O jornal "O Globo" fez até editorial contra o aumento de 11,68% do salário mínimo, para R$ 880,00, em vigor desde o dia 1º de janeiro.
Os analistas econômicos de outros jornalões reforçam a catilinária a favor da desigualdade social e elegem a política de valorização do mínimo como inimiga número 1 da estabilização econômica.
Para tais expertos na teoria do quanto pior, melhor, aumentar o salário mínimo é como jogar gasolina na fogueira da inflação.
Além disso, dizem esses profetas do fim do mundo (ou do Brasil), valorizar o salário, nestes tempos de crise, vai acarretar inúmeras males à sanidade das finanças públicas, tão combalidas pela irresponsabilidade do lulodilmismopetismo.
Mas vamos falar seriamente.
A palavra vai para quem entende do assunto, ou seja, os técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese.
A última Nota Técnica da entidade trata especificamente do aumento do salário mínimo.
E, segundo o pessoal do Dieese, bem mais gabaritado que os "achistas" a serviço dos patrões das empresas de comunicação, a política de valorização do mínimo "é reconhecida como um dos fatores mais importantes para o aumento da renda da população mais pobre e marca o sucesso de uma luta que promoveu um grande acordo salarial na história do país".
Essa política, explicam, os técnicos do Dieese, "estabelece, ao mesmo tempo, uma regra permanente e previsível, promovendo a recuperação gradativa e diferida no tempo, com referência, para os aumentos reais, no crescimento da economia. Ou seja, condiciona a valorização do salário mínimo à 'produtividade social'".
Com isso, continuam, "a valorização do SM induz a ampliação do mercado consumidor interno e, em consequência, fortalece a economia brasileira. Deve e precisa ter continuidade, sobretudo porque o país segue profunda e resistentemente desigual".
A desigualdade de renda se manifesta "de modo explícito tanto na comparação entre indivíduos e famílias quanto entre o trabalho e o capital".
O parágrafo seguinte da Nota Técnica resume a importância da política de valorização do salário mínimo:
"Ademais, a economia brasileira ainda é refém da armadilha de uma estrutura produtiva de baixos salários. Do ponto de vista do sistema produtivo, o desafio é fazer com que se reduza a desigualdade na distribuição funcional da renda (isto é, entre trabalho e capital) e na distribuição salarial, promovendo a transição para uma estrutura mais igualitária com um patamar de rendimento mais elevado na média. O SM, em um processo de elevação contínua e acelerada, deve ser considerado como um instrumento para buscar um patamar civilizatório de nível superior para o Brasil, atendendo aos anseios da maioria dos brasileiros."
Só para constar:
O novo salário mínimo vai jogar R$ 57 bilhões na economia do país. Mais de 48 milhões de pessoas têm seu rendimento referenciado no mínimo.
É.
E tem gente que acha que os jornalões estão aí para informar...
Motta
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