A imprensa existe para, entre outras coisas, fiscalizar o poder público, de todos os níveis, denunciar as bandalheiras, a corrupção e a malandragem. Tem, dessa maneira, uma função social muito importante, até mesmo vital para o fortalecimento do regime democrático. Não pode, porém, transigir numa regra fundamental, que é tentar, o máximo possível, ser fiel aos fatos, à realidade.
Não pode, em outras palavras, inventar uma notícia.
Qualquer criança sabe que a imprensa brasileira odeia o PT e qualquer organização que lembre a esquerda: sindicatos, movimentos populares, associações de classe etc etc.
Mas a ira é mesmo dirigida contra o PT, porque o partido, embora seja muito mais social-democrata do que socialista, aos olhos da elite brasileira, da qual os donos dos meios de comunicação fazem parte, é, desde já há alguns anos, a única estrutura capaz de, ao vencer disputas eleitorais, mudar a triste realidade do país e a sua vergonhosa desigualdade econômica/social.
Por isso a imprensa, inteiramente subjugada aos interesses da oligarquia nacional, abriu guerra contra o PT - uma guerra sangrenta, sem regras, sem tréguas.
Não há um dia sequer que algum dos jornalões - um termo para designar a chamada "grande imprensa", não apenas as publicações impressas com circulação diária - deixe de dar destaque a um fato negativo contra o PT.
É como se seus editores sofressem de algum distúrbio psicológico, fossem afetados por alguma séria doença mental.
Ou de um incurável mau-caratismo.
Os exemplos dessa patologia, que atropela as mais singelas normas do exercício jornalístico, são inúmeros, patéticos, absurdos até.
A "Folha" descobriu que bebês não gostaram da tal "Viradinha Cultural"...
O mesmo jornal destacou que alguém teve algo roubado no primeiro jogo oficial do Itaquerão, evento ao qual comparecerem dezenas de milhares de pessoas...
Um comentário off record (não oficial, informal, "fora dos microfones", ou seja, para não ser publicado) da presidenta Dilma a editores de esporte sobre a cartolagem da Fifa foi transformada em manchete...
Uma blague do ex-presidente Lula sobre a sua condição de torcedor fanático também virou manchete...
Em meio a essa loucura, os editoriais (a opinião do jornal) batem duro contra a corrupção, apontam caminhos para "salvar" a economia (que vai bem, por sinal) e indicam soluções para livrar o país de todos os males causados pelos governos do PT.
Fico imaginando que maravilha de país teríamos se toda essa fúria fiscalizatória não fosse meramente seletiva e tivesse valido também para os governos anteriores ao do PT.
Educação, saúde, transportes, segurança pública, moradia, tudo isso seria muito melhor e talvez o Brasil nem precisasse ser governado por esse pessoal do PT.
Em vez disso, a imprensa ficou caladinha, fez de conta que tudo estava perfeito no seu mundo imaginário e deixou que as maiores barbaridades fossem praticadas.
Haja canalhice...
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