Anarco-amiguxos no dia da pátria contra o comunismo

Depois de ver as fotos da fracassada Operação Sete de Setembro com aquelas senhoras empunhado cartazes pedindo pela volta dos militares e faixas contra a “ditadura comunista” no Brasil, a primeira frase que me vem à cabeça é:

“Cara, como você é burro!”

Sei lá se faltou educação formal para este pessoal ou eles simplesmente se deixaram enganar pelos devaneios de figuras completamente sem noção da realidade como Olavo de Carvalho, Diogo Mainardi, Lobão e similares.

Completamente alucinados, pedem desesperados pela volta dos militares, numa releitura do golpe de abril de 1964.

Estes alucinados não se dão conta de que em 1964 o mundo vivia uma outra realidade. Eram tempos de Guerra Fria, do Muro de Berlin, da guerra do Vietnã. O mundo era dividido em três blocos distintos: Os Socialistas; liderados pela União Soviética; Os capitalistas, liderados pelos estados unidos; e os desalinhados pedidos e sem nenhuma importância geopolítica ou comercial.

O Brasil fazia parte do grupo liderado pelos americanos, mas com a renúncia de Janio Quadros, seu sucessor legítimo, João Goulart, começou a flertar com algumas idéias, digamos assim, mais à esquerda do espectro. Propôs um plano de reforma agrária, um novo sistema de distribuição da renda e inclusão social. Estas propostas ameaçavam o Status Quo das centenárias oligarquias brasileiras e foram estas oligarquias que fomentaram e colocaram em prática o golpe militar 1964, com o apoio dos militares e do governo norte americano.

O Golpe militar de 1964 Não foi da classe média, não foi da Marcha com Deus pela Família e Propriedade. Foram os donos do capital dando um golpe de estado para não correr o risco de verem diminuídas suas vantagens centenárias.

Hoje os tempos são outros, os Estados Unidos detém o controle sobre quase a totalidade dos países do globo, as oligarquias e donos do capital no Brasil tem suas vantagens mantidas ou cada vez maiores e uma ameaça comunista no Brasil é nada mais que um devaneio risível que mereceria tratamento psiquiátrico.

Tenho para mim que esta ameaça de um iminente golpe comunista no Brasil são plantadas por agentes político-partidários ligados a partidos da direita tupiniquim, cansados de perder sucessivas eleições presidenciais para o Partido dos Trabalhadores e cientes de que em 2014 levarão mais uma lavada nas urnas.

Mas onde estaria esta Ameaça Comunista:

• Nos médicos cubanos?
• No Bolsa Família?
• No Minha Casa, Minha Vida?
• No Foro de São Paulo?

Se você respondeu sim para qualquer um deles, lamento informar, mas seu estado de alienação é preocupante e você precisa urgentemente reciclar suas opiniões e parar de ver o besteirol da TV e da internet.

Nenhum destes programas federais é uma ameaça. Não, são apenas migalhas que servem para conter os ânimos do povão em geral e que na prática, amenizam muito pouco das reais necessidades da população.

Os sucessivos governos do PT, apesar de se intitularem como de esquerda, são tão neo-liberais quanto foram os governos do PSDB de FHC e também protegem os benefícios das oligarquias centenárias, igualzinho como fizeram seus antecessores, desde os tempos de Brasil Colônia.

Se o governo petista realmente tivesse um viés minimamente socialista, nós não veríamos mais as bandeiras do MST pelas ruas. Haveria um plano real de reforma agrária e os trabalhadores rurais do MST, depois de 12 anos de governo do PT, já estariam em seus assentamentos.

Se o governo petista fosse minimamente socialista, não veríamos indígenas invadindo sedes do INCRA ou seqüestrando agentes do INCRA, depois de 12 anos suas áreas já estariam demarcadas.

Se o governo petista fosse minimamente socialista, nosso ministério das comunicações não seria uma instituição a serviço das multinacionais de telecomunicações, todos os brasileiros teriam um acesso a rede mundial de computadores de qualidade e por um preço justo, os telefones celulares funcionariam e o Marco Regulatório da Internet já teria sido aprovado em seu texto original.

