Os jornais impressos serão peças de museu em alguns anos.
Só as pessoas que não têm contato com a realidade ainda acreditam que essas publicações sobreviverão.
Claro que restarão algumas, como existem até hoje os discos de vinil, produzidas para os saudosistas, mas elas serão irrelevantes numericamente.
Os jovens não sabem o que é um jornal impresso - ou uma revista.
A plataforma que usam para se conectar com o mundo, seja por meio de notícias, seja por meio da comunicação pessoal, é o smartphone, o tablet, ou o notebook, quando estão no trabalho ou em casa.
Um smartphone com acesso à internet custa pouco mais de R$ 200, que podem ser facilitados em várias prestações.
Não é mais um brinquedo para ricos.
Está disponível para todos.
Quem não fica, como muitos jornalistas da antiga, o dia todo no trabalho, isolado do mundo real, sabe que nos ônibus, vagões de trens, em qualquer lugar público, não se vê mais ninguém lendo jornal, mas sim com o olho nesse incrível aparelhinho que traz o mundo até nós, chamado no Brasil de "celular".
A crise dos jornalões brasileiros, explicitada nesta semana pelo enorme passaralho que pousou na redação do centenário Estadão, tem várias causas.
Os investimentos pesados em dólar na era FHC, acreditando na falácia da paridade dólar/real, o abandono do jornalismo em favor de uma militância partidária, e o amadorismo administrativo talvez sejam as mais evidentes.
O motivo principal da decadência, porém, talvez tenha sido o fato de que eles demoraram muito para entender o que significa a internet para a vida das pessoas, a sua importância para o desenvolvimento da civilização, a revolução sem precedentes que ela provocou na informação.
Algumas poucas publicações brasileiras até que entraram na onda cedo, e assim conseguiram se sair mais ou menos bem.
Mas a maioria até hoje não compreendeu que o papel não é mais a plataforma ideal para a notícia.
O jornal impresso é um produto extremamente caro, principalmente se for comparado ao digital.
Se, no passado, essas empresas que hoje sobrevivem em estado comatoso tivessem gasto na criação de produtos para a internet o que gastaram em indenizações trabalhistas, certamente elas estariam numa situação bem melhor.
O jornalismo não vai acabar nunca.
Vai, sim, mudar, já que qualquer pessoa alfabetizada é capaz de criar seu blog, relatar algo que julga importante, compartilhar ideias ou escrever artigos usando a internet.
Já os jornalões impressos, esses sim, estão com os dias contados.
Motta
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