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Terra Sem Males

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

|GV Inferior| Furacão no G4

11 de Julho de 2016, 22:13, por Terra Sem Males

Por Roger Pereira
Terra Sem Males

Com um Weverton em noite quase perfeita, uma defesa segura, fulminante no contra-ataque e implacável com as falhas do adversário, o Furacão venceu o Cruzeiro, nesta segunda-feira, no Mineirão, chegou as 23 pontos, assumindo a quarta posição do Campeonato Brasileiro.

A postura do time na vitória diante da Raposa, mostra o retrato do que se pode esperar do Furacão na atual temporada. Uma equipe tecnicamente limitada, mas taticamente disciplinada e, por isso, bastante competitiva. Um time com a cara de Paulo Autuori. Ciente de suas limitações, o Furacão foi dominado pelo adversário durante todo o primeiro tempo, com o Cruzeiro chegando a ter 67% da posse de bola.

Mas, bem fechado, não deu muitas chances claras ao adversário e, quando deu, contou com a intervenção precisa de Weverton. Numa falha individual do zagueiro cruzeirense, no meio do segundo tempo, Pablo abriu o placar. Num contra-ataque muito bem tramado, minutos depois, André Lima aumentou a conta. E ainda deu tempo de fazer o segundo dele e o terceiro do Furacão.

A quarta posição, quatro pontos atrás do terceiro lugar (Grêmio) e três à frente do décimo (Atlético-MG) pode até ser o topo que o Furacão consiga alcançar neste Brasileirão, talvez não tenha punch para brigar com Corinthians e Palmeiras. Mas, se conseguir chegar até o final do torneio brigando por uma posição na Libertadores, certamente a torcida ficará bastante satisfeita, voltará a lotar a Baixada e, quem sabe, levar o clube aos 40 mil sócios que a diretoria tanto almeja.

Nas próximas duas rodadas, o Furacão joga em casa e contra dois times da metade inferior da tabela (Vitória e Fluminense). Ótima oportunidade para os atleticanos fazerem sua parte, o time somar esses fundamentais seis pontos e se consolidar entre as equipes que vão brigar por essa vaguinha no torneio continental.

A forma de jogar, do Furacão, no entanto, precisa mudar para essa partida. Se, jogando como time pequeno, o Atlético surpreendeu o Cruzeiro e conquistou esse grande resultado no Mineirão, feito que já tinha conseguido contra o São Paulo, no Morumbi, ao enfrentar adversários mais frágeis e em casa, o Atlético que precisa se impor, mandar nos jogos desde o começo. E, quando precisou fazer isso, teve dificuldades, como nas apertadas vitórias sobre o América, o Figueirense e o Santa Cruz. Está na hora de um grande jogo na Baixada.

Vamos, Furacão!!

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FOTOS EXCLUSIVAS | Tropas russas permanecem na Chechênia

11 de Julho de 2016, 11:49, por Terra Sem Males

Por Joka Madruga
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Desde a queda da União Soviética, os chechenos se declaram independentes da Federação Russa, que não reconhece e mantém tropas militares no território. A capital da República tem referências aos lideres Ramzan Kadyrov, presidente da Chechênia e ao presidente da Rússia Vladimir Putin.

“As imagens expostas retratam a estabilidade e paz no território, mas constatamos a presença de repressão armada à população, que ainda apoia a separação da província”, relata o fotógrafo Francisco Proner Ramos, que está percorrendo a região com seu pai e sua irmã, no projeto Nossa Grande Viagem.

Para saber mais deste projeto, clique aqui.

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

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O sumiço do Diabolô: Capítulo II – Ele disse não

8 de Julho de 2016, 17:38, por Terra Sem Males

Por Regis Luís Cardoso
LP – Crônicas musicais
Terra Sem Males

Venho por meio desta, com sua permissão, apresentar-me como Diabolô. Uso desse nome, pois assim sou conhecido.

Como eu vim parar aqui?

Em uma breve análise, vi que já era hora de chegar com os dois pés na porta, definir uma metodologia e esquecer que um dia pensei que isso fosse tarde demais.

Olhar pra trás e ver os estilhaços. Saber que essa explosão se espalhará pelo chão, atemporal e num só movimento.

Agora já não me vejo mais parceiro da minha ‘autosociedade’. Minha consciência tenta clamar uma volta, mas não tenho mais hora pra voltar! Vou agir sozinho.

Fiz da minha vida um contrato falso. Com cláusulas desconfiadas, cercado de pessoas que se mantém cúmplices de tudo.

Os segundos podem ser curtos, mas a intensidade do que vier a acontecer pode redirecionar nossas vidas.

