Luta pela moradia em Curitiba é transformada em série de documentários
September 24, 2016 22:22“Não há vontade política de fazer regularização das moradias e da produção de habitação popular digna para as famílias que não conseguem entrar no sistema porque não têm salário para financiar”
“Aqui está o Povo Sem Medo, sem medo de lutar”
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
O Instituto Democracia Popular (IDP) e o Coletivo Jarina, responsáveis pela produção audiovisual, promoveram na tarde deste sábado, 24 de setembro, na sede da APP Sindicato, a exibição da série de mini documentários “Cidade ao redor: retratos da luta pela moradia em Curitiba”. As gravações contam as diferentes histórias por regularização fundiária e acesso à moradia digna sob a perspectiva dos moradores, tanto de vilas antigas de Curitiba, ainda irregulares, quanto das novas ocupações localizadas na Cidade Industrial.
Além do lançamento e exibição dos documentários, as entidades promoveram uma exposição com representantes dos moradores que participaram das gravações como personagens de suas próprias histórias. “A nossa luta é pela produção de moradia digna em todos os terrenos vazios de Curitiba. Essas famílias se organizam dessa forma porque não têm outra opção, porque essa é a única alternativa. Nossa luta é para que esses locais não voltem a ser terrenos vazios nas mãos da especulação imobiliária”, destacou Sylvia Malatesta, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Paraná (MTST-PR), anunciando que a nova ocupação Dona Cida conta com 200 famílias.
Além da luta pela moradia das quase 1500 famílias das quatro ocupações de Curitiba (Dona Cida, 29 de março, Nova Primavera e Tiradentes), a série de documentários retrata as dificuldades cotidianas de falta de estrutura e de legalização fundiária de famílias que moram em vilas constituídas há até 30 anos, como a Ribeirão dos Padilhas, Vila Joanita, Vila Canaã, São Domingos e Sabará.
“Esses documentários foram idealizados coletivamente por lideranças que se identificaram pela luta comum ao direito à moradia, que deve estar acima da propriedade privada”, defendeu Denise Filipetto, do IDP. Ela explicou que as duas realidades são abordadas: a legalização das moradias ocupadas há mais de 30 anos e a luta por moradia digna nas ocupações recentes.
Sylvia Malatesta, do MTST, também destacou que a pauta para as eleições 2016 dos movimentos que formam essa Aliança Popular por Moradia inclui o mínimo de 1% do orçamento municipal para a habitação (atualmente esse percentual disponível é de 0,6%, para uma lista da Cohab que abrange 80 mil famílias, além das que não estão nela); e o aluguel social, que é lei há um ano mas nunca foi de fato disponibilizado, para amenizar a fase dramática das remoções e despejos. As duas ações trariam a questão da moradia como pauta prioritária e fundamental.
“Não somos invasores”
“Não somos invasores”, disse Dona Maria ao microfone, uma das moradoras das ocupações recentes da cidade. Ela estava no palco ao lado de Libina, moradora do Ribeirão dos Padilhas, de Floriano, da Vila São Domingos, de Junia, da Vila Joanita, de Indianara, da Vila Canaã e de Carlos, da regional Boqueirão.
“Não há vontade política de fazer regularização das moradias e da produção de habitação popular digna para as famílias que não conseguem entrar no sistema porque não têm salário para financiar”, declarou Libina.
Junia, da vila Joanita, foi quem contou no documentário como é que se faz a melhoria da via pública em locais onde a prefeitura não chega: ela aborda os moradores e diz: se a gente não fizer, a situação não vai melhorar.
“Só um povo trabalhador vai conseguir sair de uma lona e construir um sobrado”, orgulha-se Indianara. Ela contou que chegou à Vila Canaã com 10 anos, mas que lá tem famílias na terceira geração. “A Aliança (Popular por Moradia) deu respaldo e força, porque chega uma hora que você não tem para onde ir”.
