Haitianos deixam o Acre em busca da terra da oportunidade: infelizmente não são louros nem ricos (Foto: Marcello Casal Jr./ABr) |
A reação do governo paulista à chegada dos cerca de 400 haitianos que estavam no Acre é reveladora.
Mostra que o preconceito de cor e de classe está muito mais enraizado na sociedade brasileira do que se supunha.
Como li em alguns artigos: se fossem ricos, loiros, de olhos azuis, será que seriam tão mal recebidos?
Mostra também a que ponto de degradação chegou São Paulo.
Como é que o Estado mais rico da federação, cujo PIB é maior que muitos países da América Latina - e do mundo -, que se intitula a "locomotiva da nação" e que concentra a elite empresarial do país, tem uma reação como essa por causa de 400 imigrantes?
O governador do Acre informou: em seu Estado já chegaram, nos últimos anos, 20 mil imigrantes.
O Acre, comparado com São Paulo, pelo menos economicamente, é uma pulga, um quase nada.
Mas, da forma que pode, tem acolhido esses pobres coitados - eles não são apenas haitianos, mas africanos e sul-americanos, que vêm ao Brasil em busca de melhores oportunidades de vida.
Mas é óbvio que os imigrantes não querem ficar no Acre.
Afinal, o que o Acre, um dos Estados mais pobres da federação, tem a oferecer a eles?
O seu destino é mesmo São Paulo, a terra prometida, a terra onde estão os empregos, onde está o dinheiro.
Isso, São Paulo, a terra do dinheiro.
E só.
Porque, como as autoridades paulistas fazem questão de acentuar neste triste episódio, São Paulo, para a infelicidade de todos, não é a terra da fraternidade, mas sim a do preconceito.
A terra onde os que nela procuram abrigo são selecionados pela cor da pele, pela roupa que vestem, pela língua que falam e pelo tanto de dinheiro que carregam.
Atitudes como essas dos governantes paulistas envergonham qualquer pessoa que acredita na solidariedade como um dos traços que distinguem o ser humano das outras espécies deste planeta.
O que fazem está muito longe da imagem de modernidade que tentam passar.
Estão mais para senhores feudais e de escravos do que pessoas que vivem no globalizado século 21.
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