Cansado de falar sozinho e blasfemar meu ódio à sociedade, aqui vou eu… pois ainda há tenho tempo pra me vingar.

Com lágrimas Dionísio e Porco Fumo leem os manuscritos do amigo espalhados pelo quarto. Diabolô havia sumido e ninguém sabia seu paradeiro (leia capítulo I).

Porém, após uma triste caminhada de averiguação cotidiana, mesmo que desanimados, em direção ao bar; tiveram uma surpresa: a porta estava aberta!

Era o que eles precisam, do “Bar do Diabolô”.

Quando entraram viram uma outra pessoa. Se apresentaram e aquele homem revelou-se o irmão desconhecido do sumido amigo. Ele estava empilhando as coisas. “Diabolô não voltará” – disse ele.

Depois do choque, os amigos tiveram permissão pra entrar nos cômodos escondidos daquele lugar.

Foi então que se depararam com frases escritas nas paredes do quarto do amigo, garrafas vazias pelo chão, livros jogados, discos quebrados. Mas o que mais intrigou os amigos foram os manuscritos.

– Alô.

– Fala Djou, beleza?

– Beleza. É quem?

– É o Diabolô.

– E aí, o que manda?

– Eu quero aquele brinquedinho. Preciso fazer uma viagem e vou levar…

– Ok. É só passar aqui com a grana e pegar, meu chapa.

– Claro. Até mais.

Diabolô foi até um sítio no interior de Curitiba encontrar um antigo camarada. Ele estava disposto a comprar uma Glock Calibre 380.

Sou uma máquina, desgovernada, indo em sua direção, em rota de colisão, em rota de colisão” – Diabolô cantava mais uma música do Inocentes.

“Foda-se se Eduardo Cunha recebia propina por suas atividades ilícitas

Não me importa se Bolsonaro é e tem fieis fascistas e Feliciano também

Ou se Romário protege Eurico Miranda e é só mais um palhaço, igual ao Tiririca”

Os amigos liam coisas bizarras e começavam a se surpreender com tanto ódio.

– Onde será que esse cara se meteu?

– Não sei Dionísio. Você sabe que eu sei tanto quanto você. Que saco, pare de repetir essas mesmas perguntas de merda.

– Calma cara. Isso aqui já é muito ódio em uma pessoa só!

– Depois de acabarmos aqui vamos até o irmão dele matar nossa curiosidade.

– Mas ele não quis dizer nada!

– Uma hora ele vai ter que abrir o bico; ou então não sairemos daqui.

O nervosismo abalara ambos. Eles se perguntavam sobre o amigo, mas não sabiam nem das raízes de Diabolô; muito menos se aquele cara que estava no bar era realmente seu irmão.

– Cara, você é o único que pode me ajudar.

– O que você ainda quer de mim?

– Eu preciso de ajuda. Tudo voltou!

– O que você ainda quer de mim? Já te dei um bar. Já te dei dinheiro. O que você ainda quer de mim?

– Você é meu irmão, é a única coisa que ainda me resta.

E o telefone desligou.

Diabolô já não tinha mais chão. Todos os problemas misturados  com a realidade fizeram o passado vir a tona, as lembranças voltaram.

O plano de Diabolô era algo amador. Era como um ataque terrorista. Como um blitzkrieg nazista chapado do metanfetamina e armado com uma Glock.

Mesmo assim, comprou sua passagem pra Brasília…

E lá foi ele com sua arma, uma confusão em sua cabeça e todo o rancor que uma pessoa pode carregar na bagagem.

Diabolô entrou no ônibus, ainda estava sozinho na poltrona; e sem explicação começou a chorar. Logo depois, uma senhora de idade se aproximou, ofereceu um lenço e também se sentou.

“Está tudo bem? Pelo jeito teremos uma longa viagem” – disse ela.

PF olha pra Dionísio e fala com lucidez:

Olha cara, essas coisas que estamos lendo são tão loucas que fico assustado. Será que ele foi fazer alguma besteira? Eu sinceramente espero que não. Espero que ele esteja vendo que nada vale a pena, que tudo é falso. Olha tudo que estamos vendo! O show de horrores não tem fim. O Temer tirou de tramitação urgente as pautas contra a corrupção e ninguém está faz nada. Nós não fizemos nada!

Se todo aquele alvoroço do povo, nos últimos anos, era contra a corrupção, o que está acontecendo? Por que esse silêncio da sociedade? A prioridade não era o combate a corrupção? Ninguém reage.

Não sei o que dizer. Se eu fosse um serial killer, estaria deprimido, pois faltaria munição pra me vingar de tanta gente estúpida. Será que ele viu o Cunha chorando?  Será que ele está vendo toda essa conspiração pra salvar esse bandido?”.

