Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Marta Suplicy não passaram um bom dia de domingo.
A salada mista de ódio, preconceito e intolerância que prepararam, com forte doses do tempero do oportunismo, deixou neles um gosto bem amargo.
As expressões faciais do senador e governador tucanos, sendo retirados sob xingamentos variados ontem à tarde da Avenida Paulista, tomada por uma horda de lunáticos da ultradireita, classes médias frustrados, burgueses inconformados, analfabetos políticos e idiotas irrecuperáveis, resumem o que devem estar sentindo neste momento: medo do monstro que, com tanto empenho, ajudaram a criar.
A senadora do PMDB, que buscou proteção contra o mesmo tipo de ataque que sofreram seus companheiros tucanos no suntuoso prédio da Fiesp, é outra que provavelmente está agora maldizendo o dia em que ouviu o fígado e resolveu romper com seus companheiros de décadas para se lançar na aventura da corrida à prefeitura paulistana.
Mas ela é figura menor, sem nenhuma importância, nesta guerra que se trava pelo controle do país, ao contrário de Aécio e Alckmin.
Os próximos passos desses dois, sim, merecem ser acompanhados.
Aécio tem sido figura proeminente nesta terrível crise política que está destruindo o Brasil.
Ao não aceitar a derrota para Dilma, em 2014, atiçou o braseiro das forças antidemocráticas e antinacionais que, sem votos, pretendem se instalar no Palácio do Planalto.
Tudo o que fez desde então foi para desestabilizar o governo Dilma e para sabotar os esforços para a recuperação econômica.
Já Alckmin, também de olho nas eleições de 2018, age no mesmo sentido, mas de maneira diversa, como sempre fez em sua vida política, dissimuladamente, nas sombras, sem nunca tirar do rosto a máscara do sorriso mecânico, artificial, cínico, que é a sua marca registrada.
O monstro criado por ambos, em conjunto com a totalidade dos meios de comunicação, setores do Ministério Público, Judiciário e Polícia Federal, revelou a eles, neste domingo paulistano, que, além de feio, é furioso, quase incontrolável.
Aécio e Alckmin, que se julgam homens inteligentes e políticos espertos, cometeram um erro infantil nessa aventura em que se meteram: o efeito colateral do processo de criminalização do PT por eles estimulado foi a criminalização da própria política em geral.
No vácuo dessa desmoralização quase absoluta dos políticos é que surgem as figuras messiânicas, cujos milagres que prometem são fácil e rapidamente aceitos pela massa boçal.
Se a concretização do golpe já parecia a muitos inevitável e breve, a materialização do Imponderável de Almeida, esse ser fatídico criado pela imaginação de Nelson Rodrigues, na Avenida Paulista, incorporado nas figuras de Aécio e Alckmin escorraçados da festa que promoveram, dá o que pensar.
Certamente, daqui para a frente, ambos vão refletir bastante antes de jogar mais gasolina no incêndio que provocaram.
Motta
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