Se não tenho mais nenhuma dúvida de que os jornalões impressos vão acabar daqui a poucos anos, um aparelhinho chamado Google Chromecast, que minha mulher acabou de instalar em nosso aparelho de TV, me deixou convicto de que também o reinado da TV como principal fonte de lazer e informação está com os dias contados.
O tal aparelho é, como diziam os antigos, um ovo de Colombo.
Ele permite conectar, via internet wifi, com a maior facilidade, um smartphone com um televisor.
Feito isso, você pode assistir, na sua TV, a tudo o que está no Youtube ou no Netflix, por exemplo, em vez de ter de suportar a tortura que é ver um Faustão, um BBB ou um Jornal Nacional, no caso da TV aberta, ou as intermináveis reprises de filmes B na TV por assinatura.
Mesmo quem não quiser gastar uns R$ 200 para comprar o Google Chromecast pode, perfeitamente, usar a tela de seu aparelho de TV como monitor para os tesouros da internet.
Basta conectar o seu PC ou notebook com um cabo hdmi, que custa R$ 20 em qualquer loja de informática.
A televisão brasileira é um caso sério.
Ou melhor, um caso de polícia.
Todos sabem que o serviço é uma concessão do Estado, ou seja, nem a Globo, nem a Record ou nenhuma das emissoras é dona vitalícia do direito de explorar o serviço.
Uma concessão tem tempo determinado, além de regras a serem seguidas.
O problema todo é que no Brasil as autoridades responsáveis pela outorga e fiscalização dessas concessões simplesmente abdicaram de fazer o que deveriam fazer, há muito tempo, e dessa forma foi criada uma situação de fato, na qual os "donos" das emissoras de rádio e TV se acham no direito de não dar satisfação a quem quer que seja.
O resultado é isso que está aí - políticos donos de redes de jornais, rádios e televisões, uma concentração absurda de emissoras nas mãos de umas poucas famílias, programação de péssima qualidade, visando apenas obter lucro, uso indiscriminado das concessões para propaganda político-partidária-ideológica contra o governo trabalhista etc etc.
A instauração de um marco regulatório para o setor é urgente e vital para que a democracia avance no país.
Mas tudo indica que essa será uma batalha longa e de difícil prognóstico entre os poderosos "donos" das emissoras de rádio e TV e o governo federal.
Mais provável é que, antes que essa guerra termine, a internet tenha crescido a tal ponto que essa discussão toda fique superada.
No atual estágio da civilização humana, o tempo corre muito mais rapidamente.
Há pouco mais de 40 anos a televisão no Brasil era em preto e branco, não existia o controle remoto, os aparelhos, enormes, pesavam 20 quilos, as antenas faziam parte do cenário das cidades e os computadores - "cérebros eletrônicos" para alguns - ocupavam uma sala inteira.
Alguém tem saudade desses tempos?
Motta
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