Lá se vai quase uma década desde que o episódio que ficou conhecido como "a farra dos guardanapos" entrou no noticiário nacional. A festança promovida em setembro de 2009 em Paris marcou o apogeu e a derrocada de Sérgio Cabral Filho como político e governador do Rio. E só agora os seus bastidores são revelados, em todos os seus detalhes, num minucioso trabalho de reportagem que resultou num livro do experiente jornalista Silvio Barsetti (foto).
"A Farra dos Guardanapos – O último baile da Era Cabral" reconstitui cada momento do banquete, tarefa concluída graças a uma enorme quantidade de informações levantada pelo autor: da lista de convidados às conversas de pé de ouvido, passando pelo requintado cardápio e até por um "barraco" ocorrido em pleno salão, tudo está lá, embalado numa narrativa leve e saborosa, que alinha passado, presente e futuro para levar o leitor ao centro da noite de luxo e ostentação em Paris.
O relato foi construído a partir de informações de quem esteve na mansão da Avenida Champs-Elysées: os convidados, os profissionais que ajudaram a preparar o evento, e os assessores encarregados de mantê-lo na penumbra por tanto tempo.
O livro tem prefácio do jornalista Octavio Guedes, galeria de fotos da festa e um infográfico com a sequência dos episódios, para ajudar o leitor a entender tudo o que se passou em Paris, antes, durante e depois da “farra”. A capa e as artes são de André Hippertt, um dos mais premiados designers gráficos do país.
"A Farra dos Guardanapos" é o primeiro livro do versátil jornalista Sílvio Barsetti. Com 30 anos de profissão, ele já cobriu esporte, cultura e política. Iniciou a carreira no “Jornal dos Sports”, passou pelo “Jornal do Brasil”, “O Dia”, e, por duas décadas, trabalhou na sucursal do Rio do “Estado de S. Paulo”. Barsetti participou também da pesquisa do livro “Vinicius de Moraes: o poeta da paixão”, de José Castello (Cia. das Letras).
O volume marca também o lançamento da Máquina de Livros. Voltada para o segmento de não ficção, a editora tem em seu DNA o senso de oportunidade na escolha dos temas, característica trazida do jornalismo por seus diretores, Bruno Thys e Luiz André Alzer. “A realidade é um inesgotável manancial de conteúdo. As histórias estão no dia a dia e nossa tarefa é, a partir das demandas do leitor, escolher as que serão trabalhadas. O leitor é o nosso único guia nesta jornada”, diz Bruno.
O lançamento de "A Farra dos Guardanapos" no Rio será no dia 8 de agosto, a partir das 19 horas, na Livraria Blooks (Praia do Botafogo, 316, fone 21-2237-7974).
Até lá, seu autor vai estar envolvido no estafante trabalho de divulgação da obra. A tarde de segunda-feira, 23 de julho, por exemplo, foi inteiramente dedicada a conversas com colegas dos principais jornais do Rio. "Tomei não sei quantos cafezinhos", diz Silvio, que mesmo assim arranjou tempo para responder a algumas perguntas sobre esse seu primeiro livro - e sobre o futebol, uma área que ele domina como ninguém
Quanto tempo demorou para escrever o livro?
A produção levou seis meses. Com entrevistas e a preparação dos capítulos. O livro ia ficar maior (tem 176 páginas), mas cortamos (eu e os editores) histórias que fugiam um pouco do tema.
Quantas entrevistas você fez?
Eu trabalhei com um pesquisador, Roberto Lucio, também jornalista. Dividimos uma parte importante desse processo. Ao todo, cerca de 40 entrevistas. Com vários comensais presentes ao banquete na Champs-Elysées e outras pessoas que circulavam por Paris no dia da festa, e faziam parte direta ou indiretamente da comitiva de Sérgio Cabral, mas que não foram convidadas para o jantar. Também houve a colaboração indispensável de assessores de Imprensa das celebridades que participaram da farra.
Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Surgiu dos editores Bruno Thys e Luiz André Alzer. Jornalistas de currículo extenso, perceberam que havia uma grande pauta flutuando: contar em detalhes a noite que simbolizaria, mais tarde, o apogeu e a queda de Sérgio Cabral. As primeiras críticas têm sido favoráveis. Ficaria feliz se os seus leitores internautas lessem e comentassem. O livro já está na maioria das livrarias e também em sites específicos de comércio de livros. O email da editora é www.maquinadelivros.com.br .
O que mudou no Rio sem o Cabral?
Nada, suponho.
O que você anda fazendo, pretende escrever outro livro?
Atualmente sou colaborador do Portal Terra, no Rio. Esse livro acaba de ser publicado. Estou ainda sob a ansiedade desse lançamento. É meu primeiro livro. Tenho várias ideias. Ainda vagas. A preferência é por livros semelhantes, de reportagem.
E o futebol brasileiro, tem alguma chance de voltar a ser o melhor do mundo?
É preciso uma mudança profunda. A começar pela entidade maior, a CBF, envolvida em escândalos de corrupção há vários anos. A CBF contamina o futebol nacional e isso tem reflexo direto no dia a dia dos clubes e das federações estaduais de futebol - também entidades que representam o atraso e alimentam uma relação promíscua com a CBF e os clubes. Varrer o modelo vigente de gestão do nosso futebol seria o primeiro passo.