Nestes tempos em que as relações humanas se transformam, ditadas pela conveniência das redes sociais, e a informação se propaga instantaneamente via internet, a escrita, como instrumento civilizatório, perde a sua importância, tal a quantidade de mensagens que cruzam o nosso cérebro, a todo instante.
Então, por que continuar nesta tarefa cansativa de escrever, se do que se escreve quase nada permanece na consciência do leitor?
Sei quase nada das razões dos outros.
Deve haver quem escreva na tentativa de convencer seus interlocutores sobre a primazia de seus pontos de vista ou sobre a excelência de seu pensamento.
Deve ainda haver quem escreva porque se julga capaz de, ao escolher as suas palavras, dar uma contribuição fundamental à arte literária.
Ou então, escavando mais profundamente as razões que levam o mundo a ter tantos escribas, deve haver quem cometa tal ato porque se sente como o náufrago que se acha prestes a ser engolfado pelas ondas mortais da desrazão.
Enfim, cada qual tem seus motivos.
Por mim, cada vez que me disponho a travar esse diálogo com o desconhecido, lembro de uma frase de José Saramago, escritor genial, ser humano amargo e profundamente ético:
"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro."
Escrevo sempre com essa frase em mente: não tenho nenhuma pretensão de ser dono da verdade, embora muitas vezes, em minha imodéstia, acredite estar coberto de certezas imutáveis.
Mais: sei que, sejam quais forem meus argumentos, eles não convencerão ninguém das minhas razões - se é que as tenho -, porque o outro, a quem respeito como um igual, também estará cheio de verdades incontestáveis.
Dito isso, novamente recorro a esse notável português para que, com sua lógica impecável, ele traduza o sentimento que me ocorre toda vez que enfrento o teclado para que ele transforme sentimentos, emoções, ideias e expectativas em frases minimamente compreensíveis:
"No fundo, todos temos necessidade de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito, porque esta vida não é eterna e deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade."
Motta
Novidades
- Musicóloga expõe em livro seu rico universo particular
- Rodrigo Marconi mostra seus outros "eus" em novo álbum
- Jazz Cigano invade novamente Piracicaba
- Danilo Caymmi e Cláudio Nucci abrem Festival de Artes e Saberes das Águas
- Leandro Bertolo lança novo álbum com produção de Kleiton Ramil
- Um piano versátil. E uma homenagem a Tom Jobim
- Alfredo Dias Gomes presta homenagem ao ídolo Elvin Jones
- Luís Martins reúne time de craques em seu novo trabalho autoral
- Menescal comemora 86 anos como gosta: no palco
- Saxofonista e flautista Fernando Trocado lança primeiro álbum autoral
- Neta de Dias Gomes e Janete Clair lança EP autoral
- Novo álbum do baixista Zuzo Moussawer homenageia a cidade de Santos
- Festival integra música e arquitetura dos principais palácios brasileiros
- Brasileiro compõe peça para "piano robô"
- Filho de Paulo Leminiski e Salvadores Dali recriam "Dor Elegante"
- Poeta premiada escreve livro para "homem inventado"
- Maria Rita Stumpf canta o Brasil profundo em seu novo álbum
- Edvaldo Santana pede mais humanidade em novo single
- Caverjets, a banda que toca rock anti-Bolsonaro
- Armando Lobo reinventa a música nordestina
- Max Riccio revive violão do início do século XX
- Festival Levada comemora dez anos com quatro dias de shows
- Fotos de Sil Azevedo eternizam seu universo peculiar
- Esplendor do Cine Metro é recriado em documentário brasileiro inovador
- Obra de Denise Emmer chega às plataformas digitais
Posts do blog
- 2016 (105)
- 2015 (211)
- Dezembro (20)
- Novembro (22)
- Outubro (16)
- Setembro (17)
- Agosto (22)
- Julho (15)
- Junho (19)
- Maio (17)
- Abril (17)
- Março (16)
- Fevereiro (16)
- Janeiro (14)
- 2014 (167)
0 comunidades
Nenhum(a)