[1] Muito se fala sobre a complexidade das ideias de Skinner e a verídica dificuldade de seu estudo. Por isso houve a produção de 4 textos sobre o tema na tentativa de cooperar com sua compreensão. O tema anterior foi “os-determinantes-do-comportamento”, na qual as esferas gerais dos comportamentos, seus determinantes e o modelo de seleção pelas consequências foram demonstrados. Já nesse texto as 3 contingências serão exploradas. Agora vejamos como funciona a unidade do comportamento para Skinner.
De forma demasiadamente simples, o ambiente tem influencia considerável no comportamento humano. A palavra contexto, no entanto, tem um melhor uso. Isso porque ambiente designa só o que está presente fisicamente, enquanto contexto faz alusão também ao ambiente social. Portanto, usaremos a palavra contexto ao invés de ambiente. Para a ocorrência de um comportamento são necessários três itens.
Primeiramente, deve existir um contexto. Dentro de certo contexto, certos comportamentos ocorrem. Esses comportamentos são chamados de resposta, e é algo necessariamente feito pelo sujeito, sempre definido por um verbo. Esse comportamento altera o contexto, que se torna outro contexto para outro comportamento. A conseqüência é exatamente esse contexto alterado, isto é, o que ocorre depois do comportamento. Portanto: Contexto→resposta→contexto. Formando um ciclo.[2] Ou, dito de forma mais científica: Estímulo (S) →Resposta (R) → Estímulo (S). [3] O contexto anterior pode ser chamado de SD (Estímulo discriminativo ou Sdelta. O primeiro é um estimulo que sinaliza para se comportar, enquanto Sdelta é o oposto[4]. Ainda assim, existem duas possibilidades para essa conseqüência.
Ou ela aumenta a probabilidade de um comportamento ou diminui, sendo que o aumentar é chamado de reforço e o diminuir de punição e/ ou extinção. Entre extinção e punição a grande diferença é que na segunda algo ruim é colocado no contexto ou algo bom é retirado. Na extinção o reforço simplesmente não está presente. Já no reforço pode ser adicionado algo bom ou algo ruim ser retirado. Ainda assim muitas vezes para atingir o reforço desejado pode ser preciso uma sequência de comportamentos, ou seja, mais de um comportamento. São chamados de reforço positivo e reforço negativo e punição positiva e punição negativa. Antes de passar aos exemplos, vale salientar que tanto no contexto anterior quanto no posterior ao comportamento existem vários estímulos e cada um para cada sujeito exerce um efeito diferente, ou pode não exercer. Por isso, cada contigência tríplice deve ser analisada da ótica própria de cada sujeito, e não da visão de um outro sobre esse sujeito. Vamos exemplificar:
Reforço positivo: contexto: na praia com uma lata de cerveja à frente e várias pessoas ao redor→resposta: abrir lata de cerveja→consequência: lata de cerveja aberta.[5]
Reforço negativo: andando na rua e em sua frente um caco de vidro→resposta: desviar do caco de vidro→ conseqüência: pé não foi cortado
Punição positiva: contexto: na praia com uma lata de cerveja à frente e várias pessoas ao redor→resposta: abrir lata de cerveja→ consequência: levar um tapa na cara.
Punição negativa: contexto: na praia com uma lata de cerveja à frente e várias pessoas ao redor→resposta: abrir lata de cerveja→ consequência: ter a cerveja roubada.
Extinção: contexto: na praia com uma lata de cerveja à frente e várias pessoas ao redor→resposta: tentar abrir lata de cerveja→consequência: lata de cerveja não aberta.[6]
Observa-se que no reforço a probabilidade de ocorrer novamente o comportamento aumenta, enquanto na punição e extinção o oposto é verdadeiro. Na extinção a vantagem é não haver os efeitos colaterais da punição. Por exemplo, talvez o sujeito não abra mais a cerveja naquele contexto com aquelas pessoas devido à punição, mas na extinção talvez já não abra mais a cerveja em contexto algum, enquanto na punição o fará em outros contextos. A lata de cerveja, nesse caso vai se tornar um Sdelta para o ato de abri-la, enquanto no reforço positivo ela vai se tornar SD para abri-la, da mesma forma em que o caco de vidro é SD para desviar dele. No caso de reforços obtidos em uma sequência de comportamentos consideremos os contextos anteriores a compra da cerveja.
