Por Redação, com Reuters – do Rio de Janeiro:
A nova etapa da operação Lava Jato como parte de investigações sobre contratação de navio sonda pela Petrobras e concessão de empréstimos milionários em benefício de políticos foi deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, de acordo com uma fonte da PF, foi preso preventivamente o pecuarista José Carlos Bumlai, ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bumlai foi preso em um hotel de Brasília nesta manhã na 21ª fase da Lava Jato, que ganhou o nome Passe Livre. O pecuarista tinha depoimento previsto na CPI do BNDES nesta terça-feira.

Um dos delatores da Lava Jato, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, disse em depoimento às autoridades que pagou R$ 2 milhões a Bumlai, que seria destinado a uma nora de Lula, segundo reportagens publicadas por jornais em outubro.
Além disso, Baiano teria dito em seu acordo de delação que Lula se reuniu com Bumlai e com João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, para tratar de negócios intermediados pelo lobista em nome do grupo OSX, de acordo como reportagem do jornal O Estado de S.Paulo no mês passado.
A Receita Federal, que atua junto à PF na operação, informou que a nova etapa da Lava Jato investiga empréstimos de grandes valores por parte de instituições financeiras em benefício de agentes políticos, sem serem cobrados até que ocorressem pagamentos simulados ou o perdão pelas próprias instituições.
Em alguns casos, os investigados serviram como intermediários em repasses de valores a terceiros, supostamente atendendo a interesses de agentes políticos, segundo a Receita.
– Nesta etapa apura-se o envolvimento de um dos maiores fazendeiros do Mato Grosso do Sul e de membros de sua família, pecuaristas e empresários do ramo de açúcar, álcool e energia, como intermediários para a movimentação desses valores – informou a Receita, em aparente referência a Bumlai.
– As ações visam a encontrar, entre outros, elementos que possam relacionar a quitação de empréstimo de R$ 12 milhões concedido em 2004 ao principal investigado e a contratação pela Petrobras em 2009 de empresa de engenharia vinculada à instituição financeira credora, para operação de navio sonda.
Também serão apurados empréstimos concedidos pelo BNDES a empresas do grupo familiar investigado, disse a Receita.
De acordo com a Polícia Federal, 140 policiais e 23 auditores fiscais cumpriram nesta terça-feira 25 mandados de busca e apreensão, 6 de condução coercitiva e 1 de prisão preventiva nas cidades de São Paulo, Lins (SP), Piracicaba (SP), Rio de Janeiro, Campo Grande, Dourados (MS) e Brasília como parte da nova etapa da Lava Jato.
– As investigações concentradas nesta fase partem da apuração das circunstâncias de contratação de navio sonda pela Petrobras com concretos indícios de fraude no procedimento licitatório – disse a PF em nota.
Segundo a polícia, as investigações descobriram medidas complexas de engenharia financeira usadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a destinação de valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da Petrobras.
A operação Lava Jato investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras e em outros órgãos da administração pública, com o envolvimento de empreiteiras que formaram um cartel para obter contratos e pagavam propina a funcionários das companhias, a operadores que lavavam o dinheiro do esquema, e a políticos e partidos.