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Terra Sem Males

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Tico Santa Cruz defende que ser de esquerda é lutar para que todos tenham o que poucos têm

17 de Setembro de 2016, 20:55, por Terra Sem Males

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

Na noite de sexta-feira (16), o cantor e compositor Tico Santa Cruz, da banda Detonautas Roque Clube, participou em Curitiba de um evento promovido pelo Sindicato dos Bancários. Conhecido por seu posicionamento político, Tico também participou da gravação do programa MoviMente – mentes que movimentam, uma iniciativa da entidade em parceria com a Quem TV.

Foto: Joka Madruga/SEEB Curitiba

Foto: Joka Madruga/SEEB Curitiba

Durante o depoimento para o vídeo, o cantor relembrou sua história de vida e, conforme foi narrada, deixava cada vez mais evidente como o ativismo pelas causas sociais sempre andou junto com sua postura diante das situações adversas que ocorreram em sua vida. Na sua infância foi da classe média alta no Rio de Janeiro, morador de condomínio luxuoso, praticante de esportes sofisticados, como o hipismo. Isso até os 8 anos, quando o pai perdeu o emprego e a vida da família foi do luxo à falta de dinheiro, de bens, até mesmo de comida.

Tico Santa Cruz afirmou que chegou a se considerar de rua após a desestabilização financeira e separação dos pais, atribuindo à família de um amigo o acolhimento que teria contribuído para que ele não chegasse ao limite da criminalidade. E foi antes de chegar à fase adulta que ele se deu conta das desigualdades de classe, das diferenças de oportunidades e dos preconceitos. As perdas financeiras o acompanharam outras vezes quando se estabilizou como músico, até abraçar de vez a banda Detonautas como seu trabalho, com apoio da esposa.

Foto: Joka Madruga/SEEB Curitiba

Foto: Joka Madruga/SEEB Curitiba

Atencioso com os fãs, ao falar à categoria bancária no auditório do Sindicato, Tico Santa Cruz afirmou seu apartidarismo, esclarecendo que se posiciona contra o ódio e perseguição que existe em relação ao Partido dos Trabalhadores que não ocorre com os demais partidos, mas que isso não faz dele um petista. Disse que o brasileiro não pode ser polarizado entre esquerda ou direita, para ele uma direita burra que prega o ódio. “Não sou comunista, não me considero socialista, mas se ser socialista é ter humanidade e preocupação com questões sociais, é se preocupar se o outro tem como comer, então eu sou socialista e todo mundo deveria ser assim”, define.

O cantor afirmou que seu posicionamento político fechou muitas portas, gerou boicote, tirou sua banda da mídia. E de como é importante utilizar todas as ferramentas para furar esse bloqueio, como no tempo em que foi convidado para manter um blog no servidor da Globo. Tico também contou como fez par a usar a mídia, quando foi cantar num programa global ao vivo, para expor suas ideias. Ele entrou de jaqueta, por baixo uma camiseta de apoio aos professores quando eles estavam em greve no ano de 2015 e as mobilizações eram omitidas pela emissora.

Se surpreendeu ao ver seu nome em um dos memes sobre o ex-presidente Lula após a viralização do power point da denúncia do Ministério Público Federal contra o político. Santa Cruz alerta que quem é de esquerda não luta a favor da miséria, mas sim o contrário, pois quer que todas as pessoas tenham acessos a bens e privilégios que atualmente poucos têm.

Foto: Joka Madruga/SEEB Curitiba

Tico recebeu exemplares do jornal impresso do Terra Sem Males, um projeto de mídia alternativa. Foto: Joka Madruga/SEEB Curitiba

Tico defendeu a mídia alternativa como forma de burlar a omissão e a criminalização dos movimentos sociais. Sua militância e posicionamento político continuaram durante o show da banda Detonautas promovido pelo Sindicato em alusão ao Dia do Bancário, celebrado em 28 de agosto. Neste sábado, Tico se apresenta no Teatro Paiol, cantando Cazuza, pois as canções dele dizem muito sobre os tempos atuais..

