Pergunta: mas que raio faz este Swift? Quem é? O que quer de nós?
Ora bem, explica-lo em duas palavras não é simples. Os mais curiosos podem ler o artigo dedicado: O Leviatã. Para os mais preguiçosos podemos simplificar (e muito) dizendo que Swift é um sistema de pagamentos e transferências internacionais utilizado pelos bancos de todo o mundo. Mas é bom ter presente que esta é uma definição incorrecta, pois Swift faz muito mais do que isso.
Qual o problema de Swift? Ora bem, Swift é um essencialmente um instrumento, utilizado por bancos, infra-estruturas de mercado, corretores, empresas, gestores; é um daqueles mecanismos que consolidam as bases do actual sistema financeiro. Pelo que, a criação duma alternativa ao Swift é vista como um perigo. E é exactamente isso que se está a passar.
Descarregar por cima da Rússia toneladas de sanções económicas pode ter algumas contra-indicações, entre as quais o surgimento duma anti-Swift. A resposta de Moscovo perante a guerra económica é também esta: o Banco Central da Rússia acaba de lançar a alternativa nacional ao Swift e afirma:
Os apelos para libertar os bancos russos do sistema inter-bancário mundial Swift ocorrem com a deterioração das relações entre a Rússia e o Ocidente e com a introdução das sanções económicas.
O que é uma situação bastante patética: o Ocidente atira sanções sobre a Rússia como se fossem rebuçados, mas ao mesmo tempo não quer que Moscovo abandone o sistema financeiro Made in USA (e Swift é uma criação, não oficial, da americana Federal Reserve).
A Rússia, portanto, está a preparar-se para uma guerra financeira da máxima importância. nuclear em resposta. Nestas semanas o anti-Swift está a ser testado em oito grandes bancos, incluindo VTB Bank (a segunda do País), SMP e Rossiya (sancionada pelo Ocidente). O objectivo é tornar o Swift russo operativo já este ano.
Entretanto, Moscovo trata com Pequim para que o anti-Swift seja adoptado por ambos os Países: seria a criação de um sistema de transacções inter-bancárias alternativo ao Swift e acompanhado por uma agência de notação independente (aquelas que dão os ratings), propostas concretas já discutidas no final de 2014.
Até a que ponto estas colaborações irão desenvolver? As implicações vão muito além da criação de um sistema financeiro alternativo.
Desde o passado 29 de Dezembro, China, Rússia, Malásia e Nova Zelândia utilizam moedas nacionais nas operações comerciais, excluindo assim o Dólar. Este é o desejo de Pequim: tornar o Yuan a alternativa ao Dólar no comércio mundial. A criação do anti-Swift é mais um passo na direcção de afastamento da moeda americana, pelo que é simples entender que o discurso aqui é bem muito maior do que o dilema "Swift ou não Swift?".
A principal publicação da City de Londres, The Economist, conta uma história muito diferente. Segundo o diário:
O impacto na já frágil economia da Rússia seria enorme.[...] São grandes utilizadores não só do Swift mas também de outros sistemas de pagamento conectados como Fedwire dos Estados Unidos e Target2 do Banco Central Europeu.[...] As empresas estrangeiras que operam na Rússia sofreriam. Os países que negociam de forma significativa com a Rússia, como a Alemanha e a Itália, não estão muito entusiasmados. Nem o são muitos no sector financeiro.
Ipse dixit.
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Fontes: Aurora, Zero Hedge.