Estava na hora de resolver algumas coisas.

Foi quando os dois amigos levantaram e foram em direção ao que disse ser irmão do Diabolô.

– São lágrimas sinceras de quem não acredita mais em promessas – disse Diabolô a senhora ao seu lado.

Então o ônibus ligou. Ele olhou a paisagem em movimento. Sabia que sua decisão era uma porta fechada pra vida; porém o que não sabia é que a vida pode estar pro lado de dentro da janela, bem ao nosso lado.

Ele apenas se recusou

Antes que fosse tarde demais

Pois sabia que se aceitasse

Não poderia voltar atrás

Em seu olhar estava a resposta

Mas ninguém conseguiu entender

E ficaram a se perguntar

Por que?

 

Ele disse não!

 

Ele próprio fechou suas portas

Ele próprio se proibiu

E ninguém conseguiu entender por que

Ele disse não!

 

Ele nunca iria aceitar

Que suas palavras se perdessem no ar

Queria que elas fossem livres

Sem regras para as governar

Não queria se prostituir

Não queria se enganar

Decidiu então se calar

 

Ele disse não!

 

Muita coisa podia ter mudado

Mas ele nunca ia se perdoar

Se perdesse o controle das coisas

E acabasse por se entregar

Queria fechar os olhos e dormir

Olhar no espelho e poder se ver

Não queria participar dessa farsa

Como eu

Como você

 

 

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As maldades ocultas contra os trabalhadores no Projeto de Lei 4193

8 de Julho de 2016, 15:28, por Terra Sem Males

Por Márcio Kieller
Secretário Geral da CUT Paraná e Mestre em Sociologia Política pela UFPR
Terra Sem Males

Os golpistas do governo interino de Michel Temer e sua base de apoio na Câmara e no Senado Federal fazem o jogo de interesses de alguns grupos políticos bem específicos. Mesmo tentando escondê-los em seus objetivos, não podem esquecer que estão a serviço desses grupos que não são altruístas ou preocupados com a maioria da população brasileira, muito pelo contrário “egoístas” preocupados somente consigo mesmos em lucrar e lucrar a qualquer custo.

Podemos observar isso com as recentes medidas impopulares que estão sendo aprovadas no Congresso Nacional, onde existem mais de 60 pautas de viés elitista, retrógrado e conversador que somente trarão para as trabalhadoras e trabalhadores retrocessos enormes do ponto de vista de suas conquistas e avanços sociais dos últimos anos.

Quero nesse breve artigo tratar da questão que tramita no Congresso Nacional do projeto de lei 4193, que versa sobre a validade do acordado sobre o legislado nas negociações entre patrões e trabalhadores no Brasil.

Hoje existe para todos os trabalhadores brasileiros que tem sua carteira assinada uma série de regras e de benefícios que são por assim dizer “cláusulas pétreas”, garantidas pela Consolidação das Leis do Trabalho – a CLT, aprovada durante o Governo Vargas em 1943. Mas os grupos a que nos referimos acima não gostam da manutenção dessas garantias. Por isso a aprovação desse projeto de lei do acordado sobre o legislado no Congresso Nacional muito nos preocupa, pela faceta reacionária e conservadora do grande empresariado urbano e rural no Brasil, o que torna, ainda nos dias de hoje, a CLT é um instrumento fortíssimo de garantia da manutenção para as trabalhadoras e trabalhadores que tem a garantia desses benefícios. Mas como dissemos há quem não goste dessas garantia desses direitos essenciais que os trabalhadores tem há várias décadas e querem acabar com elas, trazendo para as mesas de negociação a tese que o é acordado é mais forte e vale mais que o legislado.

Essa tese é para o movimentos sindical e, principalmente o movimento sindical cutista, extremamente perigosa e capciosa, pois somente em casos muito raros é que teremos algo melhor no acordado do que no legislado, ainda mais conhecendo historicamente como conhecemos a lógica do lucro que dá norte aos maiores e poucos representantes da elite do empresariado nacional. Haja vista que não podemos esquecer o pronunciamento de um alto representante da FIESP, aquela mesma que não quer pagar o pato, que declarou que os trabalhadores poderiam ter somente 15 minutos de almoço. Quem faz uma declaração dessas não tem compromisso nenhum com desenvolvimento humano, com a responsabilidade social ou outra coisa qualquer que não seja o lucro e a ganância.