Carlos, morador do Boqueirão, área que não foi contextualizada nos documentários, foi convidado para expor outro drama habitacional vivido por famílias do bairro: o decreto 140 que trata da regularização de recuos dentro dos terrenos. Ele denunciou que no Boqueirão, onde os terrenos são grandes, existem centenas de famílias que estão à beira da demolição de parte de suas residências, por iniciativa da Prefeitura, pois as construções não são regularizadas, além do pagamento de multa que são cobrados. “Nós queremos pagar somente por construções acima do potencial construtivo, como qualquer outro bairro residencial de Curitiba”.

Foto: Paula Zarth Padilha
Candidatos se comprometem com a pauta habitacional
Um coletivo de entidades, junto ao IDP, formalizou a Plataforma da Política Urbana de um projeto popular para Curitiba, que foi enviada aos candidatos a vereadores e prefeitos. Os prefeituráveis Tadeu Veneri (PT), e seu vice Nasser Allan, e Xênia Mello (PSol), além de Jorge Bernardi, vice de Requião Filho, compareceram ao evento e assinaram o comprometimento com a plataforma popular caso sejam eleitos. Os demais candidatos não compareceram à exibição da série de documentários e não aderiram à plataforma.
“A ausência dos demais candidatos demonstra descaso, descompromisso ou nenhum interesse com essa questão fundamental da moradia. Em Curitiba são mais de 300 áreas de habitação irregular. É preciso romper com essa cultura escravocrata e patrimonialista da cidade. A Prefeitura tem todas as ferramentas para enfrentar essa situação, como o IPTU progressivo, o aluguel social, a regulamentação fundiária. Eu espero que o representante eleito para o próximo período tenha cuidado de tratamento com essas famílias”, declarou ao Terra Sem Males do candidato à prefeito Tadeu Veneri, do PT.
Xênia Mello, candidata à prefeitura pelo PSol, questionada pelo Terra Sem Males, defendeu a utilização do programa Minha Casa Minha Vida e ações de uso capião coletivo para regularizar e dar acesso à moradia às famílias. “Depois de garantida a moradia, é necessária avaliação da vulnerabilidade, pois eu entendo que ninguém tem que morar do lado do lixão, tem que morar com dignidade, com asfalto, com creche com saúde”. Xênia salientou que sempre morou em casa da Cohab e que o partido é atuante na luta pela moradia, tendo entre seus representantes o candidato a vereador Bruno Meirinho, um dos articuladores da plataforma popular e que atua como advogado em defesa da regularização fundiária.
Bruno denunciou que algumas associações de moradores têm como presidentes representantes da Prefeitura dentro das vilas e que agem contra os interesses das famílias.
O evento de exibição da série de documentários sobre a luta por moradia sob a ótica dos moradores contou com a presença das famílias das vilas, das ocupações, de parceiros dos movimentos sociais e de candidatos a vereadores e à Prefeitura que assinaram o compromisso com a Plataforma Popular.
Os documentários serão disponibilizados em breve pelo canal do youtube do IDP.
“Aqui está o Povo Sem Medo, sem medo de lutar” era o que todos cantavam a cada aplauso ou trecho dos documentários que enchiam aquelas famílias de orgulho.
Entregar gasodutos do país a investidores estrangeiros é crime de lesa-pátria
September 23, 2016 17:54Nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP)
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou mais um crime contra o patrimônio público e a soberania nacional cometido pela gestão Pedro Parente. A Nova Transportadora do Sudeste (NTS), subsidiária responsável pelo escoamento de 70% do gás natural do país, foi vendida para um grupo de investidores estrangeiros, liderados pela canadense Brookfield Infrastructure Partners (BIP).
A maior e mais lucrativa malha de gasodutos da Petrobrás terá 90% de seu controle nas mãos de um fundo de investimento multinacional, que monopolizará o transporte do gás natural no sudeste brasileiro. A estatal, assim como qualquer outra operadora, será obrigada a pagar o preço que a Brookfield e seus parceiros exigirem, pois não existem outros gasodutos na região. Soma-se a isso o crescimento cada vez maior da produção nos campos do Pré-Sal, cujas jazidas estão justamente no Sudeste.
Da mesma forma que aconteceu nas privatizações das distribuidoras do Sistema Elétrico, vai sobrar para a população pagar essa conta. Além do consumo doméstico, o gás natural é utilizado pela indústria e cada vez mais presente na matriz energética, através das termelétricas. Perde o país, perde a indústria nacional e perde o consumidor.