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região promove na próxima quarta-feira, 21 de setembro, a partir das 19h, um bate-papo com Gregório Duvivier, humorista do programa Porta dos Fundos e também notório por posicionamentos publicados em sua coluna semanal num jornal impresso.

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Sabatina com candidatos à Prefeitura de Curitiba aborda estrutura e condições de trabalho de servidores municipais

17 de Setembro de 2016, 17:24, por Terra Sem Males

Líderes nas pesquisas, Gustavo Fruet e Rafael Greca ignoram o debate e não comparecem para dialogar com trabalhadores da Prefeitura

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

Na tarde deste sábado, 17 de setembro, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) promoveu uma sabatina com os candidatos à Prefeitura. O formato proposto foi a abordagem de cinco temas de interesse da categoria, como condições de trabalho, estrutura, orçamento da cidade, terceirizações, assédio moral e atuação dos prefeituráveis sobre os temas saúde, educação infantil, segurança.

A presidente do Sismuc, Irene Rodrigues, coordenou a sabatina formalizando as perguntas, instigando os candidatos e se posicionarem sobre temas polarizados no país, como a utilização de parcerias público-privadas para execução de serviços, defendida por Maria Victória e repelida por Requião Filho, Xênia Mello e Tadeu Veneri, que destacou que é contra as PPPs dizendo que a maior fonte de arrecadação é o Estado e o que está em discussão é o que o Estado atende.

A humanização das relações entre a gestão da Prefeitura e os servidores, e entre os servidores e a população, permearam o tom das respostas.

A questão sobre o orçamento municipal teve as mais diversas propostas quanto à arrecadação. Requião Filho propõe o aumento de arrecadação com diminuição de impostos. Para ele, para que as pessoas consigam pagar, pois a maioria dos devedores devem pouco e quem deve muito seriam os grandes grupos empresariais. Xênia defendeu a implementação do IPTU progressivo e o enfrentamento à Lei de Responsabilidade Fiscal. Maria Victória falou sobre governo participativo e de divulgar a cidade para trazer feiras e investimentos. Ademar Pereira destacou que a Prefeitura deve deixar as pessoas e as empresas trabalharem, pois para ele a gestão quer arrecadar mas não faz a parte dela.

A sabatina foi iniciada já com 15 minutos de atraso com somente três dos candidatos presentes: Tadeu Veneri (PT), Requião Filho (PMDB) e Ademar Pereira (Pros). A candidata Xênia Melo (Psol) chegou ainda durante a primeira pergunta, Maria Victória (PP) a partir do segundo tema tratado. Ney Leprevost (PSD) chegou ao final e utilizou seu espaço reduzido para prometer aos servidores que o Sismuc seria chamado para conversar na primeira semana após a posse. Gustavo Fruet (PDT), que tenta a reeleição, e Rafael Greca (PMN), que aparece liderando as pesquisas de intenção de votos, ignoraram o chamado dos trabalhadores, sequer responderam ao convite e não compareceram à sabatina. Afonso Rangel havia confirmado mas cancelou sua participação.

O Sismuc realizou a cobertura em tempo real abordando as falas dos candidatos. Acesse facebook.com/sismuc.sindicato

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Orquestra sinfônica do Paraná e Balé do Teatro Guaíra dependem de orçamento e regularização profissional para tocar apresentações

16 de Setembro de 2016, 14:36, por Terra Sem Males

Por Manoel Ramires
Publicado originalmente na revista Ágora de setembro/2016

A Orquestra Sinfônica e o Balé do Teatro Guaíra são dois dos principais patrimônios culturais do Paraná. A OSP foi fundada em 1985, tendo em sua história se apresentada com mais de 40 maestros e pelo menos 200 solistas. A orquestra contabiliza mais de 500 apresentações, tendo em seu repertório executado compositores nacionais e internacionais. Já o Balé do Teatro Guaíra goza de mesmo prestígio. Mais velhinho, fundado em 1969, coleciona em seu currículo apresentações do balé russo como Glazunov, Tcahikowski e Stravinski, acrescidos do incremento de dança contemporânea a partir de 2011. Juntos, A OSP e o BTG encantaram públicos com apresentações como “Quebra-Nozes” de Tchaikovsky e “Romeu e Julieta” de Prokofiev, além da participação nas óperas “Carmen” de Bizet, “Viuva Alegre” de Lehar e “La Bohème” de Puccini, entre outras obras.