Mais importante. Se o governo do PT fosse minimamente socialista, 44% do Orçamento Geral da União seriam aplicados em educação, saúde, tecnologia e cultura e não, no pagamento de juros que enriquecem especuladores financeiros internacionais e instituições financeiras privadas, nacionais e multinacionais.

Os governos Lula e Dilma são tão neo-liberais e privatistas quanto foram os governos de FHC. Privatizaram e privatizam os hospitais universitários, rodovias, aeroportos e até, as reservas do pré-sal.

Porém, os governos do PT são muito bons em vender seus programas de inclusão social como a melhor solução do mundo e, enquanto seguirem esta agenda, continuarão vencendo eleições presidenciais consecutivas.

Então, se você não quer fazer papel de palhaço nas próximas manifestações, esqueça as reivindicações genéricas, inócuas e sem sentido dos Anonymous, coxinhas, tucanos e seguidores do desvairado Olavo de Carvalho. Não seja um idiota útil, o Polaco Doido indica alguns itens para sua pauta de reivindicações:

• 1. Democratização da mídia;
• 2. Contra PL 4330 (lei das terceirizações);
• 3. Reforma Política – fim do financiamento privado de campanhas eleitorais;
• 4. Passe livre – transporte público de qualidade por um preço justo;
• 5. Marco Civil da internet – em seu texto original;
• 6. Universalização da banda larga no Brasil;
• 7. Soberania tecnológica;
• 8. Desmilitarização da polícia;
• 9. Não ao leilão do Petróleo;
• 10. Rede Social Digital Genuinamente Brasileira. (Itens surrupiados da Meg Thai em seu perfil no Facebook)

E, se tiver colhões:

• Reforma agrária;
• Reforma urbana;
• Fim do monopólio das comunicações;
• Redução das taxas de juros;
• Auditoria das dívidas interna e externa;
• Revisão e cancelamento das privatizações;
• Revisão e cancelamento das concessões de TV, Rádio e telefonia de todas as empresas que descumprem suas obrigações sociais (ou seja, todas elas)

Mas se o leitor menos avisado, depois de chegar até aqui ainda acredita que um protesto genérico contra a corrupção é muito mais relevante e positivo ou que o Brasil está realmente na iminência de um golpe comunista. Tenho dois recadinhos:

Cara, como você é burro!

O que você está fazendo aqui? Esse blog não é escrito para você.

Polaco Doido

Ney Leprevost tenta impedir que “Mais Médicos” atue no Paraná

O Deputado Estadual Ney Leprevost (PSD-PR), quando vereador de Curitiba, propôs e deu inicio a excelente ideia da linha Inter-hospitais. Uma linha de ônibus especial que circula entre os principais hospitais, clínicas e laboratórios da cidade, atendendo inclusive aos residentes no interior do estado, com uma parada estratégica na Rodoferroviária. (sei lá por que cargas d’água, a linha não tem nenhuma parada nas proximidades do terminal do Guadalupe. Vai ver, esqueceram dos moradores da região metropolitana).

A linha Interhospitais já está em atividade há 16 anos, mas Ney  sempre se esforça em nos lembrar o tempo todo que isso é uma criação dele. Quase que uma releitura do Ex-Deputado Afonso Camargo, que a todo tempo nos lembrava ser o pai do vale transporte e que nos dava a impressão de que este foi seu único feito em toda sua carreira política.

Por este e outros projetos de autoria do deputado, tem-se a impressão de que o mesmo se emprenha em proporcionar um atendimento de saúde de qualidade para os paranaenses e curitibanos. Infelizmente, na prática, parece se tratar apenas de puro marketing político eleitoral, com a finalidade de cooptar os votos daqueles que mais necessitam do atendimento público de saúde.