Além disso, a venda da NTS, assim como a da BR Distribuidora e da Liquigás, acelera o desmonte da Petrobrás como uma empresa integrada de energia. No rastro, virão outros ativos estratégicos, como já aconteceu com Carcará. Pedro Parente anunciou, inclusive, a intenção de privatizar também a Transpetro e as refinarias. Podemos perder muito mais ainda se a Câmara dos Deputados Federais aprovar o PL 4567/16, que tira da Petrobrás a operação do Pré-Sal, bem como a participação mínima de 30% em cada campo que vier a ser licitado.
Estamos, portanto, diante da liquidação do maior patrimônio nacional. O desmonte da Petrobrás será o desmonte do país. Os petroleiros têm travado imensas batalhas para impedir que esse crime se consolide. Essa, no entanto, é uma luta que não venceremos sozinhos. Ou a sociedade se levanta contra a entrega da Petrobrás e do Pré-Sal ou o Brasil perderá de vez o seu futuro.
Informação já havia “vazado” para a mídia
A venda da NTS para o grupo Brookfield já havia sido noticiado pela mídia há mais de 15 dias. O jornal Valor chegou a revelar que a informação privilegiada foi obtida através de “uma fonte com conhecimento da transação”. Em nota divulgada no dia 09 de setembro, a FUP questionou a relação promíscua que a atual direção da Petrobrás vem mantendo com a mídia:
“Desde que assumiu a presidência da Petrobrás, Pedro Parente vem recorrendo à imprensa para anunciar propostas e ventilar intenções em relação à empresa e até mesmo aos trabalhadores. Não foi à toa que escolheu a dedo para assessora-lo uma jornalista da área econômica que já passou por veículos como Veja, Folha, Estadão, O Globo e Valor, jornal onde assinava uma coluna até pouco tempo atrás”, destacou a FUP.
“Usar a mídia como canal de apoio ao projeto de desmonte da Petrobrás, apesar de questionável, é uma estratégia da gestão da empresa. O que é inadmissível é a imprensa ter acesso a decisões internas da companhia, inclusive, aquelas que são relevantes para o mercado e que deveriam obedecer às regras de confidencialidade. É ainda mais preocupante o fato da mídia divulgar como certa uma transação comercial que sequer foi submetida à decisão do Conselho de Administração”, declarou a Federação na época.
Troque o pessimismo por um ingresso para o jogo de sábado contra o Náutico
September 23, 2016 13:01por Marcio Mittelbach
Guerreiro Valente, Terra Sem Males
A invasão hermana que ocorreu no Couto Pereira na última quarta-feira, 21/9, tem muito a dizer para a torcida do Paraná Clube. Mesmo na bacia das almas no campeonato argentino, milhares de torcedores do Belgrano encararam dois mil quilômetros de estrada para acompanhar o primeiro jogo internacional da equipe. Insanidade? Não. Amor, comprometimento!
Após a última derrota – 2 x 0 – para o Atlético-GO – ouvi muita gente dizer: nos dê um time que te daremos dez mil pessoas no estádio. Na realidade, é o contrário. Quer ver o time subir? Vá para o estádio. Esperar o contrário é uma tremenda injustiça com o nosso Tricolor que, depois de quase fechar as portas, está se reconstruindo a cada dia.
O próximo confronto é contra o Náutico, sábado, 24/9, na Vila. O time é esse. Foi o que deu pra montar. Com salários em dia e com meio time voltando do departamento médico, o mínimo que se pode esperar é que nossos atletas comam a bola em busca dos três pontos. E você, tem feito o mínimo que pode fazer? Tem ido ao estádio ou está se especializando em cornetar?
Está faltando estímulo? Mire-se no exemplo dos Piratas de Córdoba, que têm no amor incondicional ao clube o maior motivo para estar do lado dele, seja onde e como ele estiver!
