A lógica ilógica dos americanos cria um mundo multipolar

Os americanos são um povo muito esquisito.
Ou muito burro - como queiram.
O fato é que o que eles fazem não tem muita lógica.
Dois exemplos bem recentes me ocorrem:
eles armam fanáticos religiosos para depois bombardeá-los;
eles impõem sanções comerciais aos russos que vão prejudicar seus melhores amigos, os europeus.
Parece que agem sem pensar nas consequências.
Está na cara que dar armas para grupos extremistas islâmicos, como fizeram recentemente para desestabilizar o governo de Bashar Al Assad, na Síria, ou anos atrás no Afeganistão, para derrotar os soviéticos, é muito perigoso.
No caso das sanções contra os russos, então, nem se fala.
Economias cambaleantes da Europa vão sofrer um bocado com o contra-ataque determinado por Putin.

E a América Latina, em geral, e o Brasil, em particular, deverão lucrar com essa nova guerra fria entre americanos e seus satélites europeus e russos.
A Rússia é um grande mercado consumidor, que tem sido praticamente desprezado pelas empresas brasileiras.
Com o fortalecimento do grupo do Brics, a tendência já era uma aproximação entre as duas economias.
Agora, então, com a necessidade russa de buscar vendedores de produtos agropecuários além da Europa e Estados Unidos, essa aproximação vai se acelerar.
E os dois lados devem ganhar com isso.
De certa forma, o governo Obama tem conseguido realizar um grande feito, mesmo que não intencionalmente: a sua obsessão antirrussa e seu afastamento político dos outros países do Brics (Brasil, China, Índia e África do Sul) estão gerando um mundo multipolar.
Com exceção de Brasil e África do Sul, os outros três Brics possuem armamento nuclear.
O grupo, economicamente, está cada vez mais forte, ao contrário dos EUA e seus satélites.
Ainda há, porém, um enorme fosso cultural entre os cinco Brics.
Mas até essas diferenças estão se aplainando, à medida em que cada povo vai conhecendo o outro graças a esse processo de aproximação econômica e política que vivenciam.
Os Estados Unidos ainda são o xerife do mundo, mas o fato incontestável é que sua estrela já está perdendo o brilho.