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Literatura universal inspira primeiro CD de Rodrigo Marconi

January 23, 2019 9:52 , par segundo clichê - | No one following this article yet.
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O  compositor e professor carioca Rodrigo Marconi escolheu algumas de suas dezenas de criações, que vieram a público nos principais festivais de música contemporânea do Brasil, para formar o seu primeiro CD, intitulado "Correspondência", que acaba de ser lançado. O álbum, de produção independente, foi gravado e mixado na A Casa Estúdio (RJ), tem distribuição nacional pela Tratore, e reúne 6 obras, divididas em 15 faixas.

O título do disco registra o diálogo de sua obra com as mais variadas expressões artísticas. “No campo das artes, correspondência significa, acima de tudo, diálogo. Diálogo que nas minhas composições atravessa o fantástico universo do poeta português Fernando Pessoa e seus heterônimos, a leitura de mundo do semiólogo francês Roland Barthes, a postura política e artística do teatrólogo e poeta Berthold Brecht, e uma infinidade de outras referências que interferem, contaminam e potencializam a minha música”, ressalta Marconi, que complementa: “Nesse sentido, a pintura, o cinema, a fotografia e, principalmente, o teatro, a literatura e a própria música fornecem um campo fértil de intercâmbio e de inspiração para as composições do CD, onde a intertextualidade é a motivação, o ponto de partida e de chegada e a forma que encontrei de me corresponder com o mundo.”

Escrita para flauta, clarinete e vibrafone, “Golpes de Pequenas Solidões” é inspirada pela percepção e leitura de mundo de Roland Barthes (1915-1980), pois afinal, segundo ele próprio, "a vida é assim, feita a golpes de pequenas solidões". Na peça, os três instrumentos ora são apresentados só, introspectivos e reflexivos, cada um com sua essência e discurso, ora tocando em conjunto, dialogando, “ (con)vivendo, (co)existindo, (co)habitando, construindo, afetando e sendo afetado pelo outro. Solidões... solidão... só... ou como preferia Guimarães Rosa, solistência, a solidão da existência de tudo que está vivo”, diz o compositor. 

Em “Impropérios”, escrita para vibrafone, brilha a execução de Joaquim “Zito” Abreu, em cinco pequenas peças. A música busca ressaltar uma dicotomia intrínseca na palavra “impropérios”: ao mesmo tempo que significa um discurso ofensivo, injurioso, desrespeitoso, é também uma antífona da liturgia católica cantado durante a semana santa (hinos de louvor). Toda sua inspiração para a sua criação se baseia no extremo dessa dicotomia, onde o profano e o sagrado, o conflito e a comunhão, o terrestre e o divino se conectam através da mais corriqueira e cotidiana forma de expressão: a palavra.

O duo de flauta (Reinaldo Pacheco) e clarinete (Moisés Santos) dá cor a “Canções Para os Dias de Sol ou de Chuva”, escrita em três movimentos especialmente para os próprios intérpretes, amigos de Marconi. “A peça tem como objetivo contemplar o dia a dia, as pequenas coisas, a simplicidade de ser e estar vivo”, diz o autor. A partir do violão de Fábio Adour, os três movimentos de “Brechtianas” representam uma singela homenagem a um dos mais importantes artistas do século XX, o poeta, dramaturgo e encenador alemão Berthold Brecht (1898 – 1956), que com sua produção e postura perante a arte e a vida influenciou o teatro contemporâneo, tornando-se imprescindível. Ao mesmo tempo, faz referência às “Bachianas”, a obra-prima escrita por Villa-Lobos em homenagem e devoção a Johann Sebastian Bach.

O piano de Ronal Silveira nos dois movimentos de "No Bosque dos Espelhos" realça o convite do ouvinte a um passeio nos labirintos do seu próprio ser. A "egotrip", como conceitua Marconi, busca mostrar que é exatamente dentro desse bosque "que se escondem vários mistérios, perigos, desafios, segredos, nossas expectativas mais íntimas, experiências e os conhecimentos mais profundos”. É no bosque dos espelhos que nos colocamos em contato com o mundo interior, onde Narciso se auto-contemplava ou onde Alice, por meio da pena de Lewis Carroll, se questionava: “Esse deve ser o bosque”, disse pensativamente, “em que as coisas não têm nomes. O que será que vai ser do meu nome quando eu entrar nele?”

O disco chega ao fim reunindo flauta (Reinaldo Pacheco), clarinete (Cesar Bonan), violino (Angelo Martins), violoncelo (Luciano Corrêa) e piano (Mateus Araujo) em "Às Várias Pessoas de Fernando", uma referência ao célebre poeta português Fernando Pessoa. “O que sempre me fascinou na vida e na obra de Pessoa foi sua relação com seus diversos heterônimos. Muito mais que um pseudônimo, os heterônimos vivem, carregam consigo suas experiências, seus dilemas, sua história. E todos eles, repletos de significações e significados, de desejos e realizações explodiam (ou implodiam, quem sabe) dentro do limite de apenas um corpo físico.” Nessa composição, o autor imaginou todos esses seres (con)vivendo dentro de um só ser, com suas relações e conflitos, seus diálogos prováveis e improváveis, suas limitações espaciais e mentais.

Rodrigo Marconi

Compositor, musicólogo e professor carioca, Rodrigo Marconi iniciou-se na música aos 12 anos e aos 18 anos já trabalhava em composições para teatro e cinema. Seu ingresso na música de concerto ocorreu em 2008, com sua primeira participação no Panorama da Música Brasileira Atual, da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bacharel em composição musical pela Universidade Estácio de Sá, teve a oportunidade de estudar com os compositores Guilherme Bauer, João Guilherme Ripper e Tato Taborda. Licenciado em educação artística com habilitação em música pelo Conservatório Brasileiro de Música é mestre em musicologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Suas obras foram tocadas em importantes festivais como a 18ª e 22ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea, os Panoramas da Música Brasileira Atual (UFRJ), o Festival Babel (Porto Alegre), nas séries Musimac (USP), CBM Experimental, Festival Compositores de Hoje, Série Tendências (UFRJ) e Série Compositores (Uni-Rio) entre outras.

Foi um dos compositores contemplados com o Prêmio Funarte de Música Clássica 2016, com o trio “O Despertar da Intratável Realidade”, para violino, violoncelo e piano, obra que teve sua estreia na 22ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea (2017). Atualmente, leciona na Escola Estadual de Teatro Martins Penna e na graduação do Conservatório Brasileiro de Música.

Para ouvir ou comprar:

https://www.deezer.com/br/album/79897172

https://itunes.apple.com/br/album/correspond%C3%AAncias/1444486633?app=music&ign-mpt=uo%3D4

https://open.spotify.com/album/7u9Vb1ph9CldbeVELgF9p5

www.rodrigomarconi.com




Source : http://segundocliche.blogspot.com/2019/01/literatura-universal-inspira-primeiro.html

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