Atualmente, tanto a orquestra quanto o balé estão em grandes momentos artísticos. A OSP tem feito enorme sucesso como seu maestro alemão Stefan Geiger. Já o balé tem sido coreografado por dois alemães, um italiano e, no segundo semestre, por um coreografo coreano.

Contudo, esse vasto repertório esconde trajetória de muita dificuldade para os músicos e bailarinos.  Desde 1992 não acontecem mais concursos públicos para ingresso no Balé Teatro Guaíra e desde 1996 para ingresso na Orquestra Sinfônica do Paraná. A partir de 1998 as vagas remanescentes da Orquestra e do Balé Teatro Guaíra passaram a ser preenchidas através de contratos temporários de serviço. A terceirização profissional no governo Jaime Lerner foi alvo de polêmica no governo Requião até a criação da “Lei de Cargos Comissionados de Natureza Artística”, que regularizava contratações irregulares. Contudo, a lei foi questionada pelo Ministério Público em uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin). O impasse persiste até o governo de Beto Richa quando, em julho de 2014, o “caminho encontrado” é a criação de Serviços Sociais Autônomos (SSAs) denominado de Palco Paraná, que visava regularizar a situação dos profissionais.

Todavia, os profissionais têm pressa, uma vez que o Tribunal de Justiça do Paraná considerou ilegal, em julho deste ano, a lei criada no governo Requião. Com isso, 27 músicos da OSP e 22 bailarinos do BTG tiveram que ser contratados pelo Serviço Autônomo. Já outros 32 funcionários do corpo técnico e administrativo tiveram vínculos consolidados via cargos comissionados em lei já aprovada pela Assembleia Legislativa do Paraná.  Mesmo assim, os artistas têm dúvidas com relação à divisão dos grupos entre os contratados do PalcoParaná e os via cargos comissionados. Outra ansiedade trata do financiamento para as atividades, como conta o músico José Dias de Moraes Neto, da direção da AMOSP, Associação dos Músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná, e representante de todos os funcionários do CCTG junto ao Conselho Diretor.

“O PalcoParaná tem dotação de verba de R$ 430 mil para este ano. A polêmica no momento está se dando em torno da dotação orçamentária para 2017. O Centro Cultural do Teatro Guaíra solicitou R$ 12 milhões anualmente. Contudo, a Secretária da Fazenda (SEFA) quer liberar apenas 8 milhões para um projeto já enxutíssimo, até mesmo sem contemplar algumas funções essenciais”, observa Zeca Moraes.

No fim de agosto, a classe foi recebida pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Paraná para discutir os contratos. O presidente da Comissão, Péricles de Mello (PT), afirmou que a Alep buscará garantir recursos para a cultura. “os artistas vão entregar um documento com toda a demanda do teatro e nós vamos marcar uma audiência pública com o secretário de Cultura. Precisamos que o governo entenda e tenha sensibilidade com esse momento”, sustenta.

Para o músico Zeca Moraes, a negociação orçamentária é urgente. “Os músicos e bailarinos têm envidado grandes esforços para conseguirmos a dotação orçamentária completa. Entendemos que essa é uma negociação que se dará entre nós, a secretaria de cultura de um lado e a secretaria de finanças do outro”, completa.

Seleção

Mesmo já pertencendo ao corpo artístico do Balé e da Orquestra, os profissionais estão sendo obrigados a participar de novo processo seletivo para integrar o PalcoParaná. Para os profissionais, não é caso de comprovar qualidade profissional, pois o que deve ocorrer é apenas mudança de status funcional, em que passam de comissionados a celetistas. A “prova de ingresso” via Processo Seletivo Simplificado pode atrapalhar ensaios e coreografias dos músicos e bailarinos.

