O grau de partidarização do Ministério Público e da Polícia Federal chegou a tal ponto que parece impossível restabelecer o controle desses órgãos para que atuem como deveriam, ou seja, pautados pelo republicanismo.
O vazamento diário, ininterrupto, de informações sigilosas da operação Lava Jato é prova inconteste de que o MP e a PF, em conluio com os jornalões, pretendem moldar a opinião pública aos seus interesses, no caso ferir de morte o partido político que ocupa o Palácio do Planalto.
Essa estratégia é fundamental para que a Lava Jato não se extingua, se mantenha viva no imaginário popular como a única fonte de energia capaz de prover a força necessária para combater a corrupção no Brasil.
Fora isso, é inacreditável que até hoje, passados muitos meses do início da investigação, nada se tenha apurado sobre o caso da escuta ilegal na cela do doleiro delator Alberto Youssef.
Ou que ainda o ministro da Justiça não tenha demitido o responsável pela Polícia Federal no Paraná, que aceitou, como se fosse a coisa mais normal do mundo, a "doação" de quase R$ 200 mil, por parte do juiz Moro - dinheiro "recuperado" pela Lava Jato, que estava sob a guarda da Justiça -, para a manutenção de sua frota de veículos.
Esse caso é a joia da coroa da esculhambação geral e irrestrita que tomou conta da Justiça brasileira.
Como é que pode um juiz de 1ª instância "doar" verba para a Polícia Federal, sob a alegação de que sem tomar essa medida a "operação" da qual é a estrela maior será prejudicada?
Que poder tem um juiz de 1ª instância para usar, a fundo perdido, dinheiro que não é dele?
Como pode um juiz de 1ª instância atribuir para si os poderes de um ministro de Estado?
E mais: por que cargas d'água a PF do Paraná precisa desse dinheiro se devolveu cerca de R$ 3 milhões do orçamento a ela destinado em 2015?
Ora, não é preciso ser nenhum gênio para concluir que essa "doação" foi mais um episódio para desgastar o governo federal, imputando a ele o desejo de sabotar a tal operação Lava Jato.
Nunca antes no Brasil o Judiciário e o Ministério Público tiveram tanto poder quanto agora - poder que está sendo usado para minar o Executivo federal e que está se consolidando graças à inação de um ministro que permanece inexplicavelmente à frente de sua Pasta.
Sempre se soube que a Justiça brasileira era cara, lenta e simpática aos ricos e poderosos.
Agora, se forma a convicção de que ela também se julga acima das outras instituições do Estado e dos demais poderes, algo terrível para uma democracia.
E para terminar: em que local civilizado deste planeta um juiz atribui a si próprio as funções de investigador, promotor, carcereiro e carrasco?
Motta
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