A crônica anterior foi inspirada na figura ímpar do marechal Henrique Teixeira Lott, um constitucionalista radical, que exibe em sua rica biografia o feito notável de não ter permitido que os raivosos golpistas da UDN impedissem Juscelino Kubitschek de tomar posse como presidente da República.
Lott é um desses brasileiros que nos enchem de admiração por ter sido coerente com seus princípios, não ter se rendido às facilidades que os altos cargos que ocupou poderiam lhe render, e por ter defendido a democracia num momento em que todos apostavam que ela serviria de comida para os abutres.
Em setembro de 2009 escrevi a crônica que reproduzo a seguir, motivado pela notícia de que a vida do marechal Lott poderia virar um filme - até hoje não produzido, infelizmente.
Pouco tempo antes havia lido a sua biografia, "O Soldado Absoluto", de Wagner William (Editora Record, 571 páginas), obrigatória para entender um pouco do pensamento militar e da vida política do Brasil no período entre os anos 30 e 60 do século XX.
O livro serve ainda para informar que nem sempre o país teve figuras pusilânimes em seus altos cargos administrativos e que só foi por causa de personagens como o marechal Lott que a nação conseguiu resistir até hoje ao permanente assalto promovido por incontáveis vendilhões, entreguistas, punguistas e traidores.
A seguir, a íntegra da crônica:
Vida exemplar
Em 1960, quando Jânio Quadros, Adhemar de Barros e o marechal Henrique Teixeira Lott disputavam a eleição presidencial, eu tinha seis anos de idade e, evidentemente, não compreendia o que significavam aqueles "santinhos" que meu pai, o capitão Accioly, levava para casa, nem aquele pequeno broche no formato de uma espada que ele, orgulhosamente, exibia na lapela do paletó.
Foi só alguns anos depois, quando o país se encontrava mergulhado nas trevas do golpe militar, que entendi que tudo poderia ter sido diferente se a espada do marechal Lott tivesse partido aquela ridícula vassoura janista, que, com a promessa de varrer a sujeira, acabou escondendo-a debaixo do tapete.
A história, porém, como tudo na vida, não é feita de "se". A tragédia que a vitória de Jânio precipitou felizmente já faz parte do passado. A nação, se viveu duas décadas de sofrimentos e desencantos, finalmente soube aprender a lição e hoje, mergulhada na reconfortante água da democracia, acha seu rumo entre as maiores do mundo.
E já é capaz de entender que para, continuar nessa trajetória exitosa, tem de, não apenas exorcizar seus mais feios demônios, mas exaltar aqueles que, por suas vidas, por seus exemplos, ajudaram a construir esse inexprimível sentimento de brasilidade que sobra em alguns poucos e falta em muitos outros.
Como o marechal Lott, uma das figuras mais importantes e injustamente esquecidas da história recente do país.
Leio, com imensa satisfação, que o produtor cinematográfico Jorge Moreno está terminando os preparativos para levar à tela a vida desse notável brasileiro, que, entre outros feitos, não permitiu que a UDN e seus raivosos seguidores impedissem a posse de Juscelino Kubitschek - em outras palavras, dessem um golpe contra o presidente legitimamente eleito pelo povo.
Lott foi um constitucionalista radical, um ferrenho seguidor da lei e dos valores éticos, sobre o qual até os piores inimigos não tinham uma mancha sequer para atacar.
Sua magnífica biografia está no livro "O Soldado Absoluto", de Wagner William (Editora Record, 571 páginas), que serve de base para o roteiro do filme em preparação.
É uma pena que ainda tão poucos brasileiros, principalmente os das gerações mais novas, conheçam a vida do marechal Lott - algo que o filme de Jorge Moreno poderá, em parte, redimir.
O pior mesmo é saber que personalidades como ele, tão raras e preciosas, pouco sirvam de inspiração para a maioria dos nossos homens públicos - sujeitos pequenos de ideias e de atitudes.
Motta
Novidades
- Léo Martins mescla ritmos em seu primeiro EP solo
- Neta de Janete Clair e Dias Gomes lança EP com sua banda 2Dias
- Musicóloga expõe em livro seu rico universo particular
- Rodrigo Marconi mostra seus outros "eus" em novo álbum
- Jazz Cigano invade novamente Piracicaba
- Danilo Caymmi e Cláudio Nucci abrem Festival de Artes e Saberes das Águas
- Leandro Bertolo lança novo álbum com produção de Kleiton Ramil
- Um piano versátil. E uma homenagem a Tom Jobim
- Alfredo Dias Gomes presta homenagem ao ídolo Elvin Jones
- Luís Martins reúne time de craques em seu novo trabalho autoral
- Menescal comemora 86 anos como gosta: no palco
- Saxofonista e flautista Fernando Trocado lança primeiro álbum autoral
- Neta de Dias Gomes e Janete Clair lança EP autoral
- Novo álbum do baixista Zuzo Moussawer homenageia a cidade de Santos
- Festival integra música e arquitetura dos principais palácios brasileiros
- Brasileiro compõe peça para "piano robô"
- Filho de Paulo Leminiski e Salvadores Dali recriam "Dor Elegante"
- Poeta premiada escreve livro para "homem inventado"
- Maria Rita Stumpf canta o Brasil profundo em seu novo álbum
- Edvaldo Santana pede mais humanidade em novo single
- Caverjets, a banda que toca rock anti-Bolsonaro
- Armando Lobo reinventa a música nordestina
- Max Riccio revive violão do início do século XX
- Festival Levada comemora dez anos com quatro dias de shows
- Fotos de Sil Azevedo eternizam seu universo peculiar
Сообщения блога
- 2016 (105)
- 2015 (211)
- декабря (20)
- ноября (22)
- октября (16)
- сентября (17)
- августа (22)
- июля (15)
- июня (19)
- мая (17)
- апреля (17)
- марта (16)
- февраля (16)
- января (14)
- 2014 (167)
0 communities
Нет