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Motta

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Tela cheia

Megaexposição de Durval Pereira vai rodar o país

14 de Maio de 2018, 17:22 , por segundo clichê - | No one following this article yet.
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Uma exposição sobre Durval Pereira, um dos maiores pintores impressionistas e paisagistas do país, está rodando o país. A mostra já passou por Recife e agora está em Ouro Preto, onde fica até o dia 30 de junho, antes de ir para São Paulo e Brasília. A Exposição Sesi Durval Pereira - Impressões Brasileiras/100 anos, é a mais significativa já montada sobre a vida e a obra desse artista que ganhou vários prêmios internacionais e nacionais. São cerca de 220 telas reunindo a experiência artística do paulista e sua importância para a arte brasileira. O evento, gratuito, é uma realização do Instituto Origami e tem o patrocínio do Sesi.

A curadoria da exposição ficou a cargo do arquiteto e pesquisador Lut Cerqueira. “A mostra é muito mais do que um resgate da memória de Durval Pereira, ou da sua obra e do seu reconhecimento como um dos maiores artistas brasileiros do Século XX.  É o caminho, dentre tantos que o artista percorreu pelo Brasil afora, de reaproximá-lo daquilo que ele mais amava: o público apreciador da verdadeira arte”, observa.


Com mais de 25 anos de experiência profissional, Cerqueira passou mais de dois anos mergulhado na obra de Durval Pereira. Seu desafio era trazer à tona a obra de um artista premiado, mas que foi praticamente esquecido após sua morte, em fevereiro de 1984. “São mais de 30 anos de um quase completo esquecimento. Então, aproveitamos o centenário de nascimento dele para reapresentá-lo ao público”, diz.

A exposição em Ouro Preto se encerra no dia 30 de junho, quatro dias depois do centenário de Durval Pereira, que nasceu em São Pulo no dia 26 de junho de 1918. " É uma feliz coincidência estarmos em Ouro Preto nessa data tão significativa", comemora Lut Cerqueira.  A exposição é mais uma forma de homenagear esse extraordinário pintor considerado  o maior artista plástico brasileiro do século XX.


Ao longo de sua trajetória, Pereira foi reconhecido e premiado pela crítica mundial como um dos principais impressionistas contemporâneos e um dos maiores paisagistas de todos os tempos. Em 1983, conquistou o primeiro prêmio da III Biennale Mondiale des Métiers D’Art, em Nice (França). Foi presença constante nos melhores Salões de Arte do mundo e muitas de suas telas podem ser encontradas em acervos da Alemanha, Itália, Espanha, Suécia, África do Sul e países da América Latina. No Museu dos Independentes, na França, está ao lado de nomes consagrados, como Manet, Gauguin, Toulousse-Lautrec, Matisse, Van Gogh, Cézanne e Degas. No Brasil, participou de inúmeras exposições e sua obra também faz parte de importantes coleções de edifícios públicos brasileiros (Palácio da Alvorada e do Itamaraty, por exemplo), além de acervos particulares.


O pintor paulistano tinha paixão por Ouro Preto e se inspirou por diversas vezes na arquitetura histórica da cidade. Ele costumava dizer que cada vez que ia a Ouro Preto, encontrava novos motivos e novas alegrias. As viagens ao interior de Minas Gerais começaram ainda no início de sua carreira como pintor, na década de 1940. Pereira admirava o estilo colonial de cidades mineiras como Mariana, Diamantina, Tiradentes e São João Del Rey.

As viagens por Minas Gerais duravam no mínimo uma semana e o percurso era feito de ônibus, com grupos de artistas e até mesmo sozinho. Geralmente as telas eram pintadas in loco, sobre seu cavalete, sempre observado pelos curiosos que se surpreendiam com sua habilidade e rapidez em retratar os cenários. Foi também nessa época que Durval começou a pintar suas famosas “manchinhas”, quadros pequenos que utilizava como rascunhos para posteriormente, de volta ao ateliê em São Paulo, serem reproduzidos em tamanhos maiores.


Os cerca de 220 quadros serão expostos em quatro lugares no centro histórico de Ouro Preto: Casa dos Contos, Anexo do Museu da Inconfidência, Grêmio Literário Tristão de Ataíde e Centro Cultural e Turístico do Sistema FIEMG. A ideia é que o visitante passeie pela cidade reconhecendo as paisagens que inspiraram Durval Pereira. É a primeira vez na história de Ouro Preto que um mesmo artista ocupará, simultaneamente, quatro dos mais importantes espaços expositivos da cidade.


"A paixão de Durval Pereira por Ouro Preto era tamanha, que desde o início do projeto não conseguíamos imaginar a sua realização em terras mineiras, senão ali. Tivemos grandes dificuldades em relação ao tamanho dos espaços expositivos da cidade, que são reduzidos, em relação ao de outras praças por onde iremos excursionar, mas conseguimos viabilizar a exposição", explica o curador.


A mostra apresenta as diversas fases e temáticas das pinturas de Durval, como casarios, paisagens, retratos, naturezas-mortas, entre raros exemplares de abstrações produzidos a partir da década de 1970. Além da obra física, os visitantes também irão conhecer a vida e história do artista, e poderão fazer um passeio virtual por dentro das telas, com interatividade e experiência em 3-D.
 

CASARIOS - A expedição pelo universo de Durval Pereira começa pelos tons de ocre, do amarelo esmaecido aos laranjas intensos, que se destacavam na mais constante temática de sua obra: os casarios das cidades coloniais mineiras e também ao Sul do Brasil, onde obras importantes retratam as ruínas das igrejas jesuítas das Missões, no Rio Grande do Sul.