Cenas lamentáveis
September 23, 2016 10:29por Manoel Ramires
Pinga-Fogo, Terra Sem Males
Dia desses, o governo da Nicarágua nomeou René Nuñez, fiel aliado do presidente Daniel Ortega, para o comando da Assembleia Nacional do país. Contudo, René já estava morto há dez dias. Mesmo assim, compareceu a sua posse, vestido de madeira marrom e meio mudo, acompanhado de agentes em traje de gala, quadro com seu rosto e coroa de flores. Foi uma jogada para aprovar canal interoceânico privatizado e reformas no Código Militar.
Este episódio sugere cenas incríveis de seres humanos que fazem de tudo para atingir seus desejos. Haja escrúpulo. Certa vez, um homem já morto e também no caixão, teve seu velório invadido por outro bandido que disparou contra o seu peito, matando-o pela segunda vez. Ao justificar o assassinato do morto, o assassino de cadáver alegou que “aquela morte o pertencia”.
Mas falemos de histórias incríveis de vivos. Da busca implacável pelo poder e aniquilamento do inimigo. Conta a história que o imperador da China foi promovido ao poder aos nove anos após a morte de seu pai e para frear a ascensão do chanceler Jia Sidao. Em seguida, na guerra com os mongóis, é capturado e, diante do rei Kublai Khan, implora pela sua vida. Recebe um abraço fraternal tão forte que se conclui com o esmagamento de seus ossos.
Ih, parece que tratamos de morte novamente. Melhor falar de outras cenas em que a tomada – ou manutenção – do poder também ocorreu precocemente. É o caso de Dom Pedro II. Ele se tornou imperador do Brasil aos cinco anos após Dom Pedro I, aquele que proclamou independência da coroa portuguesa para seguir no poder, abdicar do trono. Dom Pedro II viu os escravos serem jogados aos “leões da sociedade” em 1888 na canetada da Princesa Isabel e que foi vítima de golpe de estado na Proclamação da República. São cenas desse Brasil de independência sem morte, ordem e retrocesso, de golpes que são celebrados como revoluções e de condenações sem crime de responsabilidade.
Aliás, o Brasil não é a Colômbia do Realismo Fantástico, mas também não fica atrás do país de Pablo Escobar quando encontramos helicópteros abarrotados de cocaína de propriedade de senador da República e abafamos o caso. Nosso país é, de fato, a nação do Realismo Trágico. Território de cenas lamentáveis. Mais uma delas ocorreu em 22 de agosto, no hospital Albert Einstein: o cientista que disse que tudo é relativo enquanto nós inovamos provando que tudo pode ser seletivo, até a indignação. Pois bem, neste hospital, meses atrás, um senhor, ex-ministro da economia, foi hostilizado por outras pessoas que estavam no ambiente enquanto acompanhava a esposa em tratamento de câncer. Isso demonstra que no Brasil não há mais territórios neutros. Não há regras na guerra, tampouco compaixão. Aqui, se ainda não se esmaga criança prodígio, se comemora perda de visão de jovem atingida por bala da polícia militar, se comemora bombas e tiros contra professores dentro de palácios, se defende linchamento. Aqui, nesta ex-nação de pessoas cordiais, cada vez mais nos identificamos com a barbaridade. Vamos às redes sociais comemorar a prisão desse mesmo ex-ministro na porta do mesmo hospital quando esse acompanhava sua esposa na cirurgia de câncer. Porque não basta prender. Virou regra aniquilar.
Mas quem sabe, como em toda novela brasileira, essas cenas drásticas não tenham uma reviravolta espetacular e as pessoas despertem da letargia cívica. Neste caso, as pessoas passarão a lamentar e a protestar quando delegados que “combatem” a corrupção escolhem não acolher provas contra corruptos que eles protegem de investigações, como no caso de Eike Batista e tantas outras delações direcionadas. Temos que ter fé. Ou não.
