Várias análises politicas publicadas nos últimos dias culpam o Partido dos Trabalhadores pela situação em que o país se encontra atualmente.
Os pontos centrais dessa argumentação são que a ingenuidade política do PT, suas alianças com agremiações fisiológicas e a adoção de métodos semelhantes aos dos outros partidos, abriram caminho para que um vasto movimento de oposição se consolidasse, a ponto de ameaçar não só a permanência da presidenta Dilma Rousseff no comando do Executivo central, mas a própria sobrevivência do grupo político como entidade legal e as chances de o ex-presidente Lula retornar ao Palácio do Planalto.
Como ingenuidade política entenda-se a indicação de nomes estranhos ao partido ao Supremo Tribunal Federal, à Procuradoria-Geral da República, e a postos-chaves da enorme máquina burocrática que se encarrega da administração pública.
Não é segredo para ninguém que o antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso, foi, nesse ponto, absolutamente pragmático: ao contrário do PT, e seguindo a praxe de todos os outros presidentes que vieram antes dele, indicou quem era amigo para os cargos mais importantes.
Aparelhou o Estado, como gostam de dizer os falsos adeptos da "meritocracia".
Nessa perspectiva, a "ingenuidade" que alguns atribuem ao PT nada mais é que a aplicação, na prática, daquilo que o partido sempre pregou na teoria, isto é, quando estava fora do comando do Executivo.
Outras duras críticas são feitas em relação ao fato de o PT ter construído uma base de apoio parlamentar com um leque de partidos que vão desde a esquerda moderada do PCdoB à direita deslavada de um PR, por exemplo.
Mas isso faz parte da realpolitik, ou seja, o agrupamento que assume o poder, num sistema político como o brasileiro, não pode prescindir do apoio de quem quer que seja, sob o risco de, simplesmente não governar.
Ora, para que os governos do PT impusessem a agenda que permitiu retirar da miséria dezenas de milhões de pessoas e promover um movimento de ascensão social inédito no país, diminuindo um pouco a ignóbil desigualdade econômica e social, entre outras importantes realizações nas áreas da infraestrutura, habitação, mobilidade urbana, saúde e educação, foi necessário o apoio do Congresso - e o PT nunca foi, isoladamente, maioria nele.
Assim, nada mais lógico que obtivesse o apoio de outras legendas, mesmo que, para isso, se obrigasse a dar algo em troca, ou seja, indicar nomes estranhos ao partido para cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões da administração direta e indireta.
O "toma lá, dá cá" é uma prática tradicional da política brasileira, quiçá do mundo todo.
Assim como o caixa 2 das campanhas eleitorais.
Ou o ingresso de aventureiros nas agremiações políticas que se fortalecem.
Certamente, apesar de toda a sua trajetória metodológica atípica, o PT não poderia ficar alheio a esses métodos.
Se não se dobrasse às demandas dos "aliados" simplesmente não governaria, por exemplo.
E não ganharia nenhuma eleição se recusasse dinheiro de empresários.
É muito provável que, se o PT tivesse repetido as ações de FHC, para não voltar muito na história, não houvesse o golpe judiciário em curso e o país não estaria sofrendo as suas trágicas consequências - devastação econômica, rompimento do Estado de direito, fechamento de milhares de postos de trabalho...
De certa forma, os analistas que tanto criticam a ingenuidade do PT têm razão, se argumentam sob a lógica da realidade brasileira.
Mas o fato é que o PT está sendo punido não pelos seus erros, mas pelos seus acertos.
Numa sociedade como a brasileira, dominada por uma oligarquia perversa, que pensa e age como se o mundo estivesse ainda no período pré-capitalista, qualquer um que sequer ouse sugerir mudanças é um inimigo que tem de ser eliminado - por qualquer método necessário.
Motta
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