Como falei no texto anterior “O poder da televisão”[1], a mídia teve grande influência nas manifestações. Inicialmente foram mostradas como puro vandalismo, a visão comum da mídia sobre as manifestações. No entanto tomaram uma proporção tão grande a ponto dela mudar sua posição. De vandalismo passou a dizer que eram manifestações pacificas, dando ênfase nesse ponto. Porém, não deixou de manipular. Ao invés de criticar aderiu ao movimento e passou a dar motivos para a manifestação. Expôs motivos como corrupção, falta de qualidade no transporte e saúde etc... mas, se algo é exposto nos jornais da Globo ou qualquer outra emissora de canal aberto a palavra equivale a impor, ao menos se for a única fonte.
Tentou se apropriar do movimento incluindo a causa de sem partido- o fascismo, dando também uma mãozinha para a derrubada de Dilma. A Globo passou a colocar como símbolo do excesso de repressão policial sua repórter com uma marca de tiro de bala de borracha no olho, sendo nada além de uma vítima do que manifestantes sofrem há muito tempo. De repente, outra mudança. Passa a intercalar a passividade do movimento e suas causas com o vandalismo, dando ênfase implícita nesse.
O assunto entre as pessoas passou das causas do movimento e sua importância ao prejuízo causado pelos vândalos e se é correto ou não o vandalismo. Dessa forma impôs medo de ir aos protestos na população por supostamente serem perigosos e desviou do real assunto, a causa das manifestações. Portanto, tentou dar causas e se apropriar do movimento e fez com que o cidadão tivesse medo de participar.[2] Uma das ideias a qual tentou apropriar o movimento, e na grande massa obteve sucesso foi a o apartidarismo e antipartidarismo. A palavra partido pode trazer incompreensão. Em outras palavras, partido é um grupo organizado através de alguma ideologia ou intenção, e uma forma de organização, e em uma organização existem lideranças. Portanto, de forma indireta, negar um partido é negar uma liderança. Assim, existe uma diferença considerável entre apartidarismo e antipartidarismo.
Apartidarismo é uma ideologia política na qual organizações negam a força de um partido em relação a si mesma. Desejam manter distância das construções da organização em relação ao interesse de qualquer partido político. Podem até ser aceitos membros de partidos, mas nunca a ideologia de um partido deve ser dominante, no máximo parceiros com ideologias próximas. Assim, cooperativas, organizações não-governamentais independentes, grupos culturais de inserção, entidades estudantis e centrais sindicais entram nesse agrupamento. Enfim, o partido deixa de ser correio de transmissão ao movimento social e/ou sindical.
Dessa forma até mesmo ministros escolhidos pelo presidente para compor gabinetes são apartidarios se não forem necessariamente políticos, e sim técnicos em suas funções.[3]Já o antipartidarismo é a negação de partidos como forma de representação. De forma indireta, negar um partido é negar uma liderança. Talvez poderiam haver menos representantes, mas se a forma de fazer política não for através de representantes temos duas opções: anarquia ou fascismo. Em outras palavras, ou cada um por si ou um comandante ditador da ordem. O sucesso na colocação dessas idrias foi obtido por dois fatores: o poder da mídia e a indignação do povo. De forma sintética, a mídia tem tanto poder porque para muitos é o principal meio de informação. No sentido da indignação a história não é tão simples. O proletariado sempre foi explorado intensamente desde a história do capitalismo, e meios ideológicos e repressivos ajudam a conservar esse estado.
Primeiramente o campo ideológico. Os telejornais são utilizados como meio de informação política, junto com jornais impressos e pelo rádio. Simultaneamente, existem distrações como programas de entretenimento. Dentro disso estão novelas, filmes, reality shows como Big Brother, programas de competição como show do milhão, mega senha, programas de culinária como mais você, e vários outros. É feito todo um esforço para educar a massa segundo a ideologia dominante fazendo-a entender a posição que deve ficar e o que pode fazer. Especifícamente falando, a liberdade é fazer aquilo que se pode, o que a lei permite, ou ainda pior, é ser livre para fazer aquilo que deve fazer.
