A frase mais espetacular dos últimos dias foi a do ex-presidente FHC. Segundo os jornalões - e eles não mentem jamais -, nosso personagem afirmou, num debate no Museu de Arte do Rio o seguinte:
“Hoje, se disser que sou de esquerda, as pessoas não vão acreditar. Embora seja verdade. É verdade!”
Há quem jure que FHC fez uma blague.
Não é o seu estilo.
Ele costuma dar recados sérios à sua audiência, mesmo que, algumas vezes, como agora, eles sejam difíceis de engolir.
De certa forma, porém, foi até bom o nosso imortal ter dito que é de esquerda.
Com essa afirmação calou inúmeros expoentes seu eleitorado - se é que ele ainda tem algum -, que, fortemente adeptos das práticas direitosas, costumam, para que a pecha de conservador e reacionário não cole neles, dizer que não existe mais nem direita nem esquerda.
Uma piada.
Se até o douto FHC, homem de tantas leituras, de tantas viagens, de tantos banhos de civilização, acha que é de esquerda - embora poucos acreditem nele -, é que não quer que digam que é de direita.
Sendo assim, direita e esquerda existem e continuam dando encontrões nesse mundaréu todo.
O debate é interminável e não vai ser FHC que dará a palavra final sobre o que é a esquerda e o que é a direita hoje.
A confusão faz parte do jogo, é imprescindível.
Até o velho guerreiro Chacrinha anunciava que seu negócio era confundir, não explicar.
Por mim, tenho claro uma coisa: é de esquerda quem pensa no coletivo, quem acredita na democracia, quem deseja mais Justiça e menos desigualdade social e econômica, quem trabalha para que os pobres não continuem pobres o resto da vida, quem se indigne com a miséria, em todos os sentidos - a miséria física, a miséria moral, a miséria cultural -, quem não suporte ver o semelhante passar fome, quem não aceite a discriminação, o preconceito, o ódio contra as minorias, contra os de outra cor de pele, de outra religião, de outro time de futebol ou de outro partido político.
Já quem é de direita, para resumir, acha que tudo o que o sujeito de esquerda pensa e faz é uma tremenda bobagem e o mundo é desse jeito porque sempre foi assim e sempre será - e sempre haverá pobres e ricos, patrões e empregados, bobos e espertos, explorados e exploradores.
Pegue um FHC, escute o que ele diz, leia o que escreve hoje, já que os textos passados ele mandou esquecer, veja com quem ele anda, observe os lugares que ele frequenta - e você vai saber qual é o perfil de quem é de direita.
Não à toa, ele é o "Príncipe".
FHC, a esquerda e a direita
9 de Abril de 2014, 21:08 - sem comentários ainda | No one following this article yet.
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