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Trump?

11 de Novembro de 2016, 19:57 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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Assim ganhou Trump.

Não foi suficiente una campanha mediática como nunca vista antes contra um candidato presidencial; não foi suficiente o apoio de Barack Obama; nem foram suficientes os milhões de Wall Street ou das grandes corporações.

Trump ganhou na mesma e ganhou bem: não apenas segurou o Congresso (a partir de agora em mãos republicanas), como também conseguiu vingar em Estados que do ponto de vista democrata eram dados como "certos" (é o caso do Wisconsin).

Surpresa? Sim. A vitoria da Clinton parecia óbvia, ai ponto que a ultima sondagem de ontem dava Hillary em vantagem de três pontos percentuais. Claro, havia quem, como Michael Moore, previa o triunfo de Trump, mas eram sempre vozes fora do coro.

Hoje as reacções. Circula a teoria segundo a qual Hillary perdeu porque depois dum Presidente negro os americanos não queriam um inquilino da Casa Branca mulher. É uma explicação infantil e superficial. A Clinton perdeu por causa das suas incapacidades: não conseguiu afastar-se da imagem de pessoa ligada ao establishment, aos interesses das grandes corporações; não conseguiu criar-se uma imagem original, apostou na continuidade. Mas hoje os democratas constituem, paradoxalmente, a vertente política mais conservadora do Pais, os mais ligados a elite (da qual, de facto, a Hillary faz parte).

Trump, pelo contrario, è o homem "novo": nunca foi eleito, nunca ocupou cargos políticos e representa uma ruptura com a continuidade sugerida pelos Democratas. Estes poderiam ter ganho as eleições e já tinham em casa o cavalo vencedor: Bernie Sanders. Mas apostar em Sanders teria significado por em causa a actual linha do partido, perdendo assim o apoio de Wall Street.

Outro grave erro dos Democratas foi apresentar um programa demasiado articulado, complexo. Pode parecer incrível, pois no abc do político esta claramente escrito que as mensagens aos eleitores devem ser curtas e claras. O problema é que a tal complexidade foi necessária para disfarçar o arrepiante "nada" que o programa democrata continha.

Vice-versa, as declarações de Trump eram sim muitas vezes no limiar do delírio, mas eram extremamente simples. E, ainda mais importante, enfrentavam aqueles temas que nesta altura mais conseguem despertar as atenções e o interesse dos eleitores: nada de ideologia, mas sim carteira e uma alegada maior segurança.

A terrível campanha mediática anti-Trump tem funcionado a favor do candidato: demasiado óbvio entender donde vinha o dinheiro e as ordens para condicionar a opinião publica e favorecer a Clinton. Até o facto duma boa parte do Partido Republicano ter desmentido o seu próprio candidato tem sido uma vantagem: ai Trump demonstrou ser um independente, fora dos jogos políticos. 

Os círculos intelectuais das grandes cidades tem sido atropelados pelos votos das zonas rurais: é dai que chega o maior numero de voluntários para as inúmeras (e inúteis) guerras americanas ao redor do mundo nos últimos anos; é ai que o desemprego dói mais porque menores são as possibilidade de encontrar trabalho.

A leitura mais simples, e que agora muitos não querem admitir, é aquela acertada: os eleitores estão fartos de Washington, tanto da parte democrata quanto daquela republicana; puseram as ideologias no sótão e escolheram um candidato (aparentemente) anti-sistema, com poucas mas claras ideias. Feitas as contas, é o mesmo clima que é possível respirar na Europa, com a Le Pen em França, Cinque Stelle em Italia, Podemos em Espanha, etc. Trata-se do mesmo fenómeno.

Elite debaixo do fogo? Sim. Seja uma atitude genuína, seja uma atitude "pilotada", o resumo é este. Doutro lado, é claro para todos que o actual sistema é a prazo e que a contagem decrescente já iniciou. Portanto, há a absoluta necessidade de encontrar outro caminho.

Mas será realmente "pilotada"? Na minha òptica a resposta é não. Uns EUA fora dos grandes tratados globais de comercio em nada favorecem as corporações, tal como uma União Europeia em desagregação. O fracasso da Clinton é a derrota da globalização.

Não sabemos ainda se Trump implementará as medidas apresentadas no seu programa. Difícil que assim seja, também porque os EUA têm uma longa tradição de Presidentes mortos prematuramente (mas com Trump pode ser suficiente extrair um dos muitos esqueletos do armário dele). Todavia, o sinal é forte e os fregueses de Wall Street não podem ignora-lo: com a Clinton tudo teria ido em frente exactamente como agora, após a vitória de Trump será preciso mudar.

E esta pode verdadeiramente ser uma boa noticia.
Para já ficamos com:
  1. Moscovo que tem ajudado Trump durante a campanha eleitoral, o que significa possibilidades de guerra mais reduzidas. Já isso não deixa de ser simpático.
  2. Hillary Clinton derrotada e lívida. E esta é uma daquelas coisas que não têm preço...

Ipse dixit.

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/EzEg-g517RI/trump.html