O êxito foi obtido e um exemplo é a sociedade moderna. Dessa forma as pessoas permitem que o sistema perpetue existência até os tempos atuais onde indivíduos diferenciados são chamados de loucos e, por saírem da linha recebem a punição. Ela é um mecanismo secundário aparecendo quando a educação falha. O termo “educação” nesse sentido pode se equivaler a adestramento, então assim como adestramos cães, os pais adestram os filhos. Na sociedade moderna, quando a educação falha em fazer com que o indivíduo se torne cidadão e aceite a ordem das coisas como é- ou ao menos não concorde e não tente mudá-la- a repressão se torna necessária. Isso para a não ocorrência do caos na ordem, portanto, é uma sociedade muito mais disciplinadora do que repressora. [4] Como durante a onda de protestos o conformismo foi rompido, a repressão foi utilizada juntamente com os meios educativos, na tentativa de reduzir os movimentos e a expressão da indignação.
Parte dessa indignação é no sentido de que, os proletariados, isto é, a grande massa, e não tem chances de mudança enquanto assim for. Existe a ideia de que a eleição é o meio para isso e o voto nos partidos e candidatos não muda sua situação. Disso a mídia fez partir a ideia de antipartidarismo. Se não houvesse partidos, e da forma como a mídia e alguns indivíduos nos protestos pregaram, equivale a negar qualquer liderança. Se a forma de fazer política não for através de vários representantes, temos duas opções: anarquia ou fascismo. Em outras palavras, ou cada um por si ou um comandante ditador da ordem.
Se a mídia propôs isso, é porque é do interesse dela comandar uma anarquia ou ditadura de forma implícita. Isto é, faz os indivíduos acreditarem estar vivendo uma “liberdade” maior enquanto se tornam os ditadores de uma falsa anarquia, criando então o fascismo ou ditadura. Essa conotação tem também outras consequências. O grito de ordem em alguns momentos por certos grupos era “Sem partido”, seguindo também a recomendação do meios de comunicação de que toda bandeira deveria ser verde amarela, sem nada vermelho. Isso é uma jogada que ajuda a cooperar com espírito da copa, e nega os partidos de esquerda, os únicos que podem ter alguma força para talvez guiar o movimento.
Até porque, a revolta de antipartidarismo é contra os partidos oficiais e que estão no poder, isto é, PSDB e PT, em grande maioria. Assim, talvez a intenção seja banir os partidos de esquerda e não todos os partidos. Isso de forma aplicada a grande massa, no entanto grupos já com essa ideologia já se moviam para esse sentido e aproveitaram a onde para proliferar suas ideias, ou seja, Skinheads e Neonazistas. Por essas duas o grito de “sem partido” e em alguns momentos bandeiras de partidos foram queimadas. Ainda assim, sobre o espírito democrático todos podem ir.
Como conclusão: o movimento no fim, deve ser apartidario, e não antipartidario. Até porque, proibir a participação de grupos ou pessoas é negar a democracia. Assim, que continue e volte a ser forte o movimento, mais sempre pensando em suas consequências para que os meios de comunicação não o dominem, afinal o movimento é um cabo de guerra a quem vai liderá-lo, e o conhecimento pode levá-lo ao caminho certo. Afinal, como diria Mario Magalhães “Quem não gosta de partido é ditadura. Hora de escolher: ou dar as mãos aos skinheads neonazistas ou abraçar a tolerância e a democracia”.
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Escrito por: Rafael Pisani
Referencias bibliográficas:
Disponível em: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2013/06/19/antipartidarismo-nao-e-apartidarismo/ . Fernando Nogueira Costa/ http://fernandonogueiracosta.wordpress.com . Data de acesso: 19 de julho de 2013
Disponível em: http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2013/06/21/quem-nao-gosta-de-partido-e-ditadura-hora-de-escolher-ou-dar-as-maos-aos-skinheads-neonazistas-ou-abracar-a-tolerancia-e-a-democracia/ . Mário Magalhães/ http:/blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br . Data de acesso: 19 de julho de 2013
[1] Link do texto “O poder da televisão”: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2013/07/por-rafael-pisani-o-clima-politico.html
[2] A partir da segunda linha, na palavra “Inicialmente” até “... e fez com que o cidadão tivesse medo de participar” foi um trecho do texto “O poder da televisão” no seguinte link deste mesmo blog: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2013/07/por-rafael-pisani-o-clima-politico.html
[3] Fonte: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2013/06/19/antipartidarismo-nao-e-apartidarismo/ Blog do Fernando nogueira da costa
[4] A partir de “É feito todo um esforço para educar...” até “...é uma sociedade muito mais disciplinadora do que repressora.” foi um trecho do texto “Sociedade, educação e movimentos sociais” no seguinte link deste mesmo blog: http://verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2013/03/sociedade-educacao-emovimentos-sociais.html
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