A lógica da acumulação no mundo do trabalho segue a lógica matemática onde só ganha um, quando o outro perde, lógica essa expressa na sequência de retirada de direitos temos observado em curso tanto na Câmara como no Senado Federal, que se aprofunda de sobre maneira após o golpe institucional de maio de 2016. Então, vejamos aí o perigo de deixarmos passar a possibilidade de se alterar a lei da CLT permitindo que acordos tenham mais valia que a lei. Pois a composição desse congresso não representa de fato as trabalhadoras e os trabalhadores, pois se nos atemos num pequeno exemplo da representatividade da classe trabalhadora no Congresso Nacional é de menos de 15% por cento, enquanto a classe trabalhadora é com certeza mais de 70% da sociedade brasileira, excluindo somente os aposentados, as crianças o os ainda muito jovens. Não foi à toa que os principais meios de comunicação identificaram que essa legislatura do Congresso Nacional é a mais conservadora desde o Golpe Civil Militar de abril de 1964. Ou seja, na própria constituição do Congresso já estavam algumas variáveis da construção do movimento que desembocou no golpe institucional de estado no Brasil. E as consequências dessa representatividade temos visto ultimamente, cortes de verbas de setores estratégicos de desenvolvimento na sociedade, como educação, cultura e saúde dentre outros, tudo para o aumento do pagamento dos juros da dívida pública.

O aprofundamento da revisão das pautas em que as trabalhadoras e trabalhadores tiveram avanços para jogá-las novamente para o atraso e descompromisso social com as classes menos favorecidas. Enfim, esse estilo de negociação por si só é um mau exemplo, pois se é bom para o trabalhador geralmente é considerado que não bom para o empresário e por esse motivo simples tem que estar na lei. Pois se somente consegue algo melhor do que se está na escrito na lei para os setores da classe trabalhadora que tem um sindicato forte, organizado e representativo. O que não acontece com muitas categorias no Brasil. E como na econômica, assim como na política, não existe almoço grátis alguém vai pagar a conta, nesses caso geralmente são as trabalhadoras e os trabalhadores com pouca ou nenhuma organização sindical. Assim sendo, a regra será que nada que não for além do legislado quando negociado poderá trazer vantagens, quando isso acontecer será exceção. Só nos resta afirmar que o acordado precisa ir além do legislado, mas não se pode abrir mão do que está na lei, sob pena de perda de direitos históricos.

O legado de direitos legislados é advindo da CLT, como destacamos acima e, são alvo de ataques constantes de setores importantes do grande empresariado urbano e rural e seus representados no Congresso, com fortes bancadas de deputados e senadores. Eles há décadas vociferam sobre eles como se fossem uma herança maldita do governo Vargas. Mas o fato é que não é bem assim, pois somente não tivemos alterações graves ou mesmo a retirada de muitos desses direitos por que a lei não permite. Senão, é possível que tivéssemos um leque de direitos muito mais reduzidos do que os que estão contidos na CLT até os dias de atuais.

Se pegarmos o exemplo do que acontece com o sistema financeiro que tem sua normatização pelo artigo 192 da Constituição Federal, podemos ter um comparativo de como seriam nossas leis no dia de hoje pelo fato da falta de regulamentação desse artigo constitucional, que hoje na lei tem somente descrito o seu caput: “CAPÍTULO IV DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.” Ou seja, nada mais versa, além do seu caput pois a Emenda Constitucional nº 40 de 2003 que revogou todas suas as alíneas, que eram oito e, todos seus incisos que eram três, deixando o sistema financeiro nacional sem nenhuma regulamentação ao bel prazer dos poucos e grandes bancos nacionais.

O movimento sindical bancário historicamente defendeu a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal e, já fez diversas campanhas nacionais, realizou inúmeros seminários e grandes debates sobre o tema da regulamentação do sistema financeiro. Pois, entendem que sem essa a lei de regulamentação claramente expressa na Constituição, não impedirá os cinco ou seis grandes banqueiros nacionais e internacionais que atuam no sistema financeiro da forma que melhor lhes convém.

Esse é um exemplo do que provavelmente aconteceria com a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, fosse permitida sua flexibilização. Ainda mais nesses tempos ásperos em que vivemos um golpe institucional de classe em pleno andamento. Pois querem tirar uma presidenta que não cometeu crime nenhum. Neste sentido é fundamental resistir a retirada de todos e quaisquer direitos, combatendo na sociedade e no Congresso Nacional essa tentativa de burlar a lei e estabelecer acordos que a ferem gravemente.

Pois entendemos que a grande maioria dos sindicatos brasileiros infelizmente não teriam força política para barrar uma ofensiva do capital na tentativa de deixar com cada vez menos direitos as trabalhadoras e os trabalhadores. Por isso nossas ações devem ser no sentido de fortalecer cada vez os sindicatos trabalhando a bandeira levantada pela Central Única dos Trabalhadores, a CUT de: “Nenhum Direito a Menos!” e evidenciarmos todos os esforços para que não tenhamos retrocessos nas conquistas históricas da classe trabalhadora.

