A questão do racismo é muito complexa.
Por que, se entre as pessoas civilizadas há o consenso de que ele deve ser combatido implacavelmente, por ser uma prática abjeta e aviltante à condição humana, é impossível aferir o grau de sinceridade de quem se diz contrário a essa forma de degeneração moral.
No Brasil, então, a cada dia fica mais difícil saber quem é contra e quem é racista.
Depois que a internet permitiu que os demônios fossem soltos, as manifestações racistas explodiram.
O mito de uma sociedade tolerante, sem preconceito, que aceita sua multietnicidade, espatifou-se.
O racismo está em todo lugar.
Só não vê quem não quer - ou quem é muito cínico.
Mas isso não é pior.
Mais mal à luta antirracista fazem, por exemplo, manifestações como essa última das bananas, que ganhou as redes sociais, com a participação de estrelas globais - e centenas de inocentes úteis.
A reação do jogador Daniel Alves, que comeu a banana que o torcedor imbecil lhe atirou, foi perfeita, diante das circunstâncias.
O que veio depois, porém, é que preocupa.
Transformar um problema tão grave num slogan, ou se preferirem, numa hashtag, é simplificá-lo demais.
De certa forma, é igualá-lo a protestos sem a menor relevância, como centenas que lotam as redes sociais todos os dias.
Racismo não é brincadeira.
O racismo é uma chaga, uma doença, uma perversidade.
Só quem o sofre sabe o quanto ele é doloroso, o quanto é destrutivo.
É algo que deve ser levado muito a sério.
Tão a sério que o seu combate não permite o uso de truques publicitários, a criação de modismos ou a estampa em camisetas.
Racismo é algo com que não se brinca
29 de Abril de 2014, 23:26 - sem comentários ainda | No one following this article yet.
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