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Cinco jogos inesquecíveis do Paraná Clube no Serra Dourada

16 de Setembro de 2016, 13:37, por Terra Sem Males

por Marcio Mittelbach
Guerreiro Valente, Terra Sem Males

Depois de duas partidas seguidas em casa, uma pitada de alegria e muita de reflexão, o tricolor pegou a estrada, foi até o Centro-Oeste onde enfrenta o Atlético-GO neste sábado, 17 de setembro, às 16h. Apesar de enfrentar um adversário embalado, que não perde há cinco jogos e está no G4 desde o início da competição, o Paraná tem boas recordações do palco do confronto, o Serra Dourada.

Reunimos cinco desses grandes momentos para você curtir.

1 – Goleada nas oitavas de final da Copa JH

0 x 3 – 25/11/2000 – O Paraná havia sido campeão do módulo amarelo, 2ª divisão, e o Goiás o segundo colocado do módulo azul, 1ª divisão, naquele ano atípico em que as três divisões tinham representantes na reta final. A brilhante campanha do Goiás, liderada pelo atacante Dill, não resistiu ao tricolor que goleou com gols de Flavio Guilherme, Gil Baiano e um gol contra.

2 – Virada com direito a gol antológico  

1 x 2 – 4/6/2006 – Naquele ano de ouro do tricolor na série A, o Paraná construiu o 2 x 1 com um gol do lateral Ângelo cobrando  falta – como ele cobrava bem – e outro, no apagar das luzes, no chute de trás do meio-campo do zagueiro João Paulo.

Confira AQUI as imagens

3 – Impiedoso

0 x 3 – 14/6/2011 – Diante do até então maior público da série B naquele ano – 22 mil pagantes – o tricolor emplacou 3 a 0 com gols de Giancarlo – o Cone -Everton Garroni e Lima.

Confira AQUI as imagens

4 – Salão de festas   

0 x 1 – 15/10/2011 – Com gol de Douglas Packer, o Paraná garantiu a segunda vitória no Serra Dourada em 2011: 1 x 0 sobre o Vila Nova.

Confira AQUI as imagens

5 – Dois a zero Morales

0 x 2 – 3/8/2013 – No ano em que o Paraná mais chegou perto de retornas à série A, vencemos o Atlético-GO com dois golaços do argentino JJ Morales. Vitória que permitiu o tricolor entrar no G4 naquela oportunidade.

Confira AQUI as imagens

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Coletiva com o ex-presidente Lula sobre as acusações sem provas do MPF

15 de Setembro de 2016, 13:22, por Terra Sem Males

Transmissão da TVT

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MPF vira piada na denúncia contra Lula

15 de Setembro de 2016, 13:00, por Terra Sem Males

por Manoel Ramires
Pinga-fogo, Terra Sem Males

O maior esquema de corrupção de todos os tempos. O chefe de uma organização criminosa. Uma propinocracia. Várias frases de efeito que viraram pó com a síntese da coletiva que denunciou o ex-presidente Lula: “Não temos prova. Mas temos convicção”.

Como assim o líder da maior organização criminosa do Brasil atuando desde 2002 em um esquema de mais de 70 bilhões de reais não tem provas contra ele? Pois é, mas é assim. Em um esquema dessa magnitude Lula se beneficiou, segundo a acusação, de um apartamento com reformas que não foram entregues, do aluguel de um box e de um sítio que tem dono. Ora, um bilhão ou um centavo, corrupção é corrupção. Exatamente. O problema é que a denúncia não tem provas, mas apenas desejo.

Escutas

É curioso que os promotores da Lava Jato não tenham apresentado nenhuma mísera delação premiada dos empreiteiros contra Lula. Já os R$ 10 milhões de Michel Temer, ou os R$ 23 milhões de José Serra, ou ainda o “esquema de Aécio todo mundo conhece” foram delatados e cuidadosamente deixados de lado. Já Lula, dos áudios vazados com a presidenta Dilma, não aparece um áudio mostrando como ele operava o maior esquema de corrupção nacional. Lula devia manipular por sinais de fumaça, mas não tenho certeza disso.

Coletiva Power Point

Mais uma vez, os promotores da Lava Jato fizeram um favor a Lula. Após meses de investigação, apresentaram como indícios, já que provas não têm, os mesmos fatos já narrados exaustivamente. Mas pelo menos com uma inovação: desenharam no power point para todos entenderem.