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Em três anos o programa Mais Médicos melhora a vida do povo brasileiro

8 de Julho de 2016, 0:01, por Terra Sem Males

Médica cubana atende na fronteira com a Bolívia

Por Joka Madruga e Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

O distrito de Abunã fica a 216Km de Porto Velho, capital de Rondônia, na Amazônia brasileira e divisa com a Bolívia. Está a 2.747km de Brasília e 3.377km de Curitiba. A famosa BR 364 corta o vilarejo com um intenso tráfego de caminhões carregados, principalmente, de gado e soja. E lá vive a drª Kenya Luis, médica cubana que participa do programa criado por Dilma Rousseff, o “Mais Médicos”, e que chegou na localidade durante a enchente de 2013. “Ainda hoje tem pessoas fora de suas casas por causa daquela enchente. Algumas famílias atingidas pelas usinas (Jirau e Santo Antonio) também estão sem voltar para suas residências”, relata a médica. “O que mais faz a população local sofrer é a verminose, diarréia, dengue, malária e leptospirose”, conclui.

Drª Kenya Luis, médica cubana em Abunã. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Drª Kenya Luis, médica cubana em Abunã. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Ela atende a população de terça a sexta-feira, durante oito horas por dia. Como a comunidade é muito grande e de difícil acesso a alguns locais, um enfermeiro fica de plantão à noite. “Precisamos de mais agentes comunitários, é muita gente para cuidar. São mais de 5 mil pessoas espalhadas pelas fazendas e floresta”, explica.

Abunã fica longe da sede do município e algumas vezes o posto de saúde funciona como pronto socorro também, mesmo com a pouca estrutura. “Como posto de saúde temos o necessário, mas para tratamentos emergenciais complica mais”, relata.

“É difícil ver que aqui no Brasil a pessoa não prioriza a sua saúde e sim o trabalho”, desabafa. Muitas pessoas não fazem os exames laboratoriais que ela pede, por causa das condições já citadas. Mesmo assim ela insiste para que as pessoas façam e arrumem um jeito, pois ela explica a importância de cuidar da saúde.

“O programa Mais Médicos é muito bom. Para nós estrangeiros é um desafio lidar com doenças que não temos em nossos países, como a malária, por exemplo”, finaliza Drª Kenya. Eles também atendem bolivianos que cruzam a fronteira em busca de ajuda médica, pois a comunidade de Abunã está na divisa com a Bolívia.

Mais Médicos

O programa Mais Médicos foi criado dia 8 de julho de 2013 pela Medida Provisória nº 621 e instituído definitivamente pela Lei 12.871, de 22 de outubro de 2013. De acordo com estudo do Governo Federal sobre o Mais Médicos, publicado em 2015, já no primeiro ano de Programa, toda a demanda de mais de 13 mil médicos solicitada pelos municípios do país foi atendida.

Nessa etapa inicial, médicos estrangeiros de mais de 40 países ocuparam quase 85% das vagas demandas pelos municípios. Em 2015, os médicos brasileiros preencheram 100% de todas as novas vagas ofertadas.

Atualmente, são 18.240 novos médicos em 4.058 municípios e 34 distritos indígenas, representando 73% de cobertura do Programa nos municípios atingindo 63 milhões de brasileiros que não tinham atendimento médico.

A criação do Mais Médicos teve como objetivos ampliar o número de médicos nos municípios distantes e periferias; ampliar a estrutura das unidades básicas de saúde; e aumentar o acesso à formação de profissionais de medicina.

O repórter fotográfico paranaense Joka Madruga percorre os rios da Amazônia Brasileira em busca das histórias dos atingidos pelas barragens das usinas hidrelétricas da região, num projeto que se chama Águas Para Vida. Você pode colaborar com a próxima viagem comprando uma foto, com preços de R$30,00 a R$500,00. Ou apenas fazer uma doação. Clique aqui para saber mais.

Clique aqui para ler todas as reportagens fotográficas do projeto Águas Para Vida já publicadas.

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Greca é multado por campanha antecipada em Curitiba

7 de Julho de 2016, 23:50, por Terra Sem Males

Ação foi movida pelo partido do prefeito Gustavo Fruet

Por Manoel Ramires
Terra Sem Males

O pré-candidato Rafael Greca (PMN) é o primeiro a ser multado pela justiça eleitoral nas eleições municipais de 2016. O pedido foi feito pelo PDT, do atual prefeito Gustavo Fruet. A multa ocorreu porque Greca realizou um jantar no Restaurante Cascatinha no dia 6. No evento, segundo fotos que foram apresentadas pela acusação, foram entregues bandeiras e materiais de campanha como jornal e adesivos.

