América Latina para depois voltar para a Ásia.
Portanto: nada de pânico, estava tudo previsto. E estava mesmo, apesar da aparente surpresa dos diários.
Mas então o que é esta "Segunda-feira negra"?
Bom, o que acontece é que, como sucede de vez em quando, alguém decidiu esvaziar um pouco a bolha financeira em que vive de forma perene a nossa sociedade. Não esvazia-la por completo, isso é impossível: apenas um pouco. O suficiente, por assim dizer.
A bolha é feita de toda a liquidez emitida independentemente dos valores da economia real. Estamos numa fase em que o fornecimento "ilimitado" de liquidez (dinheiro) é assumido como natural. Os Quantitative Easing dos Estados Unidos, do Japão e dos outros também: biliões de Dólares, Yuan, Euros, todos injectados numa economia que não produz. Portanto, esta liquidez não tem nada a ver com a verdadeira produção económica: o dinheiro é fornecido para simular o crescimento, que na verdade não existe.
Porque é preciso simular o crescimento? Porque este é o funcionamento da nossa sociedade: o eterno crescimento, sem o qual o mercado rui como um castelo de areia ao chegar da onda, enquanto nós estamos a saborear um gelado na praia e as gaivotas passam e fazem "pio pio".
As gaivotas não fazem "pio pio"? E que me importa? Eu nem estou na praia.
As gaivotas não fazem "pio pio"? E que me importa? Eu nem estou na praia.
Como afirmado, a nossa economia não produz o suficiente para justificar este oceano de dinheiro. Não há tanta riqueza. Mas pouco importa: o dinheiro acaba no grande jogo da Finança, não nos nossos bolsos (os bancos ainda não emprestam quanto poderiam). É na Finança que alguém tem sempre que ganhar, que "crescer".
Para evitar que as gaivotas façam perguntas estúpidas (e pio pio também), de vez em quando alguém tem que remover a tampa na parte inferior da banheira e fazer fluir a água de modo que seja possível começar de novo a encher.
A tampa da banheira é retirada principalmente durante os períodos em que os volumes das negociações são mais baixos, uma acção concertada pelos grandes fundos. E retirar a tampa é simples: basta começar a vender além dum certo limiar, depois tudo inicia a descer por conta própria (ahi, a solidez do mercado!).
A operação não é totalmente arbitrária: costuma esperar-se um sinal concreto. E neste caso foi um sinal "divino": temos a Bolsa de Shanghai que já há alguns tempos estava um pouco sob pressão, depois os Chineses acabam de reduzir o custo do dinheiro, melhor altura não poderia existir. A razão? A Federal Reserve pensava aumentar o custo do dinheiro, agora já não pode (se fizer isso, o Dólar vai ficar demasiado caro face o Yuan), pelo que os grandes bancos festejam (continuamos com o dinheiro "barato") e regalam-se também um esvaziamento da banheira.
Para que tudo possa recomeçar.
Quem ganha? Os do costume.
Quem ganha? Os do costume.
Quem perde? Todos os outros. Como do costume.
Mas esta já não é uma novidade. O importante é não interpretar o que se passa nestes dias como um sinal de fraqueza do sistema: este não é o começo do Armageddon, pelo contrário, está tudo muito controladinho. Apesar da reacção dos média.
Exemplos de desinformação, na qual são explicados os efeitos mas não as reais causas:
Mas esta já não é uma novidade. O importante é não interpretar o que se passa nestes dias como um sinal de fraqueza do sistema: este não é o começo do Armageddon, pelo contrário, está tudo muito controladinho. Apesar da reacção dos média.
Exemplos de desinformação, na qual são explicados os efeitos mas não as reais causas:
- Il Corriere della Sera: A China está a enterrar os mercados: Shanghai -8,5% As acções europeias em queda.
- La Repubblica: A crise chinesa desencadeia o pânico nos mercados: Milano -6%, na Ásia e Wall Street colapso.
- Diário de Notícias: Bolsas mundiais afundam a caminho da maior queda desde 2008
- Folha de S. Paulo: Bolsa desaba 6% e dólar vai a R$ 3,58 em 'Segunda Negra' causada por China
- The Washington Post: Os mercados entram num novo dia de carnificina no meio de vendas globais
E isso tanto para que o Leitor acabe de falar mal das gaivotas:
Pio pio...ehm: Ipse dixit.
Fonte: no texto.