Não crucifiquem o capitão atleticano
September 22, 2016 15:52por Roger Pereira
GV Inferior, Terra Sem Males
Ordem para Weverton bater o pênalti veio do banco
Muito tem se falado da responsabilidade do goleiro Weverton pela eliminação do Atlético nas oitavas-de-final da Copa do Brasil, após o goleiro ter desperdiçado a cobrança de pênalti que classificaria o Furacão. Corneteiros de plantão têm chamado o goleiro de irresponsável, vaidoso, marqueteiro, por ter assumido a responsabilidade de cobrar a sétima penalidade pelo Furacão na inusitada disputa que teve nove cobranças erradas. O pênalti perdido por Weverton ofuscou sua atuação perfeita nos 90 minutos, que garantiu a vitória por 1 a 0 na casa do adversário e as três penalidades magistralmente defendidas por ele.
Tais corneteiros que dizem que Weverton queimou o atacante Juninho ao tomar-lhe a bola já dentro da grande área não deixando o jovem jogador cobrar o pênalti decisivo, atribuindo a isso uma estratégia de autopromoção do goleiro, para posar com grande responsável pela heróica classificação que viria naquele gol, não se atentaram para um detalhe: logo após a cobrança errada de Kannemann, enquanto o clube decidia quem cobraria o pênalti que poderia ser decisivo, dá para ouvir, na transmissão do Sportv, ordem do banco de reservas para que Weverton fizesse a cobrança.
A orientação, talvez, tinha relação com a questão da experiência. Com um time bastante jovem em campo, o Atlético teve que colocar jogadores com menos de 23 anos para cobrar os pênaltis (a exceção de Thiago Heleno). E a falta de experiência pode ter contribuído para tantos erros (três até o momento). Assim, a comissão técnica, teria escolhido Weverton para a cobrança. Hipótese que se confirma com a escolha para a oitava cobrança, o zagueiro Paulo André, que acabou acertando a trave e decretando a eliminação do Atlético.
Weverton tem sido decisivo na campanha do Furacão no Brasileiro, o que o levou até a seleção brasileira. E foi, mais uma vez, decisivo ontem, com três grandes defesas durante o jogo e três pênaltis defendidos na disputa com o Grêmio. Não pode ser crucificado por um pênalti errado, ainda mais quando cumpriu uma ordem da comissão técnica.
Trabalhadores da construção civil aderem a mobilizações nas obras de Curitiba
September 21, 2016 16:10Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Curitiba (Sintracon) está realizando uma série de paralisações por local de trabalho para chamar atenção da população sobre a campanha salarial da categoria que não avança.
Nesta semana, já foram paralisadas as atividades por local de trabalho em obras das construtoras MRV, Cyrela, Laguna e Avanty, Cial e Plaenge. O Sindicato não divulga de que forma irá aderir ao Dia Nacional de Paralisações contra a retirada de direitos desta quinta, 22 de setembro, pois as ações são surpresa.
As negociações da Campanha Salarial 2016 estão travadas pelos representantes patronais. Os empresários do setor querem parcelar o repasse da inflação (9,82%) em duas vezes nos salários dos trabalhadores.
O Sintracon recusou em mesa a proposta e segue realizando mobilizações para preparar a categoria para uma grande greve geral no setor.
Ocupação Dona Cida resiste a despejo na Cidade Industrial de Curitiba
September 21, 2016 15:57Por Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
No dia 15 de setembro, cerca de 150 famílias ocuparam terreno vazio localizado na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), na Vila Sabará. As famílias, organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Paraná (MTST-PR), batizaram a ocupação de ‘Dona Cida’, militante sem teto que faleceu em julho, após esperar dois anos por uma cirurgia no rim. Com menos de uma semana, a Ocupação cresceu e chega a quase 300 famílias.
Na tarde da última segunda-feira (19), a ocupação recebeu a notificação da liminar de reintegração de posse, emitida pela juíza Beatriz Fruet de Moraes. Visando encontrar uma solução para as famílias, foi agendada para próxima segunda, dia 26, no Palácio das Araucárias, reunião do MTST com o governo do Estado, a prefeitura de Curitiba e o Ministério Público.
O MTST reivindica política habitacional definitiva para atender as centenas de famílias da Ocupação Dona Cida, com a destinação do terreno para moradias populares, assim como serviços públicos de qualidade no bairro para beneficiar o conjunto da comunidade. O movimento defende que o poder público poderia comprar a área para habitação popular e que as famílias vão permanecer na área até a negociação por moradia digna para as famílias.