Frases embaralhadas

Aliás, já que ninguém tem muita convicção de muita coisa, podemos tirar a citação a Lula, se acharem melhor, pois é certo que ele será culpado pelo “domínio do fato”, afinal,  a investigação do MPF é pela família, ordem e progresso e não reclame, trabalhe. Enfim, falam muito.

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O mundo paralelo do fazer jornalismo independente

15 de Setembro de 2016, 10:59, por Terra Sem Males

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

Imagine uma ferramenta online que quando você acessa, abre um mapa similar ao Google Earth ou Maps. Pense numa localização qualquer, o prédio onde você mora por exemplo. Essa ferramenta de pesquisa online permite que você selecione um ponto específico num mapa, como o seu prédio, e em poucos segundos aparecem na sua tela do computador todas as interações online em redes sociais que ocorrem no seu prédio no momento da consulta. E se você clica em qualquer dos ícones, pode verificar qual perfil está interagindo e o que essa pessoa está postando, curtindo, comentando.

Essa ferramenta de pesquisa foi apresentada por Paul Myers, jornalista da rede norte americana BBC e da researchclinic.net, como uma de tantas outras utilizadas atualmente por profissionais da comunicação na busca por mais informações sobre determinada pauta. Ele esteve no Brasil no final de junho, em São Paulo, para palestrar no 11º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. O público era formado por estudantes de jornalismo, mas também por profissionais tarimbados da chamada mídia hegemônica comercial. Representantes da TV Globo, de grandes portais de notícias do país, dos jornalões Estadão, Folha de S. Paulo, o Globo. Uma troca fascinante de experiências pelo mundo, da mídia comercial e da independente. Mas não tinha lá nenhuma referência à comunicação sindical ou popular.

Posso citar aqui exemplos que nos levem a concluir que nossa forma de abordagem, de estrutura, de encarar o público-alvo, talvez até de linguagem, se caracterizam defasadas. Em tempos de excesso de informação (de qualidade ou idoneidade questionáveis) que circula pela internet, de facilidade de viabilização de blogs de notícias, de coberturas midiáticas em tempo real (independente de serem jornalísticas), o jornalismo sindical parece não ocupar todos os espaço que surgem de informação espontânea, principalmente nas redes sociais. Continuamos, de certa forma, implorando para que trabalhadores de nossas categorias de representação acessem nosso conteúdo.

Esse mesmo congresso de jornalismo foi encerrado por Bob Garfield, âncora do programa “On the mídia”, também norte-americano, que teve a missão de falar sobre o futuro do “fazer jornalismo”. Ele foi categórico. Não existe mais investimento em propaganda. O jornalismo não se sustenta mais por anunciantes. Podemos procurar inúmeras alternativas (e utilizar várias delas) para tentar a viabilização financeira do produzir informação. Mas para ele, o futuro do jornalismo está no Facebook. Compreendi essa resposta como uma forma barata de viabilização. Pois as pessoas estão nas redes sociais e consomem informações das redes sociais.

A comunicação popular e independente em Curitiba está grosso modo sendo produzida por jornalistas sindicais ou dos movimentos sociais. E de forma voluntária, nas horas vagas. Porque não há verba disponível, ou se existe é restrita nesses espaços. Posso compartilhar de minha experiência e atuação. Sou jornalista sindical. E ter esse vínculo empregatício me permite a militância e o trabalho jornalístico voluntário no site Terra Sem Males, em que atuo como repórter e editora. E também no jornal Brasil de Fato, em que sou colunista com a temática sindical. Também contribuo com reportagens especiais para a revista Ágora, produzida mensalmente pelo Sismuc, o sindicato dos servidores municipais de Curitiba. Podemos atuar em todos esses projetos sem conflitos de interesse, porque eles se complementam, visando o objetivo maior de falar com os trabalhadores e para os trabalhadores. E de disputar a hegemonia midiática, com a aproximação dos movimentos sociais e sindicais ao público comum.