Greca foi enquadrado na lei 9.504/97, que veda pré-campanha eleitoral. O juiz da 174ª Zona Eleitoral, Jederson Suzin, determinou multa de R$ 10 mil. Além disso, a justiça eleitoral deliberou pela busca e apreensão do material nesta quinta-feira (07), data da decisão. De acordo com o PDT, o material também não dispunha de registro do fornecedor dos materiais com CNPJ, o que dá espaço para Caixa 2.

“É flagrante o desrespeito à Legislação Eleitoral. Todo material exibe inclusive o número do candidato na urna sendo que estamos a mais de um mês do início da campanha”, explica o advogado do PDT, Luiz Fernando Pereira.

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Desconexões e retrocessos: México, Inglaterra e Temer

6 de Julho de 2016, 15:32, por Terra Sem Males

Por Venâncio de Oliveira,
economista e doutorando na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM)

Terra Sem Males

O mundo é pequeno e violento. Como fala o intelectual holandês, Wim Dierckxsens, o mundo se liga e desconecta. Para mim, também dá passos atrás no tempo. As conexões são várias e estamos a cada instante sabendo do que passa ali na esquina do outro país. Temos a ideia de que estamos no cume da civilização e então:

Por que não temos fronteiras livres e os mesmos direitos e tranquilidade que nos oferece este turbilhão de oportunidades tecnológicas supranacionais?

No entanto, o que vemos: espaços se fragmentam e os tempos se atrasam.

A mundialização do dinheiro prometeu paz e cultura universal. Mas fica curta na promessa. Por um lado, no velho continente, a fragmentação pauta a política europeia, Atenas ameaçou, mas não teve capacidade. Surpresa: É a Inglaterra que rompe com a União Europeia. No México, os professores e o Estado entram em verdadeira guerra campal, pois as fatídicas reformas trabalhistas prometem uma vida mais difícil, professores sem estabilidade, sem direitos e sujeitos a instável vida mexicana.

Quando falo em desconexão e conexão, penso na promessa, chamada globalização, na ideologia de que somos uma aldeia global. A internet e as redes sociais são a expressão mais acabada desta ideia: você é amigo de algum japonês que nem sabe português. Não há Estado Nacional. Por meio desta promessa, veio à realidade e a chantagem do poder do dinheiro que se fez mundial: Quem quer ter uma nação que regula este dinheiro, que diz o que o “grande investidor tem de fazer”, que ele não pode vir aqui, enfiar dinheiro e depois ir embora, ganhando com a nossa queda, está fadado ao fracasso da mundialização e a pobreza, ruim com ele, pior sem ele. Não há fronteiras, não há regulação universal, teremos Estados supranacionais.

O fenômeno inglês nos pegou de surpresa. Mas a vitória é menos da esquerda, que sempre criticou o cinismo dos tratados de livre comércio, como tratados estruturais de desestruturação das regulações dos países pobres, que na verdade sempre significou uma forma de junção dos Estados, com alguém mandando, os Estados Unidos como o dono da bola e os Alemães como chefes regionais da Europa. A Inglaterra nunca aceitou ser menos rei que os prussianos, tanto que mantiveram a libra. Agora com um discurso xenófobo, os ingleses jogam pá de cal na promessa de uma Europa unida. O sonho do pós-guerra, de um continente-país que crie paz eterna entre espaços antes bélicos, ficou curto, pelo menos nas disputas comerciais, esta separação pode significar uma desconexão que vai mais além do que pensamos.

Não é só na questão geográfica que temos uma desconexão. A ideia de uma modernidade extrema na ideologia pós-moderna, promete uma sociedade em que a história está resolvida, estamos bem e nos viramos no capitalismo. Só temos de nos preocupar em postar bonitas fotos desta bonança. Mas o mundo dá passos atrás.

Rebelião dos Professores

É assim com as novas ondas de reformas trabalhistas no mundo e os ataques violentos do Estado. No México, os professores fazem quase uma rebelião generalizada, controlando territorialmente cidades do sul do país. E o Estado persegue, criminaliza e reprime violentamente o sindicato. Como sempre, se torna uma batalha campal, o México tão adepto das guerras de movimento. No fundo, é uma reforma trabalhista que precariza os trabalhos dos professores. Vários movimentos num ato só: você não tem férias, não tem estabilidade e é um professor massa de uma educação ruim. Voltamos ao século XIX nas formas de trabalho com tecnologias do futuro.