A partir da década de 1970, Durval encontrou um novo cenário dentro da temática dos casarios: a Favela do Buraco Quente, que ficava perto de sua casa, na Mooca. Os quadros retratavam, com a mesma força dos espatulados e um colorido ainda mais inusitado, a vida simples e a estrutura frágil deste ambiente tipicamente brasileiro.


LITORAL - As viagens de Durval Pereira seguem rumo ao litoral brasileiro. Nas marinhas e paisagens litorâneas acontece a explosão dos azuis, resultado de intenso trabalho de pesquisa e conhecimento das técnicas de mesclagem de cores. Suas marinhas se tornaram inconfundíveis pela sensação de movimento, pela intensidade cromática e experiências sensoriais que são capazes de transmitir.

As paisagens mais constantes eram de cidades do litoral paulista, como Santos e Itanhaém, onde costumava passar finais de semana. Também existem obras pintadas em Itapema, no estado de Santa Catarina, praias do litoral fluminense e do Nordeste, em especial, as que retratam cenas de jangadas e puxadas de rede. Do exterior, há paisagens litorâneas de Cascais, em Portugal.


Além desses “rascunhos”, em todas as viagens, seja qual fosse o destino ou os cenários a serem pintados, Durval voltava sempre com centenas de fotos, a ponto de ter percebido a necessidade de aprender a revelar os filmes e montar um estúdio de revelação em casa. Esses registros fotográficos eram utilizados como referências para as telas, sendo que havia uma total licença criativa na concepção das paisagens, com a inserção e exclusão de elementos, distorção de perspectivas e alterações significativas no próprio objeto a ser pintado.


NAUFRÁGIOS - Durval Pereira tinha interesse especial por naufrágios. Então, não era raro que embarcações ancoradas no porto, na beira da praia, fossem recriadas como encalhadas ou navios abandonados. Também observa- se a nítida preferência por cenas do entardecer, crepusculares, em dias cinzentos e com mar agitado, em vez de cenas solares, como poderiam ser originalmente as paisagens.


A bordo do seu Ford Landau, quando partia pela estrada caminho das cidades mineiras e do litoral brasileiro (destinos mais constantes) em busca de inspiração e novos cenários para suas telas, o contato com diversos tipos de paisagens e personagens rurais ao longo de cada percurso era inevitável.  Esses ambientes eram ainda mais bucólicos que as marinhas e casarios, traduzindo a vida e o trabalho do homem do campo. Os diversos matizes de verde aqui ganham força nas telas de Durval, sendo que, na maioria das vezes, as cenas pintadas eram de casebres avistados ao longo do caminho ou das próprias paisagens montanhosas. Assim, era constante a presença de personagens característicos da zona rural, em sua lida diária - gente simples, lavradores com feixes de lenha, lavadeiras à beira do rio, tropeiros e boiadeiros, uma paixão especial.


Além de percorrer grande parte do interior de Minas e São Paulo, onde as montanhas dominavam o horizonte, Durval chegou também ao Mato Grosso, cujas paisagens eram grandes planícies e campos abertos. Tambaú, cidade próxima a Ribeirão Preto, era uma das suas paradas preferidas, a caminho do Centro-Oeste.


Apesar da paixão por Ouro Preto e seus casarios históricos, ou da força sensorial e pictórica de suas marinhas, são as boiadas, carros-de-boi e boiadeiros, talvez, os trabalhos mais premiados de Durval Pereira. São peças de destaque dentro do acervo de sua obra e algumas das telas mais aclamadas pela crítica.

Os tons vibrantes e uma explosão intensa de cores surgem nas mesas fartas e coloridas das naturezas-mortas de Durval Pereira. Nas generosas talhadas de abóbora, verduras, frutas, peixes e tachos de cobre, assim como em exuberantes arranjos orais, sempre com pinceladas fortes, densas, mas, ao mesmo tempo, de uma suavidade que surpreendem o espectador.


As cenas, principalmente florais, eram geralmente montados em sua própria casa, com objetos encontrados ali mesmo. Não é difícil identificar, nas obras de natureza-morta do acervo, vasos que se repetem, arranjos de flores que foram rearrumados, o que só evidencia a habilidade criativa de Durval Pereira, pois resultam em obras únicas e completamente distintas, umas das outras.


Durval Pereira foi, sem dúvida alguma, um artista fora de seu tempo. Um Impressionista legítimo e aclamado pela crítica mundial, e, posteriormente, expressionista, numa época em que o mercado de arte tinha seus olhos voltados para o abstracionismo.
 

Serviço
Ouro Preto


De 4 de maio a 30 de junho de 2018
Casa dos Contos de Ouro Preto
Rua São José, 12
Terça a sábado, das 10h às 16h45.
Domingos e feriados, das 10h às 14h45.
Anexo do Museu da Inconfidência
Praça Tiradentes, 139
Terça a domingo, das 10h às 17h30.
Grêmio Literário Tristão de Ataíde
Rua Paraná, 136
Segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 18h.
Sábados - 9h às 12h.
Centro de Cultural e Turístico do Sistema FIEMG
Praça Tiradentes, 4
Segunda a sexta, das 9h às 19h.
Site da Exposição:
www.expodurvalpereira.com
Fanpage:
facebook.com/expodurvalpereira

Fonte: http://segundocliche.blogspot.com/2018/05/megaexposicao-de-durval-pereira-vai.html

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