A notícia é da Agência Brasil: um estudo da Fundação Bertelsmann, com sede em Gütersloh, Alemanha, constatou um retrocesso da democracia e da economia social de mercado em todo o mundo e um aumento da influência da religião sobre as instituições políticas e jurídicas.
“A democracia e a economia social de mercado encontram-se em retrocesso em todo o planeta”, diz o comunicado de imprensa da fundação, no qual se resumem as conclusões do estudo.
O projeto, que contou com a participação de 250 cientistas, analisa a situação de 129 países em vias de desenvolvimento e transformação, para avaliar a qualidade dos respectivos governos, a partir da consideração de um total de 17 critérios.
Desses 129 países, a apenas seis é atribuída boa qualidade de governança, o que representa o nível mais baixo desde 2006, quando se começou a realizar o estudo periodicamente.
O Brasil está na 19º colocação no ranking, atrás de países como Estônia, Lituânia, Eslovênia, República Tcheca, Uruguai, Romênia, Croácia...
Estudos como esse geralmente são feitos sob a óptica da ideologia neoliberal e devem ser encarados mais como curiosidade do que sob qualquer outro aspecto, embora sempre carreguem um verniz "científico".
O capítulo sobre o Brasil, por exemplo, parece que foi feito tendo como base as notícias da imprensa, o que por si só serviria para desqualificá-lo, tal a parcialidade do jornalismo praticado no país.
Apesar disso, o que mesmo a atenção é a constatação do avanço da influência da religião sobre as instituições - algo claramente visível no Brasil, onde o Legislativo, os meios de comunicação e até mesmo o Judiciário e o Ministério Público têm um forte componente religioso, o que contraria frontalmente a Constituição.
Segundo o estudo, embora nos países analisados, as democracias tenham aumentado ligeiramente (de 72 para 74) e as autocracias diminuído de 57 para 55, a situação geral piorou relativamente a cada uma das respectivas formas de governo.
Desde o levantamento anterior, feito há dois anos, as autocracias consideradas “duras” aumentaram de 58% para 73% e apenas 15 das 55 protegem em parte os direitos civis e outorgam direitos políticos limitados.
Nas demais 40 autocracias, as detenções arbitrárias de jornalistas e ativistas dos direitos humanos são frequentes, segundo o estudo.
Sobre as democracias, o estudo indica que uma em cada duas é qualificada como "falha" e na grande maioria dos países da Europa Oriental existe atualmente mais restrições à liberdade de imprensa e de expressão do que dez anos atrás.
O presidente da Fundação Bertelsmann, Aart De Geus, manifestou especial preocupação com a situação nos países vizinhos da União Europeia.
“Os países vizinhos da Europa tornaram-se mais conflituosos, menos estáveis e mais autoritários. O que preocupa é, principalmente, a crescente incapacidade para o debate social e político”, observou.
Essa situação, segundo o estudo, ajuda ao crescimento do populismo que, em muito países, já encontra terreno fértil na pobreza, desigualdade e na falta de perspectivas econômicas para boa parte da população.
O documento lamenta que os anos de prosperidade econômica mundial não tenham sido aproveitados para investir em educação e saúde e na luta contra a desigualdade social.
O estudo destaca ainda que a influência da religião na política aumentou em 53 países nos últimos dez anos e recuou em apenas 12.
Os 20 países mais bem colocados no ranking da Fundação Bertelsmann são os seguintes:
1 Taiwan
2 Estônia
3 República Tcheca
4 Uruguai
5 Polônia
6 Lituânia
7 Eslovênia
8 Chile
9 Eslováquia
10 Letônia
11 Coreia do Sul
12 Costa Rica
13 Mauricio
14 Romênia
15 Croácia
16 Bulgária
17 Botsuana
18 Hungria
19 Brasil
20 Montenegro