Rua enfeitada para a Copa em Niterói: o Ibope certamente não passou por lá (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil) |
A pesquisa traz um resultado no mínimo estranho.
E a explicação dada para isso também soa incrivelmente sem sentido: hoje, diz o especialista que comentou o levantamento para o Estadão, tornou-se politicamente incorreto demonstrar apoio ostensivo à Copa.
É proibido exibir a bandeira do Brasil e vestir a camiseta da seleção.
Está fora de moda ter orgulho do Brasil.
O analista compara a situação com o que se via tempos atrás com o tal "eleitorado malufista", que se envergonhava de revelar a sua intenção de voto - e só o fazia sob a proteção da cabine de votação.
A pesquisa mostra ainda que o engajamento à Copa está diretamente ligado à preferência eleitoral das pessoas: quem apoia o governo federal fala bem da Copa, quem é contra, fala mal.
E aí reside aquilo que antigamente se dizia que era o "busilis" da questão: para muita gente a Copa deixou de ser um evento esportivo - alíás o maior do mundo -, para se tornar um fator decisivo na eleição presidencial deste ano.
Os que querem defenestrar os trabalhistas do Palácio do Planalto são anti-Copa, com medo de que o seu sucesso possa ajudar a reeleição da presidenta Dilma Rousseff.
E fizeram, e fazem, tudo o que é possível para sabotar o evento.
Até deixar de torcer para a seleção.
Mas se ninguém ligasse para a Copa, por que todo esse rebuliço a seu respeito?
O fato é que só se fala da Copa no Brasil inteiro.
Contra ou a favor, ela está na boca de todos.
Poucas vezes um evento, de qualquer tipo, mexeu tanto com o país, dividiu tanto as opiniões.
O fato incontestável é que vai ter Copa - e ela vai ser um sucesso.
Os turistas começam a chegar.
Os estádios estão prontos.
Idem, a ampliação e modernização dos aeroportos e portos.
As principais obras de mobilidade urbana já foram entregues.
Há alguns problemas pontuais - como em todas as Copas já realizadas até hoje.
As manifestações contra a Copa vão se esvaziando e reúnem apenas algumas dezenas de pobres coitados.
A imprensa em geral, que até outro dia malhava o evento e dava força a qualquer um que se dispusesse a criticá-lo, é agora obrigada a cobrir os treinos da seleção.
A Rede Globo de Televisão retornou ao tom ufanista de sempre.
Os anunciantes põem no ar as campanhas feitas para faturar com o torneio.
Nas ruas das cidades o verde-amarelo ganha espaço.
Mas a pesquisa "científica" do Ibope vê outra coisa.
Como sempre, o Ibope vê o que quer.
Ou melhor, o que lhe pagam para ver.
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