No último 4 de junho, durante as polêmicas sobre a vinda de médicos estrangeiros para prestar serviços emergenciais nas áreas mais carentes do país, Ney Leprevost apresentou um projeto de lei proibindo que médicos que não tenham passado pelo exame do REVALIDA, possam atuar no estado do Paraná. aqui

O próprio Ney está convocando profissionais da saúde e estudantes para comparecer à plenária sobre o tema que acontecerá amanhã, 04/09, no plenarinho da ALEP. aqui

Nas entrelinhas fica muito clara que a real intenção de Leprevost não é preservar a saúde da população carente, exigindo o REVALIDA dos médicos estrangeiros e sim, evitar que médicos cubanos atuem no Paraná.

Acho que o nobre deputado não se deu conta de alguns detalhes antes de dar continuidade aos trâmites de sua proposta.

Se não vejamos:

No Paraná, 27 municípios foram contemplados pelo programa Mais Médicos. Entre estes, nada menos que 10 municípios não receberam nenhuma inscrição de médicos brasileiros. aqui

• Arapongas;
• Capanema;
• Contenda;
• Faz. Rio Grande;
• Guarapuva;
• Iguaraçu;
• Mandaguari;
• Marialva;
• Pinhais;
• Tamarana.

Estas cidades receberão 17 médicos estrangeiros só porque nenhum médico brasileiro teve interesse em atuar nestas localidades. Quase a totalidade delas receberá apenas um médico.

Se a proposta do deputado passar, estas cidades continuarão sem médicos?

O exame REVALIDA é feito apenas uma vez ao ano e, para o ano de 2013, o exame que seria realizado em 25 de agosto, foi adiado devido a baixa adesão. Apenas 505 inscritos.

E se o médico indicado para Tamarana fizer o REVALIDA e não passar?

A cidade de Tamarana ficará sem médicos e que se dane a população daquela cidade?

Os médicos estrangeiros que atuarão no país recebem um CRM temporário que lhes permite atuar apenas na região estabelecida pelo contrato, durante a duração deste contrato.

Caso tivessem o diploma validado e um CRM definitivo, nada impediria que estes médicos abandonassem seus contratos e viessem atuar nos grandes centros, competindo no mercado de trabalho com os médicos brasileiros formados aqui.

É difícil entender?

Evidente também que nenhuma destas justificativas é suficiente para o nobre Deputado Leprevost. Tenho quase plena convicção de que sua postura contrária a vinda dos médicos estrangeiros deve-se muito mais a picuinhas eleitorais e ideológicas.

Claro que o nome responsável pela vinda dos médicos estrangeiros vai colher grandes benefícios eleitorais em 2014. Estas regiões carentes de saúde pública quase sempre servem como feudos eleitorais das famílias que detém o poder no estado desde os tempos do império. E este ciclo interminável está ameaçado pela vinda dos médicos cubanos.

Mais o evidente viés ideológico. Leprevost é assumidamente contrário a tudo e qualquer coisa ligada às agendas da esquerda. Foi assim quando propôs que o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chavez, fosse considerado persona non grata no Estado do Paraná. Foi assim quando o mesmo propôs que a TV estadual deixasse de retransmitir os noticiários da Telesur e também foi assim quando de seu posicionamento a respeito da entrada da Venezuela no MERCOSUL.

Ney Leprevost, como representante e defensor dos ideais da direita tupiniquim, apenas faz sua parte. Defendendo o corporativismo dos conselhos de medicina e planos privados de saúde e tentando salvar preciosos votos dos feudos eleitorais nos rincões afastados dos grandes centros. E é claro, reacendendo o medo da ameaça comunista dos tempos da guerra fria, para não ver o PT mais uma vez ganhando uma eleição presidencial em 2014.

Mas eu pergunto.

Se ao invés do convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e sua maioria de médicos cubanos, o governo federal firmasse convênio com o MSF (Médicos sem Fronteiras) a chiadeira de Leprevost seria a mesma?

Tenho cá minhas dúvidas.

Polaco Doido