“Na SIP está representada a fina flor e a nata da apropriação privada de um bem comum, que é a cultura, o conhecimento, a informação”
Escrito por: Leonardo Severo
O diretor do diário uruguaio La República, Federico Fasano, denunciou que “a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) sempre foi o ministério da colônia informativa dos Estados Unidos” e que “não por acaso” a entidade empresarial midiática nasceu em Cuba durante a sangrenta ditadura de Fulgêncio Batista.
“Há uma confusão de quem a SIP agrega. Não são os jornalistas, são os donos dos meios de comunicação, os grandes proprietários. Na SIP está representada a fina flor e a nata da apropriação privada de um bem comum, que é a cultura, o conhecimento, a informação”, acrescentou, em vídeo do El Ciudadano, do Equador, que circula no youtube.
Fasano comemora o fato “tonificante” de que tenhamos hoje “governos progressistas” no Continente que começam a atuar para que os estados nacionais comecem a assumir seu compromisso com a sociedade e os povos, dizendo aos donos dos meios, “senhores, não sejam onipotentes, vocês não são os donos da verdade”. “Este é um bem, mas não lhes pertence. Vocês administram concessões públicas e têm de geri-las conforme as diferentes regulações”, declarou.
Anteriormente, lembra Fasano, pela própria natureza ditatorial dos regimes, “os meios de comunicação estatais eram meros meios de comunicação governamentais, que além disso amordaçavam a sociedade e se aliavam com a grande mídia e com os monopólios. Hoje é ao revés, estão usando o espaço público como arbitragem social para que os setores sociais sejam beneficiados. Não é uma lei contra os meios e a favor do Estado, mas em favor da sociedade”.
O renomado jornalista qualificou de “absurda” a alegação dos setores reacionários de que em relação à mídia, “a melhor lei é a que não existe”.
“Isso é absurdo, porque se legisla sobre tudo: economia, cultura, comércio. No entanto, o único segmento onde se proíbe legislar é sobre os meios, porque é um poder ferreamente constituído para defender os direitos dos donos contra os direitos da sociedade”.
Fasano elogiou a determinação do presidente equatoriano Rafael Correa de confrontar os grandes conglomerados de comunicação nacionais e internacionais, “que têm um conceito sobre a liberdade de imprensa que obviamente se opõe a todos os planos de pluralização, porque no fundo têm um monopólio de pensamento”. Para eles, lembra Fasano, “a liberdade de imprensa é a liberdade de eleger a partir de ligar ou desligar a rádio e a televisão, de comprar ou não um jornal. Confundem a liberdade de imprensa com a liberdade de informação, confundem a liberdade de informação do meio com a liberdade de informação da sociedade. Há uma confusão deliberada”.
Para Fasano, a grande mídia privada está jogando um
“papel nefasto ao ser opor a todas as tentativas dos Estados, a serviço da comunidade, de transformar a comunicação estatal e governamental em comunicação pública”.
“A SIP é o principal obstáculo a tudo isso porque se baseia na lógica da mercantilização, com a qual se opõe a todo momento à lógica de que este é um bem público a serviço da comunicação. Os povos são os donos da informação, os meios são meros intermediários e têm de trabalhar para servir o povo”.
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