Ir para o conteúdo

Motta

Voltar a Crônicas do Motta
Tela cheia

Os velhos e distantes companheiros

8 de Maio de 2015, 17:48 , por CRÔNICAS DO MOTTA - | No one following this article yet.
Visualizado 26 vezes
Quase toda vez que leio, nas redes sociais, algum comentário de um amigo de longa data, um daqueles que conheço desde a infância ou com o qual passei junto a adolescência, me dá uma tristeza enorme. 

É que, com raras exceções, percebo que quase nada mais tenho em comum com ele, pelo menos no campo ideológico.

Em outras palavras, descubro que aquele camarada de quem era próximo, agora sessentão não passa do mais completo reacionário, exatamente o tipo que nós, quando jovens, abominávamos.


E pior de tudo: embora tenha praticamente a mesma formação educacional que eu tive, com ótimas notas nas escolas em que estudou, e seja, pela sua condição social, econômica e intelectual, um sujeito com amplo acesso à informação, ele repete, qual papagaio, as maiores besteiras, idiotices e mentiras que, já há algum tempo, invadiram os meios de comunicação do país.

É incrível. 

O sujeito tornou-se o antipetista típico, desses de xingar a presidenta Dilma de "vaca" e outros palavrões ainda mais chulos, de acreditar que o ex-presidente Lula ficou bilionário roubando os cofres públicos, e o seu filho é dono da Friboi. 

O camarada repete hoje o comportamento de seus pais, integrantes da classe média que apoiou ou não se importou com o golpe de 64, e que, por serem produtos da propaganda da guerra fria, eram anticomunistas daqueles que achavam o vermelho a cor do demônio.

O estranho é que esses meus chapas de outrora tiveram muito mais informações que seus pais para chegar à conclusão de que o mundo não se restringe ao bem e ao mal, ao certo e ao errado, ao preto e ao branco, ao Palmeiras e ao Corinthians.

Ele é muito mais amplo que essa dicotomia, muito mais colorido, complexo e interessante.

Sei lá o que aconteceu com essas pessoas para que se tornassem o que são: leitores fieis de Veja, Estadão e Folha, audiência cativa do Jornal Nacional, do Datena e de congêneres, preconceituosos e incapazes de refletir à luz da realidade e dos fatos, desprovidos de senso crítico, meros passageiros da barca consumista.

Sei apenas que para não me deprimir passei a nem ler mais o que os velhos companheiros escrevem.

Prefiro que eles sejam apenas lembranças de um passado distante, em que éramos muito mais felizes em nossa insensatez, insegurança e destemor.
Fonte: http://cronicasdomotta.blogspot.com/2015/05/os-velhos-e-distantes-companheiros.html

Motta

0 comunidades

Nenhum(a)