Entidade popular lança série de documentários sobre a luta por moradia em Curitiba
September 19, 2016 17:26Lançamento será no próximo sábado, 24, a partir das 16 horas, no auditório da APP Sindicato
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
A série “Cidade ao Redor: Retratos da luta por moradia em Curitiba” é uma série de documentários em formato de filmes curta-metragem que retrata as histórias dos moradores das vilas Ribeirão dos Padilhas, no bairro Xaxim; a Vila São Domingos, no Cajuru; a Vila Canaã, no Novo Mundo; a Vila Joanita, no bairro Tarumã; e as ocupações 29 de março, Tiradentes, Nova Primavera e Vila Sabará, localizadas na Cidade Industrial de Curitiba, todas em situação irregular.
“A Série Cidade ao Redor busca retratar a vida na cidade de Curitiba a partir da perspectiva de seus moradores e suas histórias de luta pelo reconhecimento de seus direitos e permanente tentativa de construção de cidadania, evidenciando a tentativa permanente de reconhecimento do direito à terra, de forma espontânea e coletiva”, explica a advogada Janaína Filipetto, do Instituto Democracia Popular (IDP), idealizador do projeto em parceria com o Coletivo Jarina Multiartes.
Os curtas serão disponibilizados semanalmente no canal do YouTube do Instituto Democracia Popular, no formato de websérie.
Acesse o teaser da série de documentários Cidade ao Redor: Retratos da luta por moradia em Curitiba
Para confirmar presença no evento, acesse o lançamento no Facebook
Lançamento da série de documentários Cidade ao Redor
Data: sábado, 24 de setembro de 2016
Horário: 16h00
Local: Auditório APP Sindicato (Av. Iguaçu 880, Rebouças. Curitiba).
Saiba mais sobre o processo de revisão do zoneamento em Curitiba
Neoliberalismo retira direitos trabalhistas consolidados em países da América Latina e da Europa
September 19, 2016 14:36Se a flexibilização for aplicada no país, será acompanhada do aumento da informalidade, da precarização e da redução de salários. Os trabalhadores serão obrigados a reduzir seus direitos para manter seus empregos
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males, publicado originalmente na Revista Ágora (setembro/2016)
O ataque aos direitos sociais e trabalhistas está diretamente ligado à retomada do avanço do neoliberalismo no Brasil. “Estamos diante de um período que é uma pressão terrível para que mudem as relações de trabalho, que trazem proteção salarial e social, previdência e benefícios”, alerta o economista Luiz Gonzaga Beluzzo. O também economista Eduardo Fagnani traça os riscos à democracia no período atual. “A ideia é privatizar tudo o que for possível”.
A desconstrução dos direitos do trabalho e da saúde na América Latina atingiu países como o México, onde contratos coletivos de trabalho se transformaram em contratos coletivos de proteção patronal. “Isso não se faz em governos progressistas, é um produto do neoliberalismo”, ilustra o advogado mexicano Oscar Alzaga, que atua em defesa dos trabalhadores da mineração através do sindicato. Ele atribui como marco da desconstrução dos direitos dos trabalhadores mexicanos uma lei de 2012 que destruiu a estabilidade de emprego.
O doutor em relações internacionais Kjeld Jakobsen alerta que o Brasil passa pela segunda onda do neoliberalismo, dessa vez com a característica da austeridade, que é ajustar o orçamento para pagamento de despesas, através de menor cobrança de impostos dos empresários e consequente retirada de direitos sociais para a população. Jakobsen explicou que cerca de 80% da cadeia produtiva do mundo é controlada por 800 bancos e fundos de investimentos. O que tem que ser pago para investidores e credores não diminui.
O advogado Magnus Farkatt, assessor sindical em negociações coletivas, afirma que o governo Temer sustenta a reforma trabalhista sob a justificativa de combater o desemprego e promover o crescimento econômico, mas que isso não funcionou na Itália e na Espanha, onde foi aplicado.
Farkatt também lembrou que em 2014 o Brasil apresentou o menor patamar de desemprego dos últimos 30 anos, em 4,8%. “Se a flexibilização for aplicada no país, será acompanhada do aumento da informalidade, da precarização e da redução de salários. Os trabalhadores serão obrigados a reduzir seus direitos para manter seus empregos”.
