Fundada em 1988, tem sede em New York (EUA), vários escritórios espalhados pelo mundo fora e é actualmente dirigida por Kenneth Roth.
Teoricamente, HRW é (como reza Wikipedia) "uma organização internacional não-governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos". Na verdade, HWR é uma arma formidável, uma das melhores do arsenal da propaganda ocidental.
O truque? Misturar verdades e mentiras, num mix que confunde e torna difícil separara o trigo do joio. É esta a sua força.
Por exemplo. Abrimos a página oficial de HRW e o que podemos encontrar?
Artigos contra os abusos sexuais nas Forças Armadas dos Estados Unidos; criticas contra o uso da força utilizada contra presos mentalmente atrasados, sempre nos EUA; investigação sobre o massacre de Michoacán, no México; a triste realidade das penas de morte na Arábia Saudita; e muito mais ainda, tudo na óptica da defesa dos direitos humanos.
Nem podemos esquecer os marcos históricos alcançados pela organização no passado: a campanha para a abolição das minas terrestres, que tantas vítimas provocam entre os civis (sobretudo crianças); a campanha contra a utilização das cluster bombs (bombas de fragmentação); os aprofundados (e premiados) estudos sobre o genocídio do Ruanda em 1994 e da Republica Democrática do Congo; depois a exploração das crianças no mundo do trabalho, os direitos das mulheres, a tortura...
Com tudo isso, HRW tem construído uma reputação globalmente reconhecida, algo que poucos têm a coragem de questionar. E nem podemos esquecer o facto de Human Rights Watch ser uma organização sem fim de lucro (uma ONG). Tudo isso explica a razão pela qual a voz de HRW hoje tem um peso específico assinalável, tanto nos meios de comunicação quanto no imaginário colectivo: é a voz de quem, sem ganhar nada por isso, denuncia algumas das mais profundas injustiças que atravessam a nossa sociedade.
Portanto, esta voz é um capital que, se habilmente utilizado, tem a capacidade de influenciar sobremaneira as opiniões das massas. É exactamente isso que HRW faz.
Recentemente, HRW publicou uma imagem sem dúvida comovente:
Tradução:
Uma nova tirania está a nascer.
Assine agora para travar
as políticas repressivas de Putin.
Dúvidas? Leiam a escrita nas costas dum dos polícias e procurem com o tradutor de Google.
Nem esta é a primeira vez que Human Rights Watch utiliza imagens "falsas" para espalhar notícias igualmente falsas. No passado dia 8 de Maio, Kenneth Roth publicou no seu Twitter isso:
Tradução:
Isso é verdadeiramente mau.É, é mau de facto. Sobretudo porque o local na imagem não é a Síria mas a Palestina. Como explicado pela televisão dinamarquesa DR Nyheder (que publicou originariamente a fotografia), estes são os efeitos do bombardeio israelita em Gaza, no Versão do ano passado.
O olho dum drone mostra o que as bombas de Assad
têm feito em Aleppo.
Um erro? Não, um vício. A seguinte imagem, publicada em Fevereiro, não é uma cidade bombardeada por Assad (como explicado pela mesma HRW) mas Kobane após a passagem dos aviões dos Estados Unidos:
Explicação? A melhor maneira para entender é, como sempre, seguir o dinheiro. Quem financia Human Rights Watch?
HRW nasce em 1988 das cinzas duma outra ONG privada americana, Helsinki Watch.
O maior financiador é George Soros, que não precisa de apresentações: Soros participa no financiamento através da Open Society Foundation, que doa anualmente 10 milhões de Dólares para os cofres de HRW.
Director de HRW é Kenneth Roth, ex-procurador federal dos Estados Unidos. Roth foi o sucessor de Aryeh Neier, que deixou o cargo em 1993 para tornar-se director da Open Society. A ligação entre Soros e HRW é muito, muito apertada. Mas há outras ligações.
Entre os membros de HRW encontramos os seguintes directores:
- Hassan Elmasry, do CFA Institute (investimentos) e ex-Morgan Stanley
- Joel Motley, membro do Council on Foreign Relations, do Mass Mutual Financial Group, ex-banco Lazard
- Susan Manilow, gestora financeira das campanhas de Bill Clinton (do qual é amiga de longa data), Al Gore, Jimmy Carter.
- Sid Sheinber, CEO no sector do entretenimento (foi ele que "descobriu" Steven Spielberg, membro da Conferencia Nacional de Cristãos e Judeus, do Comité dos Judeus Americanos, do Centro Simon Wiesenthal.
- John J. Studzinski, banqueiro (Morgan Stanley, HSBC, Blackstone Group).
- Michael G. Fisch, investidor (American Securities LLC)
- Tony Elliot, publicitário (Time Out)
- Oki Matsumoto, investidor (Monex Group Inc.)
- Barry M. Meyer, multimedia (Warner Bros. Entertainment Inc.)
- Neil Rimer, investidor (Index Ventures)
Nem podemos esquecer como HRW esteja bem inserida no grupo das organizações/fundações que orbitam em volta de nomes bem conhecidos e cujas finalidades são, no mínimo, duvidosas (tanto para utilizar um eufemismo). Além da Open Society de George Soros, HRW colabora com a Fundação Ford (ligações com o Council on Foreign Relations e família Rockefeller) e a Fundação MacArthur.
Considerado tudo isso, é simples perceber como Human Rights Watch seja uma formidável arma multimedial com um peso específico assinalável na nossa sociedade para "dirigir" ou até criar opiniões acerca de determinadas questões de carácter não apenas políticos. O mesmo que acontece com Amnesty International ou com Avaaz, tanto para entender.
Mas uma simpática nota folclórica provem da declaração financeira de HRW, neste caso naquela de 2014. Apesar de lutar contra as injustiças globais, HRW não encontra nada de mal em investir o seu próprio dinheiro em fundos offshore. Estes são os dados oficiais publicados no Financial Statements (a declaração financeira) de Human Rights Watch para o ano de 2014, páginas 17 e 18.
Não me dei ao trabalho de controlar as actividades da Dorchester Capital Secondaries Offshore, acho que o nome já diz tudo. Quanto ao resto: não menos de 16 milhões de Dólares investidos em fundos sediados nos Estados Unidos mas que operam nas Ilhas Cayman.
Sim, verdade: os direitos humanos são uma coisa, o dinheiro é outra... ou talvez não.
Em qualquer caso: se algo estiver errado, espero que Human Rights Watch tenha a bondade de corrigir-me.
Até lá: curioso, não é?
Ipse dixit.
Fontes: Linke Zeitung, Moon of Alabama, Twitter (1, 2), Fit4RussLand, Human Rights Watch, Human Rights Watch: Financial Statements (ficheiro Pdf, inglês).