E, infelizmente, o que gerou uma revolta popular legítima em 2013, foi o seu contrário: um retrocesso social brutal, pois foi capitaneado pela ideologia da tradicional classe média, setor minoritário, rancorosa dos tempos que tinham privilégios na República dos Bacharéis, que teve apoio nos pobres do sul – um pouco mais bem alimentado, mas sempre ali no limiar para serem tão pobres como todos os pobres do Brasil. Apenas o ódio deste setor, dá base para o projeto que pretende mexicanizar o Brasil: um Brasil pobre e sem direitos, e se brincar, com alguma guerra do narcotráfico para girar grana.

Assim caminhamos ou descaminhamos. As verdades oficiais não são tão simples. A minha pergunta: se há desconexão, por que não nos desconectamos e propomos novas conexões, novas políticas coordenadas de resistência à chantagem do dinheiro? A desvalorização do cambio foi tão ruim ao México como ao Brasil, pois era a especulação da grana que tinha medo e queria ganhar com a nossa pobreza. Tanto aqui no México os trabalhadores estão perdendo ainda mais direitos e no Brasil ameaça a generalização de subempregos e da instabilidade permanente. Mas será que tem de ser assim para sempre?

 

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|PINGA-FOGO| Aécio, o bobão

6 de Julho de 2016, 13:45, por Terra Sem Males

Por Manolo Ramires
Terra Sem Males

Até que enfim Aécio Neves é o bola da vez. Ele é homenageado pela Odebrecht e OAS em suas delações premiadas. A informação é da jornalista Mônica Bergamo. Segundo ela, Neves ignorou recados dos amigos, em especial, Marcelo Odebrecht, e falou pelos cotovelos em relação a Lava Jato. Incentivou demais a operação. Para os empresários, o menino do RIO contou com a blindagem da mídia e a seletividade da República de Curitiba.

Falou pelos cotovelos e deve se dar mal. Se de um lado Moro colocou na cadeia os mais ricos empresários do país, de outro, Janot tem cassado políticos. E uma hora falador passa mal. É o caso de Aécio Neves, desaparecido do processo do golpe.

Golpeado também

Por falar demais, Aécio Neves se perdeu. Tinha o maior capital eleitoral de oposição do país. Bastava ser ponderado, mas preferiu ser o golpista dos golpistas e vai acabar como rainha da Inglaterra: líder decorativo. O senador acreditou que se Dilma caísse o povo o alçaria à faixa presidencial. Mais tarde se viu que as manobras do PMDB, junto com José Serra, deram o golpe no golpe para não serem presos. Agora, quem manda é Eduardo Cunha e o interino decorativo, Michel Temer. Já Aécio lambe os cotovelos.

Falador das Araucárias

Parece que falar demais e contar vantagens é uma das especialidades de tucanos. Assim como Aécio Neves, Carlos Alberto Richa pratica esse esporte. Seu auge ocorreu em 2015 quando trocou as versões do massacre dos professores diversas vezes: black blocs, o mais ferido fui eu, é tudo culpa do PT.

Eis que o menino do Ecoville voltou a praticar o esporte. Na propaganda, afirma que o estado está recuperado nas finanças, à imprensa manda recado que vai dar calote nos salários. Ou seja, fala mais do que narrador de corrida de cavalos.

Falou e disse – 1

“O Governador Beto Richa está mais do que extrapolando os limites. Eles está perdendo o bom senso. O chefe do executivo tenta enganar a população paranaense”. Professor Lemos, deputado estadual (PT).

Falou e disse 2

“Temos as viúvas de plantão, urubus, aves de rapina, os que estão sempre querendo jogar para baixo”. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, sobre problemas nas Olimpíadas.

Falou e disse 3

“São manobras. Eduardo Cunha deve estar mais feliz, pois ganha mais tempo. Nós dizemos não a isso e queremos sessão extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça para derrubar o relatório”. Chico Alencar (PSOL-RJ), sobre manobras para adiar cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética.

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FOTOS | Uma grande viagem ao redor do mundo

5 de Julho de 2016, 11:43, por Terra Sem Males

Por Joka Madruga
Terra Sem Males

O jovem fotógrafo Francisco Ramos Proner acompanha sua irmã Bárbara e seu pai Wilson Ramos, o Xixo, numa viagem ao redor do mundo. Já estiveram em mais de 65 países. Aos 16 anos ele tem mostrado seu talento publicando em diversos veículos de comunicação, sendo destaque até na exigente National Geographic. Atualmente eles visitam países da antiga União Soviética.

As fotografias a seguir retratam imigrantes Cazaques, Uzbeques, Quirguizes e Tajiques sendo humilhados pelas embaixadas de seus próprios países em Moscou.