Para o professor de sociologia da Unicamp Ricardo Antunes é consenso que o cenário atual no mundo do trabalho é profundamente destrutivo numa escala global desde 2008. “O projeto de lei da terceirização é o protótipo mais trágico no Brasil do que já ocorre em outros países do mundo”, afirmou.
Ele explicou como funciona o “contrato de zero hora”, aplicado no Reino Unido: quem não está no trabalho formal tem disponibilidade perpétua, para quando for chamado pela empresa. Pode esperar dias, semanas, e só é remunerado pelas horas que exercer o serviço. Sem direitos sociais, sem benefícios.
O advogado trabalhista colombiano Arturo Portilla expôs o trabalho precário existente em seu país com os trabalhadores da mineração, que tiveram direitos retirados em favor de empresas transnacionais, especialmente canadenses, que são beneficiadas com exploração da jornada de trabalho de até 14 horas diárias, sem qualquer condição de saúde e segurança. “Na Colômbia, a mineração é incluída como modelo neoliberal de desenvolvimento”.
* As abordagens foram feitas durante o IV Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde, promovido em São Paulo por entidades como as associações Brasileira e Latinoamericana de advogados trabalhistas (Abrat e ALAL), Fundacentro/MTE, Ministério Público do Trabalho e o Departamento de Direito do Trabalho da USP.
Sabatina pra quem não tem medo
September 19, 2016 13:22Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
O Sismuc realizou sabatina com as candidaturas à Prefeitura de Curitiba. O evento, realizado na APP-Sindicato, teve objetivo de discutir as principais pautas de interesse dos trabalhadores municipais. Os temas debatidos foram os Institutos de Saúde e Previdência, concurso público, terceirizações, orçamento, carreira e saúde do trabalhador. Além de sabatinar os candidatos, o sindicato entregou duas cartas compromisso e as plataformas eleitorais da CUT e Confetam. Os candidatos também receberam um exemplar do livro “Crônicas dos Excluídos”, que aborda a maior greve do serviço público municipal de Curitiba. O recado foi dado. O recado foi filmado para que ninguém no futuro diga que não disse o que falou.
Dos nove candidatos, seis foram. Três faltaram. Afonso Rangel foi o único que havia marcado presença, mas não compareceu na última hora. Ele alegou problemas de saúde e faltou. As outras duas ausências são de Rafael Greca e do prefeito Gustavo Fruet. Nesses casos, a desculpa é sempre o problema de agenda. Greca trocou a discussão com o sindicato que representa mais de 25 mil dos 34 mil servidores pelo samba. Ele foi a evento da escola de samba Embaixadores da Alegria. Já Fruet, que mais uma vez tentou enviar o vice ao debate com o sindicato (fez o mesmo em 2012, quando enviou Mirian Gonçalves à sabatina dos municipais), preferiu participar de um culto em homenagem à Igreja Presbiteriana da Silva Jardim.
Colou no Richa
A ausência de Rafael Greca foi observada por todos os candidatos. Assim como sua aliança com o governador Beto Richa. De Xênia Mello a Ney Leprevost, passando por Tadeu Veneri, Requião Filho, Ademar e Maria Victória, todos destacaram a incoerência do candidato que quer retomar o poder ao clã mais conservador de Curitiba. Destaque para a crítica de que Beto Richa, aquele de bate em professores, tem colocado toda a máquina do governo estadual, por meio dos comissionados, na defesa de seu candidato. Richa é a mão invisível que balança a campanha de Greca. Neste sentido, todas as candidaturas apelaram para o voto em si, permitindo a ida ao segundo turno contra o candidato da velha política, embora “fofinha”.