O Terra Sem Males é um projeto que em um ano tem crescido com conteúdo próprio, mas que ninguém investe financeiramente para que a produção de conteúdo continue. Site, jornal impresso temático e força de trabalho são voluntárias, financiadas com verbas salariais próprias da equipe investidas na produção de conteúdo. E existem muitas iniciativas semelhantes que os sindicatos poderiam se apropriar.

É uma conta simples, que poderia fechar: os sindicatos precisam inovar suas ferramentas de comunicação e têm verba para isso. Os comunicadores populares têm ideias originais, vontade de produzir mas são limitados pela falta de verba para financiamento. Uma situação deveria fomentar a outra. Mas isso, de fato, não acontece, ou raramente.

A comunicação sindical pode e deve se render às inovações e fomentar parcerias visando a unificação com os movimentos sociais e demais categorias de trabalhadores. Porque, como dizia Vito Giannotti, os meios de comunicação não vão se democratizar. Nós temos que arregaçar as mangas e fazer os nossos próprios veículos de comunicação. E diria mais: investir em formação, em estruturação, na boa vontade dos jornalistas e comunicadores populares.

 

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Ponto de fuga

15 de Setembro de 2016, 10:47, por Terra Sem Males

Conto de Pedro Carrano, do livro Meninos sem Matilha, que deve sair em breve

Não entendi por que aquela Kombi estava estacionada na frente do prédio, sendo carregada de livros, que já preenchiam toda a caçamba. Não havia outro vizinho que lesse tanto como o meu pai. Então os livros só podiam ser dele mesmo. Naquela pilha eu reconheci a marca do pai. Todos eles brilhavam, mantinham as lombadas intactas e as páginas pouco amareladas. Lá estava uma edição de O Velho e o Mar, um dos seus primeiros livros, que há pouco tempo ocupava um espaço privilegiado na biblioteca, na frente da escrivaninha. Agora era um livro antigo apenas, jogado de qualquer jeito. Não eram só as obras que estavam sendo jogadas dentro da Kombi. Os recortes de jornal, os fichários, diários de trabalho, os esboços também! Quilos de pastas com uns trinta anos de pesquisa. Quantas famílias de escritores não dariam tudo pra ter acesso àquele material? Meu pai é o verdadeiro parente dos escritores. Aquelas pastas guardavam tudo sobre eles. Com a internet, muita gente dizia que era uma besteira isso. Eu mesmo nunca mais colecionei recortes sobre futebol. A rede tem milhares de imagens de jogadores, não tem mais sentido ficar recortando do jornal. De repente um gelo percorreu minhas costas. Imaginei que meu pai fosse se mudar. Mas só os papéis eram removidos da casa. “Seu Ricardo deu uma saída, mas volta depois do almoço”, disse o cara que carregava os livros. Ele cruzava o meu caminho com indiferença, pouco se importando se tinha em mãos fragmentos da nossa vida. Por que não cortam as árvores? Por que não mudam a pintura da casa e pronto? O impacto foi pior ainda quando entrei. O cômodo principal da biblioteca doía na vista mais do que um deserto, pior do que um vazio. Sem cuidado nenhum o desgraçado da Kombi ia desmontando trinta anos de trabalho. Ao menos demonstrasse constrangimento! O alvo das críticas da minha mãe e do marido dela era esse: meu pai não se apega às coisas práticas da vida. Carro, computador, fax, telefone, churrascaria, datas, aniversários, televisão, gravata, vasos, cortina, a nada disso ele dava valor. Apenas aos livros. Minha mãe exagera. O velho, ex-sindicalista e funcionário de banco, ultimamente andava atrás de um emprego. Tentou até o concurso do Censo do IBGE, ao lado da moçada nova, e dos grisalhos que ainda não podem se aposentar. Claro que ele sente a realidade, ninguém escapa desse minotauro. “A gente vai pro almoço, mas avisa o seu Ricardo que está quase tudo certo”. Não olhei pro cara. Como ele podia dizer que estava tudo certo? Foi aqui que eu descobri o que é a solidão de uma pessoa, e até hoje não sei se a solidão é um gesto de coragem. Mas, quando estou no campo, aguardando um passe, é na biblioteca que eu penso, na solidão do meu pai travando uma batalha contra os livros. Súbito bate uma angústia. Me sinto culpado. Aprendi tudo em silêncio, disfarçando, falando de futebol. Uma vez perguntei: “O que um poema tem a ver com a realidade?” Um elefante não pisaria tão forte. A porta abre e ouço meu pai caminhando pela sala. Seus passos ecoam pela casa vazia. Caverna abandonada. Casa depois do despejo. Como ele consegue andar neste descampado sem tropeçar na falta de referências? Como ele pode dizer “Oi filho, já almoçou?” e não olhar pro musgo e pro mofo das paredes nuas? “O cara da Kombi estava aí quando você chegou?” Gaguejei. Não respondi nada. Seu olhar não se detém em direção alguma, recusa-se a olhar para mim. Meu pai olha apenas a fumaça do seu cigarro dispersando-se pela janela.

