Protesto do MAB em frente à Copel, em Curitiba. Foto: Joka Madruga/Terra Livre Press |
Na tarde do dia 21 de julho de 2014, lideranças e famílias atingidas, ligadas
ao MAB, à ASSESOAR e ao SINTRAF – Capanema PR, juntamente com o
Pároco de Nova Prata do Iguaçu e o Bispo da Diocese de Francisco Beltrão,
Dom José Peruso, reuniram-se com representantes da COPEL, da Secretaria
de Assuntos Fundiários, da COHAPAR e da Defesa Civil do Estado do Paraná,
para tratar sobre a situação das famílias atingidas pela enchente no Rio
Iguaçu, causada pela abertura das comportas da UHE Salto Caxias. O volume,
e a intensidade das águas, arrastou casas, estruturas, animais, máquinas
agrícolas, devastou plantações e acessos.
Histórico desta luta
Já havia ocorrido, no dia 25 de junho, uma audiência pública na Assembleia
Legislativa do PR, para tratar do mesmo assunto, ocasião em que foi entregue
um manifesto das famílias atingidas, contendo 11 pontos de reivindicação.
Segundo dados levantados pelo cadastro e apresentados pela Defesa Civil e
COPEL, a abertura das comportas da UHE Salto Caxias atingiu cerca de 315
famílias, dos municípios de Capitão Leônidas Marques, Capanema, Nova Prata
do Iguaçu e Realeza. Das 315, 57 famílias tiveram suas casas arrastadas ou
destruídas.
Os dados extraídos da estação de monitoramento da COPEL, localizado em
Porto Lupion, município de Capanema indicam que, a partir das 18:00 hs do dia
8 de junho de 2014, o volume das vazões do rio Iguaçu ultrapassou a marca
de 23.000 m3
junho, até 13:00 hs do dia 9, não houve leituras, provavelmente porque o rio
Iguaçu subiu mais do que os equipamentos poderiam monitorar. Um indício
disso é que a régua existente no local marcava quase 14m quando pararam
as leituras e chegou a marcar até 14,86m. As leituras de vazão só foram
retomadas quando o rio voltou aos 14 m, 13:00 hs do dia 9 de junho de 2014.
As enchentes ocorreram entre os dias 08 e 09 de junho e, até o momento,
a COPEL e os demais órgãos do estado do PR não apresentaram medidas
estruturantes para atender as famílias atingidas.
O debate realizado na reunião
Durante a reunião, as famílias fizeram muitos questionamentos para os
representantes da COPEL. Osmar Wolmer representante das famílias atingidas
pergunta “por que a Copel não se preveniu, soltando a água de forma mais
regulada? O que se percebe é que a Copel fez acumulação da água no
reservatório e os dados mostram o aumento da geração de energia e o
aumento do lucro, 50 % repassado para os acionistas e os atingidos tem que
pagar o preço”. Finaliza dizendo: “a COPEL não é do governo do Estado”.
O coordenador da Defesa Civil de Realeza relata que não recebeu aviso para
alertar as famílias. Assim, não foi possível salvar nenhum utensílio, devido à
velocidade da água e à rapidez com que o rio encheu. Afirma também que a
violência e o estrago foi devido à abertura das comportas, por isso a COPEL
tem que se responsabilizar pelos danos.
Os acordos firmados
Como resultado da reunião, a COPEL assumiu o compromisso de trazer um
estudo que apontará planos e ações de prevenção para novas situações de
enchentes. Também ficou acordado que a COPEL fará reposição das perdas
através de um valor monetário com base no levantamento realizado pela
defesa civil, integrando as ações com a COHAPAR e as secretarias do governo
do estado.
Esses trabalhos serão concluídos nos próximos 15 dias e apresentados para a
diretoria da COPEL, para liberação do recurso.
Ficou agendada uma nova reunião para o dia 11 de agosto de 2014, em
Realeza – PR, com o objetivo da COPEL apresentar a proposta de trabalho
com as medidas para a solução do problema.
PELA COORDENAÇÃO
Julio Mendes
Sidnei Martini
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