A notícia publicada abaixo é da Agência Brasil e evidencia a tragédia que é a formação profissional dos médicos brasileiros.
O fato de que ela se refere ao Estado de São Paulo reforça ainda mais o desastre - afinal, São Paulo é a unidade federativa mais rica e mais desenvolvida da nação, para alguns comparável a países do Primeiro Mundo.
E se a incompetência grassa entre os médicos, que, teoricamente, deveriam, pela complexidade e responsabilidade de seu trabalho, passar por uma educação rígida, dá para imaginar o nível dos outros "profissionais" que saem das faculdades.
Os jornalistas, por exemplo - é só ler o que as empresas de comunicação oferecem ao seu pobre público...
A notícia, na íntegra:
Quase metade dos formados em medicina
não atinge nota mínima em exame do Cremesp
Quase a metade dos recém-formados em escolas de medicina do Estado de São Paulo foi reprovada no exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), feito em 18 de outubro de 2015. De 2.726 de egressos que fizeram as provas, 1.312 (48,13%) não alcançaram a nota mínima, ou seja, não acertaram 60% das 120 questões de múltipla escolha. O restante, 51,87%, acertou mais de 60% das questões.
Segundo os dados divulgados pelo Cremesp, há 45 escolas médicas em atividade no Estado, das quais 30 foram avaliadas. As demais ainda não formaram suas primeiras turmas. Entre os egressos das escolas públicas, a reprovação foi de 26,4% e, entre os cursos privados, chegou a 58,8%.
O exame é feito pelo Cremesp há 11 anos. Nos primeiros sete anos, a participação foi voluntária, passando a ser obrigatória por três anos e, no último ano, voltou a ser facultativa em função de uma decisão judicial. A prova foi feita em dez municípios paulistas (Botucatu, Campinas, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São Paulo e Taubaté). O exame abrange as principais áreas da medicina: clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, saúde pública, saúde mental, bioética e ciências básicas.
O presidente do Cremesp e coordenador do exame, Bráulio Luna Filho, destacou que as provas foram consideradas relativamente fáceis, com questões que simulam situações comuns na prática médica nas principais áreas que o recém-formado deve conhecer. “A prova não é difícil e aborda questões conhecidas. Não se exige conhecimento sofisticado de áreas específicas. A maior dificuldade desse grupo foi na clínica médica, que é a base para quem pretende ser especialista e continuar se aperfeiçoando. São questões simples a que o recém-formado deveria responder e não conseguiu.”
Segundo Bráulio Luna Filho, dados do final de 2014 indicam que há em São Paulo 125 mil médicos (no Brasil são 405 mil). De acordo com ele, um dos fatores que contribuem para o aumento desse número é o excesso de faculdades de medicina. “Sempre achamos que faculdade de medicina não é estabelecimento comercial e sim centro de estudo sério, mas nos últimos dez anos houve um aumento indiscriminado de escolas sem condições de formar médicos bons”. Em todo o Brasil, são 266 escolas de medicina.
O presidente do Cremesp citou ainda o fato de que 70% dos processos contra médicos estão ligados à formação. Nos últimos dez anos, houve aumento de processos contra médicos formados há menos de dez anos, sendo que a maioria tem seis anos de formação. “Isso mostra que existe algum problema na formação médica. O conselho recebe hoje em média 19 denúncias por dia. Com todo o cuidado que o conselho tem para analisar essas denúncias, 20% viram processo. E desses, 70% têm a ver com a formação.”
Mesmo que o recém-formado tenha péssimo desempenho no exame, ele recebe a carteira de médico e pode atuar, porque não há lei que o impeça de entrar na prática médica. “Lamentamos isso, mas é a nossa legislação”, disse Bráulio Luna Filho. Mas o presidente destacou como positivo o fato de que várias instituições adotaram a classificação no exame do Cremesp como referência para a prova de residência médica.
Apesar de aplicar a prova, o Cremesp não tem autoridade para interferir na faculdade. “O que podemos fazer é ter contato frequente com as faculdades. Todas receberão o relatório sobre sua escola e, toda vez que surge discussão, nos colocamos disponíveis para discutir. A avaliação interna é importante, mas precisa ser comparada com uma avaliação externa isenta”, defendeu Bráulio Luna Filho.
Motta
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