Fruet, o medroso
Gustavo Fruet tinha muito mais a ganhar do que perder indo a sabatina do sindicato. O encontro foi amistoso, não tendo sequer um pedido de direito de resposta. Era o momento ideal para, como um “republicano” que julga ser, explicar os calotes no IPMC, semelhante ao que Richa fez no estado, mas sem violência, discutir porque Curitiba constrói equipamentos, mas reduz a quantidade de servidores públicos, explicar o que aconteceu no caso de assédio na URBS, a sua relação com as terceirizações, o ICI, o contrato do lixo e orçamento público. Mas Fruet fugiu, como é de costume. Não aproveitou o momento em que poderia reduzir a distância de Greca ou ainda inibir o crescimento dos adversários. Concorrentes esses que terá que pedir apoio e voto, junto com os municipais que abandonou, no possível segundo turno. O vacilo faz com que ele seja abandonado pelos votos e campos políticos que abandonou.
Aliás, o sindicato não se surpreendeu com mais essa fuga. Todos os confrontos de ideias mais fortes que ambos tiveram que ter, o prefeito se ausentou. Ele apenas mantém o padrão que agora não ilude os municipais.
Atrasadinhos
Se três faltaram, três chegaram atrasadinhos. O encontro, marcado para as 15 horas, começou com Ademar, Tadeu Veneri e Requião Filho. No começo da primeira pergunta chegou a candidata do PSOL, Xênia Melo. Mais tarde, chegou Maria Victoria, do PP. Por fim e quase no apagar das luzes, chegou Ney Leprevost. Todos os candidatos atrasados tiveram a oportunidade de responder a pergunta que pegaram no meio
Engraçadão
Requião Filho é o candidato sexy appel dessas eleições. Ele arranca suspiros e fotos do eleitorado, principalmente o feminino. Além disso, busca se assemelhar muito ao estilo de seu pais, com piadas sarcásticas e ironias. Celebrou quando Tadeu Veneri respondeu uma pergunta antes, pois poderia “copiar”, riu quando Ademar comentou que Requião estava usando metáforas dele e distribuiu “metralhadora” quando Xênia se exaltava, principalmente contra o PT. O momento alto do stand up ocorreu após Xênia chamar Michel Temer de golpista. Requião Filho lacrou: “Ela chama meu amigo Michel Temer pelo o que de fato é”, concordou sob aplausos. Com relação as pautas, repetiu o discurso do programa eleitoral: vou conversar bastante.
Candidata zap zap
A candidata do PP, filha do ministro da saúde Ricardo Barros e da vice-governadora Cida Borguetti, parece querer trilhar seus caminhos na política de forma bem assessorada. A cada pergunta que era feita, ela “colava” do celular a resposta, citando pautas dos trabalhadores. Mas quando abandonava o Iphone, derrapava muitas vezes na resposta. Isso ficou evidente na pergunta sobre saúde do trabalhador, que trata de condições de trabalho, e ela respondeu sobre UPAs e Unidades Básicas. Com colinha do zap zap ou não, teve coragem de enfrentar ambiente hostil para inclusive defender parcerias públicos privadas e compra de vaga em creche particular.
Falou pouco, mas agradou
Ney Leprevost chegou à sabatina na quarta pergunta. De cara afirmou que apesar de não ser o candidato natural daquele encontro, respeitava a iniciativa do sindicato e se comprometeu em receber os trabalhadores na primeira semana, se eleito. Depois aproveitou o tempo que teve para espinafrar Greca, citando sua aliança com Beto Richa, e criticar a ausência de Gustavo Fruet. Ney sabe que ele tem condições de ir ao segundo turno, substituindo o atual prefeito. Por isso, pisou em ovos nas respostas que pudessem desagradar um eleitorado de esquerda.
Domínio da pauta
Xênia Mello e Tadeu Veneri demonstraram conhecimento da pauta dos municipais. A primeira enfatizando na carga emotiva e na relação próxima como usuária dos serviços públicos. O segundo demonstrando experiência e conhecimento de quem já foi vereador em Curitiba e tem como eleitorado o funcionalismo público. No conteúdo, ambos têm concordância sobre os Institutos, sobre orçamento público, sobre credores e devedores da Prefeitura de Curitiba. O que os diferencia é a maior experiência de Veneri no debate político e sua capacidade de se contrapor a outros candidatos como quando explicou que as terceirizações e PPP tem objetivo de lucrar e não de melhorar a vida da população.