As explicações dos empresários não convenceram o usuário dos meios de transporte no país, que realizam protestos contra um dos piores níveis de qualidade do mundo
Por Redação, com Sputnik-Brasil – do Rio de Janeiro
Enquanto as maiores cidades do país vivem novos protestos após o aumento no preço das passagens, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) alega que a qualidade dos serviços poderia piorar muito se os preços das passagens não fossem corrigidos. De acordo com levantamento da NTU, 25 cidades já anunciaram aumentos nas tarifas de ônibus e metrôs para este ano, com índices médios que variam de 8% a 13%, dependendo da praça.

Para a instituição patronal, a escalada da inflação, a alta do preços dos combustíveis e o represamento tarifário dos anos anteriores justificariam os reajustes.
— Muitos municípios não deram reajuste em 2015 e isso causou uma pressão nas empresas que até comprometeu a renovação das frotas. Além disso, o aumento da inflação e dos combustíveis ao longo do ano passado elevou muito o custo da operação — alega o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha.
As explicações dos empresários, porém, não convenceram o usuário dos meios de transporte no país, que tem um dos piores níveis de qualidade do mundo. A ponto de os protestos do Movimento Passe Livre (MPL) contra o reajuste da tarifa de ônibus, trens e metrô terminaram em confronto, na noite desta sexta, 8, entre agentes do Movimento Blackblock e das Policias Militares, nos centros de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O tumulto deixou um rastro de destruição pelas ruas, com focos de incêndio, ônibus depredados e agências bancárias atacadas. Até as 21 horas, havia um PM e um manifestante feridos — duas pessoas foram detidas. Neste sábado, 9, a passagem sobe de R$ 3,50 para R$ 3,80.
Protestos diários
A manifestação, com 10 mil pessoas, segundo a organização, se concentrou às 17 horas na frente do Teatro Municipal, a poucos metros da Prefeitura. A passeata começou uma hora depois.
O protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro também terminou em confronto entre alguns manifestantes e a Polícia Militar (PM) nesta sexta-feira, na Central do Brasil, centro da capital fluminense.
A confusão começou no fim da tarde e a entrada da Central chegou a ser fechada por alguns minutos. Por volta das 21h, o cenário do lado de fora da estação era de guerra, com objetos queimados e novo confronto entre a cavalaria da PM e manifestantes. Alguns participantes do protesto foram detidos.
O tumulto começou quando bombas caseiras foram atiradas por manifestantes na Avenida Presidente Vargas. Eles também jogaram pedras nas instalações da Guarda Municipal e nos guardas que estavam no interior do prédio, que fica em frente à estação de trens. A polícia respondeu com bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio.
O ajuste tarifário das passagens não foi o único tema abordado nos protestos. A defesa do direito de manifestação, os gastos públicos com as Olimpíadas e a violência policial também foram assuntos criticados em cartazes, músicas e palavras de ordem durante a manifestação.