Marcelo P. F. Manzano
Mas ao contrário do que pode sugerir à primeira vista, em realidade os números divulgados pelo IBGE revelam um quadro bastante preocupante que aponta para elevada contração do principal componente da demanda agregada: os investimentos (FBCF) caíram 0,7% no trimestre, fazendo a taxa de investimento declinar para o menor nível desde o ano 2000 (15,5%).
Outra constatação nada alentadora e que em grande medida explica a baixíssima taxa de investimento é o desempenho da produção industrial, que registrou queda tanto na comparação com o primeiro trimestre de 2017 (-0,5%) quanto naquela que considera o mesmo trimestre de 2016 (-2,1%). Ainda pela óptica da oferta, na passagem do primeiro para o segundo trimestre do ano, nem mesmo a agricultura ajudou (0,0%) e apenas o setor de serviços, com crescimento de 0,6% foi capaz de garantir um mínimo impulso à economia.
No cômputo geral, portanto, o que se deve ter em mente é que a economia brasileira não apenas permanece estagnada, “sobrevivendo por aparelhos” – notadamente a injeção de recursos do FGTS e a demanda externa favorável –, mas que persistem algumas indicações qualitativas muito preocupantes, visto que os componentes cruciais da economia (a indústria, pela óptica da oferta, e o investimento, pela óptica da despesa) seguem em trajetória cadente. (Fundação Perseu Abramo)