Situação 1: contexto: na praia com os amigos e bebidas na mesa→resposta: tomar ultima lata de cerveja→consequência: acabou a cerveja (punição negativa); Situação 2: contexto: cerveja acabada e de frente para o quiosque→resposta: pegar dinheiro para comprar→consequência: dinheiro na mão (reforço positivo); Situação 3: contexto: dinheiro na mão em frente a quiosque→resposta: ir ao quiosque→consequência: estar em frente ao balcão (reforço positivo); Situação 4: contexto: estar em frente ao balcão→ resposta: pedir a cerveja→consequência: receber a cerveja (reforço positivo); Situação 5: contexto: estar em frente ao balcão e cerveja na mão junto ao dinheiro→ resposta: dar o dinheiro→consequência: cerveja paga (reforço positivo); Situação 6: contexto: em frente ao balcão e cerveja paga→ resposta: voltar à mesa→consequência: estar na mesa (reforço positivo); Situação 7: contexto: em frente à mesa com a cerveja→ resposta: colocá-la na mesa→consequência: cerveja na mesa (reforço positivo); E por fim, chega a hora de tomar a cerveja, a qual o exemplo já foi dado.
Muitos são os contextos da vida em que uma sequência de respostas é necessária, seja para ir a escola ou banho, mesmo para ir dormir. Pode estar incluída nessa sequência tanto reforços positivos e negativos, quanto punições positivas e negativas, até mesmo a extinção. Em todos esses exemplos, a unidade mínima de seleção no nível ontogético, isto é, o reforço foi demonstrado tanto na ontogênese como no meio cultural. [7]Por toda essa complexidade de quantidade de estímulos e possibilidades novamente é dito que cada contingência deve ser vista da ótica do próprio sujeito. Todos esses são comportamentos operantes, isto é, operam no ambiente e o alteram. O próximo tema sobre Skinner será o reforço, e como será o tema em si irá ser mais detalhado.
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Escrito por: Rafael Pisani
Referencias bibliográficas
Disponível em: http://olharbeheca.blogspot.com.br/2010/10/3niveis.html . Alessandro Vieira dos reis/Olhar comportamental Sobre Design e Tecnologia . Data de acesso: 05 de agosto de 2013
ENSINO E APRENDIZAGEM As teorias da Psicologia; A.P. BASQUEIRA-M.C.M. BARBOSA; Disponível em:http://www.bfskinner.org/bfskinner/Brazil_files/Selecao_por_consequencias.pdf . Local de publicação: Anuário de produção Acadêmica Docente; 2009, vol. III, numero 6. Faculdade Anhanguera de Valinhos; Data de acesso: 05 de agosto de 2013
Moreira. M. B; Medeiros C. A. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento Moreira. Porto Alegre : Artmed, 2007.
[1] Marcio Borges em seu livro “Princípios Básicos de Análise do comportamento” tem um capítulo de título bem parecido e é: “A tríplice contingência”. Vale salientar que foi uma das fontes.
[2] Explicado dessa forma por uma professora do primeiro semestre do curso de Psicologia.
[3] Fonte da segunda imagem e estímulo→resposta→ estímulo: o artigo
[4] [4] Fonte de SD e Sdelta: “Princípios Básicos de Análise do comportamento” de Moreira e Medeiros
[5] Moreira e Medeiros em seu livro “Princípios Básicos de Análise do comportamento” deu um exemplo parecido com uma garrafa de coca cola, sua abertura como resposta e garrafa aberta como conseqüência do tipo reforço positivo, só alterei o exemplo.
[6] Moreira e Medeiros em seu livro “Princípios Básicos de Análise do comportamento” deu um exemplo parecido com uma garrafa de coca cola, sua abertura como resposta e garrafa aberta como conseqüência do tipo reforço positivo, só alterei o exemplo.
[7] Fonte da unidade mínima de seleção: http://olharbeheca.blogspot.com.br/2010/10/3niveis.html
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