Esse pessoal não dá ponto sem nó.
A notícia que implica Temer e Aécio nos "negócios" da JBS, dada com destaque pelas Organizações Globo, tem como consequência a implosão do atual sistema político nacional.
Antes dela, os corruptos eram Lula e o PT.
PMDB, PSDB e siglas menores sofriam apenas danos colaterais.
Estavam, como se diz, blindados.
A partir de agora, a percepção, para o público em geral, é a de que todos os políticos são corruptos - inclusive o presidente da República.
A conclusão mais óbvia que se tira dessa ousadia da Globo de noticiar o grau extremo do cambalacho nas altas esferas do poder é a de que, mais do que nunca, há a necessidade de que, das cinzas, surja o novo.
Pode ser o Partido Novo, financiado pelo Itaú e ungido pela fina flor do neoliberalismo.
Pode ser a presidenta do Supremo Tribunal Federal, numa eleição indireta.
Pode ser até mesmo Bolsonaro e sua legião de fascistas.
Mas o mais provável é que esse novo, esse Collor redivivo, esse grande líder que vai tirar o Brasil do buraco seja o João Trabalhador, o prefeito paulistano que adora o cashmere e se distrai falando mal do PT e de Lula - e se fantasiando como os mais improváveis personagens.
Por ele, a Globo pode até embarcar na campanha das "diretas já".
O João Trabalhador não é político - pelo menos na visão dos analistas globais -, embora seja filho de político e tenha feito política, por meio de suas empresas e programas de televisão a vida toda.
E por falar em televisão...
Se o João Trabalhador não emplacar, há ainda aquele outro "novo", que reforma e doa casas para os pobres coitados, entre outros atos de benemerência, na telinha da ... Globo.
Como dizia o Príncipe de Falconeri no imortal O Leopardo, de Tomasi di Lampedusa, "tudo deve mudar para que tudo continue igual". (Carlos Motta)