“Em intermináveis filas, eles buscam a renovação de seus documentos. Esperar por 12 horas em filas sob o sol escaldante do verão centro-asiático, na temperatura de 40 graus é a dura realidade deste povo”, afirma Francisco.

A busca pela renovação dos vistos de permanência leva centenas de estrangeiros às embaixadas todos os dias. “É triste de se ver o tratamento dado pelos oficiais do exército e funcionários do órgão aos cidadãos de seus próprios países”, desabafa o jovem fotógrafo.

“Fui um deles por um dia, estava lá, suando no empurra-empurra. Foram 7 horas de espera e finalmente conseguimos os esperados vistos do Quirguistão e Uzbequistão. A maior parte dos imigrantes não conseguiu o que precisava, voltarão amanhã e, se necessário, no dia seguinte e no outro… a vida segue”, conclui Francisco.

Para acompanhar esta aventura da família Ramos, acesse: www.nossagrandeviagem.com.

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

Foto: Francisco Proner Ramos

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Segundo conto: Sete rajadas de luz

5 de Julho de 2016, 10:48, por Terra Sem Males
Pedro Carrano
Terra Sem Males – Mate, café e letras – crônicas latinoamericanas
Da série “Vintão”
O rosto daquela senhora grisalha até a metade do cabelo, a outra metade mal tingida e já desgastada. O contorno dos olhos marcado por sulcos, como um solo cortado por alguma ferramenta arcaica; o jaleco da enfermagem (de bonito laboratório particular desses com chão todo limpinho e direito a café cappuccino) com algumas pequenas manchas e um tom amarelado que a máquina de lavar não retiraria nunca mais;
a senhora entrou com pressa, mas também com um sorriso, na sala do raio-x onde a menina tremia com medo daquele maquinário todo e de ter que fazer o que ela já apelidara de “foto-caveira” dos ossos;
e eu sei que Larissa, minha filha, detesta aquela situação toda, como eu também detesto, porque é como passar por aqueles exames todos que eu já passei na idade dela; joelhos, bacia e ombros, em busca de algum excesso de cartilagem nas juntas para ser retirado; talvez aqueles exames que me mostraram por dentro em algum momento, mas me fecharam por fora ainda mais;
eu vim para falar na verdade mesmo daquela velha enfermeira, contar que ela me desconcertou quando diante da tremedeira da minha filha na frente da chapa do raio-x, sugeriu:
– Então você fica aqui segurando ela. Ela não para de mexer o ombro.
eu recuei, até me irritei e falei para a gente seguir tentando que a menina se acalmasse, não tinha nada a ver receber radiação sem motivo, pensei comigo. E a velha, com aquele mesmo sorriso gentil, já encaminhando uma solução, soldado que nem espera e já se coloca de bom humor na linha de frente, disse:
– Fica ali atrás da parede então, eu fico com ela. Não quero que criança faça duas vezes a radiação. Fica ali.
E ela ainda remendou, cabeça num ângulo mais perto do chão:
– Eu já estou velha mesmo e pronta para morrer, mas a criança não pode passar por isso.
e ela pegou um avental de chumbo e se posicionou ao lado da minha filha. Na hora, entre constrangido e desconcertado, ainda murmurei que não precisava, que então eu ficava, mas ela já me empurrou para aquele gabinete (de chumbo) onde a radiação não penetrava tanto, e repetiu o gesto diário de segurar crianças, naquelas doses homeopáticas de luz numa fração de segundos, mas capaz de deixar a tela do celular brilhando como se mágica;
eu queria pedir desculpas pela minha grosseria que já me cansava até a mim mesmo, sou assim com os amigos, sou assim e perco as pessoas, sou assim e perco os parentes, mas como explicar que ando passando por outros tipos de exames, desses que não revelam os ossos, mas mostram aquelas fissuras desgraçadas que a vida vai marcando no esqueleto, na altura do tórax mais ou menos, coisas que andam me revelando e revirando por dentro;
independente de tudo isso eu não chegaria ali ao grau de transparência da enfermeira, toda de branco até literalmente os sapatos, que passou as sete rajadas de radiação encorajando a minha filha, e quando eu perguntei se aquilo era todo santo dia, se não tinha um outro jeito de ir acabando menos com a própria vida, ela apenas respondeu, um copo de café na mão estendido para mim, um sorriso e um pirulito para Larissa, o ticket impresso para que eu buscasse o resultado em dois dias;
e ela só me disse:
– Fica susse. Pelo menos já estou me aposentando. E eu ainda ganho 20 por cento de insalubridade no salário, por causa da radiação.


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