 

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Só Jesus salva

15 de Setembro de 2016, 10:32, por Terra Sem Males

por Manoel Ramires

Avanti Palestrino, Terra Sem Males

A partida contra o Flamengo era tida para reforçar a convicção dos palmeirenses de que esse é um ano de título. Mas a partida mostrou uma equipe cometendo erros de início de campeonato. O empate com o rubro negro acaba sendo um bom resultado para ambas as equipes.

Com um jogador a mais desde a expulsão de Márcio Araújo no fim do primeiro tempo, o Palmeiras não pode cravar que dominou a partida. Pelo contrário, foi dominado nos 15 primeiros minutos de jogo e apenas teve mais posse de bola na segunda etapa devido ao jogador a mais. “Vantagem” que relaxou demais a marcação e permitiu o gol de abertura do Flamengo numa falha horrível de posicionamento de Zé Roberto.

Após isso, o Palmeiras mudou jogadores e posicionamento diversas vezes. Dudu armou, depois virou ponta direita e terminou como ponta esquerda. O mesmo aconteceu com os jogadores de meio campo que variavam o posicionamento, mas sem levar perigo a boa postura defensiva rubro negra. Coube a Gabriel Jesus, mas uma vez no sacrifício, achar o gol de empate em uma sobra de bola.

Jesus salvou a liderança nesta rodada e tomou o terceiro amarelo. Não joga contra o Corinthians e terá enfim merecido descanso. Restará torcer para que o time jogue bem contra o pressionado Corinthians que não vence a dois jogos – como o Palmeiras – e saiu do G4.



Labaredas na Repar: uma história mal contada

14 de Setembro de 2016, 16:47, por Terra Sem Males

Por Davi Macedo
Sindipetro PR/SC

O caso das enormes labaredas que saiam das tochas da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na noite de ontem (13), causou preocupação aos moradores do entorno da unidade e chamou a atenção da população dos bairros da zona sul de Curitiba. Os clarões no céu puderam ser observados de longas distâncias.

Muitas versões apareceram na imprensa, desde “incêndio gigante” a “procedimento padrão”. O acontecimento evidenciou dois problemas recorrentes na Repar: comunicação e segurança. Com relação à comunicação, a Petrobrás passou por uma reestruturação interna que acabou extinguindo essa gerência na Refinaria. A ausência de uma resposta rápida e oficial abriu caminho para informações desencontradas.

Ainda na noite de ontem, o Sindicato buscou informações diretamente com a gestão da Repar e a resposta foi de que os fortes ventos causaram uma instabilidade operacional. As rajadas destelharam a casa das grandes máquinas da U2200 (Unidade de Craqueamento Catalítico). Alguns fragmentos de telhas atingiram o intertravamento do compressor de gases C2201. A situação levou ao desvio de cerca de 5 mil m³ de gasolina e gás liquefeito de petróleo (GLP) que foram incinerados nas tochas, gerando as enormes labaredas. Cabe ressaltar que esse é o procedimento padrão nesse tipo de ocorrência.

A versão da empresa sobre o caso de ontem ressalta ainda os problemas de segurança. Em 2012 houve outro destelhamento na U2200 após vendaval e não foram tomadas ações que evitassem a reincidência. Não é admissível que uma simples ventania coloque em risco as operações da refinaria, os trabalhadores e a comunidade do entorno da unidade industrial.

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